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Presidente interina da Bolívia diz que está com o novo coronavírus

Jeanine Áñez diz que se sente bem, mas que ficará isolada por no mínimo duas semanas para não infectar outras pessoas; número dois do regime da Venezuela também está com Covid-19
Jeanine Áñez, presidente interina da Bolívia Foto: ANDREA MARTÍNEZ / REUTERS/28-1-2020
Jeanine Áñez, presidente interina da Bolívia Foto: ANDREA MARTÍNEZ / REUTERS/28-1-2020

LA PAZ - Jeanine Áñez, a presidente interina da Bolívia, afirmou nesta quinta-feira que está infectada com o novo coronavírus e que, por conta disso, irá se isolar durante duas semanas para não transmitir o vírus a outras pessoas.

— Junto da minha equipe, estive trabalhando durante toda esta crise. E, dado que, durante a última semana, muitos deles deram resultado positivo, fiz um exame, que deu positivo para o novo coronavírus. Fiz então um segundo teste e também deu positivo  — afirmou Áñez em um vídeo postado em uma rede social.

A presidente interina disse que irá ficar em quarentena por 14 dias, até fazer um novo exame para saber se permanece com o vírus. Ela não disse se apresenta sintomas, mas afirmou estar bem.

— Sinto-me bem, sinto-me forte, e vou seguir trabalhando de maneira virtual, do meu isolamento. Quero agradecer a todos os bolivianos que trabalham para sairmos desta crise sanitária que enfrentamos. Juntos sairemos dela  — afirmou Áñez, de 53 anos.

Ela tomou posse em circunstâncias costestadas, depois da renúncia de Evo Morales sob pressão militar, em novembro de 2019, e é candidata às eleições presidenciais de 6 de setembro. O pleito estava marcado para maio, mas foi adiado por causa da pandemia. O candidato de Morales, o ex-ministro da Economia Luis Arce, lidera as pesquisas, seguido do ex-presidente Carlos Mesa.

A confirmação da contaminação de Ánez acontece uma semana depois de a ministra da Saúde da Bolívia, María Eidy Roca, anunciar que havia tido resultado positivo para o coronavírus. O governo boliviano confirmou que pelo menos sete ministros estão com a Covid-19, em tratamento ou se recuperando em casa.

Antes de Áñez, ao menos outros sete chefes de Estado ou de governo já foram infectados pelo coronavírus, sendo o mais recente deles o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

A Bolívia tem cerca de 11,5 milhões de habitantes e registrou mais de 42 mil casos confirmados de Covid-19 e 1.500 mortes, sendo um dos países mais afetados do mundo em números per capita.

Também nesta quinta-feira, Diosdado Cabello, segundo homem mais poderoso do regime da Venezuela, afirmou que teve diagnóstico positivo para Covid-19 e que por isso está em isolamento. Pouco após Cabello dizer que estava doente, Nicolás Maduro afirmou na televisão venezuelana que Cabello precisará de vários dias de tratamento e de recuperação, mas que "ele já está descansando e está bem".

Cabello, militar de 57 anos aposentado, é  vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), além de chefe da Assembleia Constituinte, e é considerado uma das figuras mais influentes do partido no poder há mais de duas décadas.

"Meu resultado de Covid-19 deu positivo, desde já estou isolado seguindo o tratamento indicado, obrigado por seus bons votos, estou com o moral alto. Vamos vencer!", escreveu Cabello no Twitter.

Maduro também disse que o governador do estado de Zulia, Omar Prieto, cuja região emergiu como o principal foco da Covid-19 na Venezuela, também está com o novo coronavírus.

Já foram registrados mais de 8 mil casos e de 75 mortes por Covid-19 na Venezuela, de acordo com os dados oficiais mais recentes publicados na quarta-feira.

Saiba quais outros líderes já se infectaram

Antes de Áñez  e de Bolsonaro se infectarem, o premier britânico, Boris Johnson, chegou a passar três noites em uma UTI, em abril, depois de seu exame dar positivo para o vírus. O líder do Reino Unido elogiou os profissionais do sistema público de saúde ao ter alta e se curar da doença.

O herdeiro do trono britânico, príncipe Charles, também contraiu Covid-19 e cumpriu a quarentena em sua residência na Escócia. Ao se manifestar, disse que estava com sintomas leves, mas classificou a experiência como "angustiante".

Também em abril, o primeiro-ministro de Guiné Bissau, Nuno Nabiam, anunciou ter sido contaminado, embora estivesse bem e seguindo as orientações médicas. A divulgação, segundo ele, tinha o intuito de alertar a população sobre a pandemia.

Antes deles, em março, o príncipe de Mônaco, Albert II, foi diagnosticado com Covid e permaneceu em isolamento em casa. Ele não apresentou complicações. O premier do principado, Serge Telle, também teve a doença.

Já o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi hospitalizado no último dia 17. Um dia antes o governante anunciou, na televisão, que os testes dele e de sua mulher, Ana García, e de mais dois assessores deram positivo para o coronavírus. Ele ficou duas semanas internado com uma pneumonia.

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pachinian, comunicou no início de junho que havia sido infectado pelo coronavírus, assim como toda sua família. O anúncio foi feito por meio de um vídeo em sua página no Facebook. Na ocasião, ele disse que não apresentava "sintomas visíveis" e que continuaria trabalhando de casa enquanto possível.

Outra autoridade a contrair a doença foi o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin. Ele ficou de quarentena e foi afastado, em abril, das suas atividades no governo, cujo chefe de Estado é o presidente Vladimir Putin.