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Na Colômbia, Duque age rápido e obtém apoio da oposição

Presidente é elogiado por medidas duras contra pandemia; país entra em quarentena total a partir da meia-noite de amanhã
Visão aérea de avenidas desertas de Bogotá nesta segunda-feira Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
Visão aérea de avenidas desertas de Bogotá nesta segunda-feira Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP

BOGOTÁ - Em 15 de março, nove dias após a confirmação do primeiro caso de coronavírus na Colômbia, o presidente Iván Duque fez um pronunciamento em rede nacional para pedir aos colombianos que se unam para combater a doença. Ele classificou a pandemia como “um dos maiores desafios da nossa história” e pediu para que a população "não se deixe levar pelo pânico”.

Até então, o país de 50 milhões de habitantes — um quarto da população do Brasil —, computava 45 casos confirmados de coronavírus e nenhuma morte. Até o fim da tarde de ontem, porém, já eram 277 infectados e três mortos, um em Cartagena das Índias, um em Cali e um em Santa Marta.

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Apesar do avanço do vírus em solo colombiano, os anúncios de contenção do governo federal, ao contrário do Brasil, não tardaram a chegar. Iván Duque anunciou, dez dias depois de confirmado o primeiro caso, o fechamento de escolas públicas e particulares em todo o país, restringiu a entrada de estrangeiros vindos de qualquer lugar do mundo e fechou a fronteira com a Venezuela, de onde diariamente chegam mais de 4.500 pessoas no país. No dia seguinte, o presidente decretou o fechamento de todas as fronteiras terrestres e marítimas e anunciou quarentena obrigatória para os maiores de 70 anos.

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Na última sexta-feira, com respaldo dos principais prefeitos do país e até de alguns de seus opositores, o presidente anunciou quarentena total na Colômbia por 19 dias a partir da meia-noite de amanhã. Pouco depois, falou ao telefone com Gustavo Petro, líder da oposição e segundo colocado nas eleições presidenciais de 2018, um dos maiores críticos ao governo.

Ações econômicas

Petro demonstrou apoio à decisão tomada pelo governo, mas cobra ações econômicas mais enérgicas para proteger os mais pobres durante o período de quarentena, que a princípio vai até o dia 13 de abril.

Dias antes do anúncio de quarentena total, Duque foi alvo de panelaços em várias regiões do país ao anunciar que concentraria a nível federal as decisões para conter o avanço do vírus. Isso significou que qualquer decisão tomada por prefeitos e governadores, como toque de recolher e quarentenas-teste, a exemplo do que acontece em Bogotá desde a última sexta-feira, deveria ser previamente combinada com o governo federal. Houve críticas por um temor de que a medida anulasse as decisões tomadas por dirigentes locais e deixasse assim desprotegida a população de cada departamento. No entanto, o governo respaldou as decisões tomadas em várias regiões como Bogotá, onde as ruas já estão vazias.

Apesar de as medidas serem consideradas positivas, há grande preocupação no país de que o sistema de saúde não dê vazão ao número de infectados. Em hospitais de grandes cidades como Medellín, já houve relatos de número insuficiente de material de proteção para os médicos. Na cidade de Cúcuta, fronteiriça com a Venezuela e que só conta com um hospital de grande porte, também há reclamações de que faltam insumos e que podem faltar leitos para os infectados pela Covid-19.