Trump desiste de isolar Nova York frente à pandemia do coronavírus
Mais cedo, governador criticou presidente e disse que fechar estado seria 'contraproducente e antiamericano'; país tem mais de 121 mil casos e 2 mil mortes
O Globo e agências internacionais
28/03/2020 - 13:32
/ Atualizado em 08/04/2020 - 15:21
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva diária da força-tarefa da Casa Branca contra o Covid-19 Foto: JONATHAN ERNST / REUTERS
WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump
, desistiu da possibilidade de isolar por duas semanas Nova York, epicentro da
pandemia do novo coronavírus
, no país. Mais cedo, o presidente havia cogitado a hipótese, mas foi criticado pelo governador Andrew Cuomo, que afirmou que fechar Nova York seria 'contraproducente e antiamericano".
Nova York é, hoje, o estado dos EUA mais afetado pela pandemia de Covid-19: até a tarde deste sábado, havia 52.318 casos da doença registrados, com 728 mortes. Com isso, os casos no país ultrapassaram os 121 mil,
mais que qualquer outra nação
, com mais de 2 mil mortos.
"Um isolamento não será necessário", escreveu o presidente no Twitter cerca de oito horas depois de levantar a possibilidade.
Mais cedo, na Casa Branca, o presidente havia cogitado a medida, que poderia, inclusive, ser estendida a Nova Jersey e partes de Connecticut.
— Nós estamos pensando em algumas coisas. Algumas pessoas gostariam de ver Nova York isolada porque é um epicentro. Nós não temos que fazer isso, mas há a possibilidade de fazermos hoje, em algum momento, uma quarentena curta, duas semanas, em Nova York — disse, na manhã de sábado, se referindo a um cordão sanitário.
Trump discursava na Casa Branca ao mesmo tempo que Cuomo dava uma entrevista coletiva. O governador confirmou que havia conversado com o presidente pela manhã, mas disse que os dois não discutiram a ideia de isolamentoa. Desde o dia 20 de março, o estado está sob quarentena.
— Eu nem sei o que isso significa — disse ao ser questionado. — Não sei como isso pode ser legalmente aplicável.
Rua vazia em Wuhan, na província central de Hubei, na China, primeiro epicentro do novo surto de coronavírus Foto: STR / AFP
A Praça Sergels, em Estocolmo, na Suécia Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Ônibus públicos estacionados em uma estação, em Bogotá, na Colômbia Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
O vazio Kungstradgarden, em Estocolmo, Suécia Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Barqueiros à espera de passageiros, atracados na margem de um rio durante confinamento imposto pelo governo em Daca, Bangladesh Foto: MUNIR UZ ZAMAN / AFP
Praça Plaza Grande vazia, com o palácio presidencial de Carondelet, em Quito, no Equador Foto: RODRIGO BUENDIA / AFP
Ponte do rio Wuhan Yangtze vista à noite, em Wuhan na China Foto: STR / AFP
Praia de Miami Beach, Flórida, deserta em 20 de março Foto: CHANDAN KHANNA / AFP
Pessoas que ainda desfrutam da Praia do Diablo, no Rio de Janeiro, Brasil Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Motoristas atravessam o México dos Estados Unidos através do ponto de entrada El Chaparral, durante a pandemia de coronavírus, em San Diego, Califórnia Foto: Sean M. Haffey / AFP
Mesquita Omar Ali Saifuddien, em Bandar Seri Begawan Foto: DEAN KASSIM / AFP
Estradas desertas durante um bloqueio nacional imposto pelo governo como medida preventiva contra a COVID-19, em Nova Délhi Foto: PRAKASH SINGH / AFP
Praça de touros de Santamaría, em Bogotá Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
A Plaza de Armas, em Santiago, Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
Ponte das Sete Milhas, em Key West, Flórida. Maioria dos turistas deixou a cidade , que fechou fechou hotéis ou aluguéis de férias de curto prazo e pediu que os restaurantes apenas servissem comida para viagem. Praias e parques também foram fechados Foto: JOE RAEDLE / AFP
Vista aérea mostra área vazia de azulejos brancos ao redor da Kaaba na Grande Mesquita de Meca Foto: BANDAR ALDANDANI / AFP
O Kungstradgarden, em Estocolmo Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Monumento da Revolução, na Cidade do México Foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP
A Corniche Beirute, vazia durante toque de recolher, no Líbano Foto: - / AFP
Uma Grand Avenue quase deserta no centro de Los Angeles, Califórnia, olhando para o sul a partir do Walt Disney Concert Hall Foto: ROBYN BECK / AFP
Parque de diversões Six Flags, fechado após a decisão do governo de suspender todas as atividades não essenciais para ajudar a conter a propagação da Covid-19, na Cidade do México Foto: CLAUDIO CRUZ / AFP
Poucos carros passam pela 280 interestadual, levando a São Francisco, Califórnia Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP
Espalande dos Ministérios, em Brasília Foto: SERGIO LIMA / AFP
Avenida 9 de Julio vazia, em Buenos Aires Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
Assentamento informal de Brazzaville, perto de Atteridgeville, em Pretória, na África do Sul Foto: PHILL MAGAKOE / AFP
Instalações esportivas e o pátio da escola primária de Jätkäsaari, Finlândia Foto: ANTTI AIMO-KOIVISTO / AFP
A rodovia A1 quase vazia perto de Muiden. A União Européia fechou suas fronteiras na quarta-feira para tentar travar a propagação feroz da pandemia de coronavírus Foto: ROBIN VAN LONKHUIJSEN / AFP
Estacionamento vazio de um shopping center em Santiago, no Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
Restaurantes fechados no centro de Tbilisi, na Geórgia Foto: VANO SHLAMOV / AFP
Praça vazia do centro da cidade de Rennes, na França Foto: DAMIEN MEYER / AFP
O Canal d'Ile-de France, no centro da cidade de Rennes Foto: DAMIEN MEYER / AFP
Praia deserta em Miami Beach, Flórida. As autoridades da cidade de Miami Beach fecharam a área da praia que é popular entre os estudantes de faculdade e pediram que se abstivessem de grandes reuniões Foto: JOE RAEDLE / AFP
A grande mesquita vazia de Baiturrahman, em meio a preocupações com o novo coronavírus, em Banda Aceh, na Indonésia Foto: CHAIDEER MAHYUDDIN / AFP
Carros estacionados no Centro de Aluguel de Carros no Aeroporto Internacional de San Diego, Califórnia. O turismo em San Diego diminuiu drasticamente devido à ameaça contínua do surto de coronavírus Foto: Sean M. Haffey / AFP
Estradas quase vazias em Wuhan, na China Foto: STR / AFP
A ponte Gálata, no centro de Istambul, deserta devido ao novo surto de Covid-19 Foto: BULENT KILIC / AFP
Rodovia vazia Buenos Aires, La Plata, na Argentina Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
Praça Mauá vazia, na Zona Portuária do Rio de Janeiro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Praça Sergels, em Estocolmo, Suécia Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Visão noturna em Wuhan, na província central de Hubei, na China Foto: STR / AFP
Avenida Kennedy vazia, em Santiago, Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
Estradas vazias em Medellín, Colômbia Foto: JOAQUIN SARMIENTO / AFP
A ponte Incienso, na cidade da Guatemala Foto: CARLOS ALONZO / AFP
Torre del Reformador, na Guatemala Foto: CARLOS ALONZO / AFP
Vista deserta da via expressa Rajnagar, na Índia Foto: PRAKASH SINGH / AFP
Ruas quase vazias em Bogotá Foto: RAUL ARBOLEDA / AFP
Um estrada vazia na Cidade do Panamá Foto: LUIS ACOSTA / AFP
Interseção de Hollywood e Vine, pouco antes do pôr do sol, com tráfego mais leve que o normal, em Los Angeles, Califórnia Foto: MARIO TAMA / AFP
Em entrevista à rede CNN, na noite deste sábado, Cuomo foi ainda mais enfático:
— Se você começar a fechar áreas em todo o país, seria totalmente bizarro, contraproducente e antiamericano. Não faz sentido e não acho que nenhum governo ou autoridade profissional séria apoie isso.
Na terça-feira, o presidente repetiu em diversas ocasiões que pretende que os Estados Unidos tenham
encerrado até a Páscoa
as medidas de confinamento, buscando aliviar os impactos econômicos da pandemia, um objetivo que os principais profissionais de saúde consideram muito arriscado. O feriado da Páscoa termina em 12 de abril, daqui a menos de três semanas. Questionado sob isto neste sábado, o presidente foi menos incisivo:
— Vamos ver o que vai acontecer.
Adiamento das primárias
Entre sexta e sábado, foram contabilizados mais de 6 mil novos casos da doença e 125 mortes no estado de Nova York. Os cinco distritos da cidade de Nova York, onde há falta de leitos, respiradores e os materiais de proteção são escassos,
estão entre os mais afetados
. Em apenas duas semanas, a doença matou mais pessoas na cidade do que todo o número de homicídos registrados no ano passado.
Em sua entrevista diária, Cuomo, que vem sendo elogiado pela maneira com a qual vem lidando com a crise, afirmou que a estimativa é que casos na região continuem a crescer por mais duas ou três semanas, quando deverão atingir seu pico. De acordo com o governador, em 13 dias, o número de internações no estado aumentou mais de 13 vezes em 10 dias, mas o ritmo vem diminuindo: entre quinta e sexta-feira, o número de internados reduziu em 307, passando de 1.154 para 847. Segundo o governador, isto pode significar uma redução na taxa de contágio, sinal de que as medidas de restrição impostas pelo governo local estão dando certo.
Seguindo a tendência de outros governadores, Cuomo anunciou o adiamento das primárias para as eleições presidenciais de novembro, que deveriam acontecer daqui a um mês, em 28 de abril, para 23 de junho. Ele disse também que, após uma conversa com o presidente Donald Trump na manhã deste sábado, a Casa Branca aprovou quatro novos hospitais de campanha no estado, com 4 mil leitos adicionais.
Boa parte dos governos estaduais e municipais dos EUA,
inclusive o de Nova York
, vem emitindo ordens para seus cidadãos ficarem em casa, enquanto o governo federal emitiu uma recomendação, sem a imposição da norma. Pelas normas do sistema federalista americano, Trump não tem poderes para impôr o fim da quarentena aos governos estaduais. Analistas, no entanto, avaliam que Trump acredita que a maioria da população concorda com ele, e quer transferir o ônus do impacto econômico do confinamento aos estados.