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Premier espanhol promete diálogo sobre Catalunha em troca de apoio no Congresso

Pedro Sánchez telefonou nesta terça-feira para o líder regional catalão, Quim Torra
Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante cúpula da União Europeia em Bruxelas Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP/12-12-2019
Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante cúpula da União Europeia em Bruxelas Foto: KENZO TRIBOUILLARD / AFP/12-12-2019

MADRI– O primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez , concordou nesta terça-feira em se encontrar com o líder regional da Catalunha se for confirmado pelo Congresso como premier, em uma votação na qual os separatistas devem desempenhar um papel crucial.

De acordo com seu gabinete, Sánchez disse em um telefonema ao chefe de governo da Catalunha, Quim Torra , que tentará promover o diálogo e reduzir tensões na região caso obtenha o aval do Congresso para formar um governo, após meses de impasses políticos e duas eleições inconclusivas neste ano.

O telefonema, que durou em torno de 15 minutos, marca a primeira vez que Sánchez e Torra conversaram após o premier do Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) se recusar em várias ocasiões em outubro a atender as ligações do líder pró-independência, argumentando que ele não condenara as manifestações violentas separatistas em Barcelona.

Os protestos se intensificaram em outubro, depois que o Supremo da Espanha sentenciou nove líderes separatistas a longas sentenças de prisão por sua atuação na tentativa frustrada de independência da Catalunha, em 2017.

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A retomada de conversas acontece no momento em que o futuro político de Sánchez depende dos separatistas catalães. O Psoe já firmou um acordo de coalizão com o Podemos, de esquerda, mas os dois partidos juntos não têm a maioria do Congresso. Para que a coalizão assuma, precisa que partidos menores ao menos se abstenham na votação, já que as forças de direita votarão contra a coalizão.

O PSOE tem negociado com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que não é o partido de Torra, para pedir sua abstenção. O ERC tem condicionado seu apoio ao início de negociações entre a Espanha e o governo da Catalunha sobre a questão de independência da região. Até agora, nenhum acordo foi feito, mas uma das exigências do ERC era que Sánchez telefonasse para Torra, em um gesto de boa fé.

O Podemos, ao contrário dos socialistas, apoia um referendo sobre a independência da região. Juntos, os dois partidos têm 155 assentos na Câmara de 350 cadeiras, o que dá aos 13 parlamentares do ERC um papel crítico.

Sánchez e Torra não se encontram há mais de um ano e conversas entre Madri e o governo catalão fracassaram em fevereiro. "A vontade [...] é encontrar uma resposta a esta crise política", afirmou o gabinete de Sánchez em um comunicado.