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Trump anuncia suspensão de contribuições à OMS

Presidente, que já havia ameaçado cortar a verba na semana passada, acusou a organização de 'defender a China' e de 'falhar' no combate ao coronavírus
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante briefing diário na Casa Branca Foto: LEAH MILLIS / REUTERS
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante briefing diário na Casa Branca Foto: LEAH MILLIS / REUTERS

WASHINGTON — O presidente americano, Donald Trump, concretizou nesta terça-feira uma ameaça feita na semana passada : a suspensão das contribuições dos EUA à Organização Mundial de Saúde (OMS), que hoje coordena os esforços globais contra o coronavírus.

— Hoje (terça-feira) estou instruindo meu governo a suspender o financiamento à Organização Mundial de Saúde enquanto uma revisão está sendo conduzida para examinar o seu papel na má gestão e acobertamento da propagação do coronavírus — afirmou Trump, durante um dos tensos e diários briefings na Casa Branca.

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Nos jardins da Casa Branca, Trump disse que a OMS "fracassou em seus deveres básicos e deve ser responsabilizada". Além disso, ele acusou a organização de "defender as ações do governo chinês, inclusive elogiando a sua assim chamada transparência". Curiosamente, o próprio Trump elogiou as ações de Pequim, em postagem no Twitter no dia 24 de janeiro, inclusive ressaltando a transparência do governo local.

— Os contribuintes americanos pagam entre US$ 400 e US$ 500 milhões por ano à OMS. Por outro lado, a China paga o equivalente a US$ 40 milhões — disse o presidente. Segundo números da organização, os EUA contribuíram com US$ 400 milhões em 2019 e US$ 56 milhões em 2020, enquanto a China, segundo país na lista, desembolsou US$ 28,7 milhões

Ameaça e avaliação

Na semana passada, Trump ameaçou suspender a verba e, pouco depois, disse que não havia feito tal ameaça, mas sim que iria " submeter a OMS "a uma avaliação sobre sua resposta à pandemia, considerada "falha" pelo presidente. O maior ponto de atrito talvez tenham sido as críticas iniciais da OMS ao fechamento de fronteiras e suspensão de viagens. Pouco depois, os EUA restringiram as viagens para a China.

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"A OMS estragou tudo. Por alguma razão, embora financiada em grande parte pelos Estados Unidos, [a OMS] está muito centrada na China. Nós daremos uma boa olhada. Felizmente, rejeitei o conselho deles de manter nossas fronteiras abertas à China desde o início. Por que eles nos deram uma recomendação tão falha?", escreveu Trump no Twitter, na semana passada.

Em pronunciamento, sem mencionar o presidente americano, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "agora não é o momento" de reduzir o financiamento.

"Agora é a hora de união e da comunidade internacional trabalhar em conjunto, de forma solidária, para parar o virus e suas consequências destruidoras", afirmou Guterres.

Na quarta-feira passada, um dia depois da ameaça de Trump, o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, disse que qualquer corte de investimentos seria "desastroso" e defendeu a cooperação com as autoridades chinesas.

— Foi absolutamente crucial na parte inicial desta epidemia ter acesso total a tudo que fosse possível, ir até lá e trabalhar com os chineses para entender isso – disse também o canadense Bruce Aylward, líder da equipe da OMS que visitou Wuhan, berço do novo coronavírus . —  Foi isso que nós fizemos em todos os outros países que foram duramente atingidos [pela Covid-19], como a Espanha. Não teve nada a ver com a China especificamente.

Em fevereiro, a OMS fez um apelo para que todos os países, especialmente os mais ricos, contribuíssem com cerca de US$ 1 bilhão para financiar as ações contra o coronavírus.