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Vizinhos do Brasil impõem medidas para evitar a chegada das novas variantes da Covid-19

Situação varia entre os países da região, mas vários deles endureceram isolamento para conter o aumento de casos registrado após as festas de fim de ano
Em Buenos Aires, na Argentina, menina caminha em frente de mural com grafite de pessoas com máscaras Foto: AGUSTIN MARCARIAN / REUTERS
Em Buenos Aires, na Argentina, menina caminha em frente de mural com grafite de pessoas com máscaras Foto: AGUSTIN MARCARIAN / REUTERS

A Colômbia e o Peru impuseram, nesta semana, restrições às viagens de brasileiros diante dos temores de que as novas cepas da Covid-19, mais contagiosas que a original, se alastrem por seus territórios. Se todos os vizinhos lidam com um quadro pandêmico menos acentuado que o do Brasil, vários deles impõem medidas para fazer frente ao aumento de casos que se agravou com as festividades de fim de ano e a chegada de 2021.

Ao contrário da Europa, onde há maior uniformidade e coordenação no combate à pandemia, na América do Sul os países adotam políticas díspares para controlá-la, com níveis diferentes de sucesso.

Depois do Brasil, a Colômbia é o país da região com mais diagnósticos de Covid-19: são 2,05 milhões de casos confirmados, com 52,5 mil mortes. No início do mês, mais de 30 milhões de pessoas entraram em um confinamento rígido de cinco dias devido ao aumento da transmissão durante as festas de Natal e Ano Novo. A prefeitura de Botogá, em paralelo, impôs quarentenas nos últimos três fins de semana.

As restrições surtiram efeito relativo e a média móvel de sete dias novos casos cai desde o dia 20. As mortes diárias, que também estavam em alta, começam a estabilizar.

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Autoridades, contudo, demonstram temor que a variante brasileira, que aparenta ser mais contagiosa que a original, se alastre pelo país. Descoberta em dezembro, a mutação é tida como responsável pela segunda onda que levou o sistema público de Manaus ao colapso. O Sul colombiano, que faz fronteira com o Amazonas brasileiro, é particularmente vulnerável e uma das regiões com infraestrutura mais precárias do país.

Na quarta, a Colômbia anunciou que suspenderá os voos de passageiros de e para o Brasil por 30 dias como medida preventiva. Nesta quinta, foi além, paralisando por duas semanas os voos domésticos de passageiros de e para Letícia, a capital do Amazonas colombiano. O governo impôs ainda restrições de mobilidade e um toque de recolher noturno na cidade.

O Peru foi outro que proibiu a chegada de voos do Brasil até ao menos 14 de fevereiro. O país viu um agravamento da pandemia em seu território após as festas de fim de ano, que se acentuou nesta segunda quinzena de janeiro. Em um mês, o número médio de contágios diários passou de 1,6 mil para aproximadamente 5 mil, e as mortes dispararam de uma média de 50 por dia para 150.

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Um dos países mais afetados da região durante a primeira onda, o Peru tem uma taxa de mortalidade, calculada a partir da relação entre casos confirmados e mortes, de 3,6%. A do Brasil, em comparação, é de 2,4%. Diante da piora do cenário, o governo peruano anunciou na quarta uma quarentena total para Lima e para um terço de seu território de 31 de janeiro a 14 de fevereiro, apenas com serviços essenciais funcionando.

A Argentina, que também viu um novo surto após a virada de ano, foi outra que restringiu a circulação de pessoas , com a imposição de toques de recolher noturnos desde 8 de janeiro. As medidas surtem efeito lento, mas gradual: o país, que prorrogou o fechamento de suas fronteiras com o Brasil, vê a média móvel de novos casos em queda desde 12 de janeiro.

Paraguai e Uruguai, por sua vez, têm cenários relativamente controlados há meses, com curvas de contágio quase horizontais. Já o Chile e a Bolívia também viram os novos casos duplicarem no último mês: em média, 4,1 mil chilenos e 2 mil bolivianos são diagnosticados por dia com a Covid-19. Na Bolívia, há relatos de hospitais superlotados.