Mundo

Wuhan dá alta a todos os pacientes de Covid-19, e alunos do ensino médio voltam às aulas em Pequim

China, no entanto teme segunda onda de contaminação com os casos importados, principalmente de chineses que retornam ao país; novas medidas de restrição foram anunciadas no domingo e passam a valer em junho
Estudantes usando máscaras sentam-se em uma sala de aula com divisórias em suas mesas em uma escola em Chongqing, na China Foto: STRINGER / REUTERS/27-04-2020
Estudantes usando máscaras sentam-se em uma sala de aula com divisórias em suas mesas em uma escola em Chongqing, na China Foto: STRINGER / REUTERS/27-04-2020

PEQUIM – Na cidade de Wuhan , na China , onde foram registrados os primeiro casos do novo coronavírus , todos os pacientes da doença já receberam alta, enquanto em toda a China apenas três novos casos e nenhuma morte foram registrados nas últimas 24 horas, de acordo com informações da Comissão Nacional de Saúde. Dois destes casos foram importados, de pessoas que chegaram ao país do exterior, e o terceiro, transmitido localmente na província de Heilongjiang, na fronteira do país com a Rússia.

Wuhan, capital da província de Hubei, ficou em quarentena total, isolada do resto do país e com as pessoas confinadas em casa, de 23 de janeiro a 8 de abril. No total, a província registrou mais de 67 mil casos da Covid-19, de um total de quase 84 mil registrados até agora em toda a China.

Entenda : Quais desconfianças pairam sobre a China e a Covid-19?

Enquanto isso, quase 50 mil estudantes do terceiro ano do ensino médio de Xangai e Pequim retornaram às escolas nesta segunda-feira, em meio a fortes medidas restritivas de segurança, uso de máscaras e controle de temperatura. Por enquanto, apenas os secundaristas estão autorizados a frequentar as aulas presenciais, para se prepararem para o "gaokao", o exame nacional que garante uma vaga na universidade.

– Estou feliz, fazia muito tempo que não via meus colegas de classe – disse Hang Huan, de 18 anos, sorrindo em frente à escola Chenjinglun, no leste da capital chinesa. – Sentia muita falta deles.

Primeiro país afetado pelo coronavírus, a China fechou todas as suas escolas no final de janeiro, antes do Ano Novo Lunar. Desde então, as aulas eram on-line. As províncias pouco povoadas de Qinghai (Noroeste) e Guizhou (Sudoeste) foram as primeiras em março a organizarem o retorno progressivo às aulas.

Novo coronavírus: Laboratório de Wuhan nega especulação de que vírus tenha escapado de lá

O governo chinês afirma ter conseguido conter a propagação do novo coronavírus, que oficialmente deixou 4.633 mortos no país, mas agora teme uma segunda onda de contaminação com os casos importados, principalmente de chineses que retornam do exterior. O medo do vírus continua presente também em Pequim, apesar de todas as pessoas que chegam à cidade terem de cumprir uma quarentena de 14 dias.

Entrevista: China merece críticas por falta de transparência, mas Trump busca ocultar próprios erros, afirma Matias Spektor

No domingo, o governo central anunciou novas regulações para “promover um comportamento civilizado”, que incluem cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, não comer em transporte público e usar máscara em público quando estiver doente, segundo o jornal britânico The Guardian. Também foi pedido aos restaurantes que ofereçam utensílios individuais e incentivem porções separadas durante as tradicionais refeições familiares, quando possível. As novas regras passam a valer a partir de 1º de junho.

Recentemente, Wuhan revisou o número oficial de vítimas fatais em razão da doença, somando mais 1.290 mortes à contagem inicial, um aumento de 50%. A recontagem, que segundo as autoridades corrige "lapsos" no registro dos casos no início da pandemia,  veio em meio a questionamentos internacionais sobre os dados divulgados pela China e especulações de que poderia tê-los acobertado — algo que Pequim nega com veemência.