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Após cinco anos, Obama visita Casa Branca e cumprimenta seu ex-vice: 'meu presidente, Joe Biden'

Objetivo da visita foi divulgar benefícios da Obamacare, lei de saúde aprovada há 12 anos, e dar impulso à imagem dos democratas antes das eleições de meio de mandato
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, se abraçam depois de reunião na Casa Branca, em Washington, EUA, em 5 de abril de 2022 Foto: LEAH MILLIS / REUTERS
O presidente dos EUA, Joe Biden, e o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, se abraçam depois de reunião na Casa Branca, em Washington, EUA, em 5 de abril de 2022 Foto: LEAH MILLIS / REUTERS

WASHINGTON — O ex-presidente Barack Obama voltou à Casa Branca nesta terça-feira pela primeira vez desde que deixou o cargo, em 2017, para divulgar os benefícios de sua lei de saúde e apoiar seu amigo e ex-parceiro de governo, o presidente Joe Biden. O objetivo da reunião também foi tentar recuperar a força democrata antes das eleições de meio de mandato.

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O clima era ao mesmo tempo nostálgico, festivo e bem-humorado no reencontro do antigo time.

— Bem-vindo de volta à Casa Branca. Parecem os velhos tempos — disse Biden a seu ex-chefe em uma Sala Leste lotada, na qual entraram juntos sob aplausos de funcionários e membros do Congresso.

Ao começar a falar, Obama se referiu a Biden como "vice-presidente", para logo emendar:

— Isso foi uma piada — afirmou, abraçando Biden — Foi uma armação. Meu presidente, Joe Biden. Vice-presidente [Kamala] Harris.

Esta foi a primeira vez que Obama pisou nos salões reverenciados e salas históricas desde que saiu, cinco anos atrás, entregando o poder a Donald Trump e inaugurando um período de turbulência política sem precedentes nos tempos modernos.

Para Biden, que serviu dois mandatos como vice do primeiro presidente negro dos Estados Unidos antes de sair da aposentadoria e impedir a reeleição de Trump, esse também foi um momento marcante.

Cercado pelos efeitos da pandemia de Covid-19, da inflação galopante, de uma oposição republicana fortemente obstrucionista e da invasão russa da Ucrânia , o presidente teve mais de um ano para conhecer as reais dificuldades do cargo.

Seus índices de aprovação nas pesquisas são muito ruins, presos na faixa de 40%, com poucos sinais de melhora.

A reunião marcou também um evento político relativamente feliz: o 12º aniversário do lançamento da Lei de Proteção e Cuidado Acessível ao Paciente, uma conquista notável para o ex-presidente.

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Popularmente conhecido como Obamacare, o plano de saúde subsidiado expandiu o acesso a serviços médicos a milhões de pessoas em um país onde muitos não têm condições de visitar médicos e dentistas e correm o risco de falência devido aos custos das operações de emergência.

Os republicanos fizeram repetidas e ferozes tentativas de acabar com o plano, que denunciam como socialista, mas o Obamacare, que busca garantir assistência médica aos americanos, sobreviveu à maioria dos ataques e, sob Biden, foi expandido.

— Apesar das grandes probabilidades, Joe e eu estávamos determinados — disse Obama. — Pretendia obter a aprovação da saúde mesmo que isso me custasse a reeleição, o que por um tempo parecia que iria acontecer.

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Almoço importante para os democratas

O objetivo real da reunião era mais amplo: uma oportunidade de reforçar a marca centrista de Biden e tranquilizar os democratas que temem uma derrota eleitoral esmagadora em novembro, com os republicanos recuperando o controle do Congresso.

Biden divulgou uma medida para corrigir um elemento da lei de saúde conhecido como "falha familiar" que deixou os familiares daqueles com acesso a planos de saúde fornecidos pelo empregador inelegíveis para certos subsídios.

O foco na saúde ajudou os democratas politicamente no passado. O Obamacare foi a principal realização legislativa do ex-presidente e, apesar de tentarem repetidamente, falharam em revogá-lo.

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Obama e Biden se tornaram amigos durante sua parceria na Presidência, reunindo-se para almoçar semanalmente. Suas famílias se aproximaram e Obama falou no funeral do filho de Biden, Beau.

— Eles são amigos de verdade, não apenas amigos de Washington, então tenho certeza de que conversarão sobre eventos no mundo, bem como sobre suas famílias e vidas pessoais — disse o porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, a repórteres na segunda-feira.

A Casa Branca disse que o ajuste proposto ao Obamacare, apresentado em uma regra do Departamento do Tesouro e da Receita Federal que deve ser finalizada, economizaria centenas de dólares por mês para centenas de milhares de famílias.