Mundo Coronavírus

Após queda, Espanha volta a registrar recordes diários de casos e mortes por Covid-19

Nas últimas 24 horas, morreram 849 pessoas e 9.222 contágios foram registrados; números podem ser retrato de atraso das notificações no final de semana
Medicos trabalham em hospital de campanha em Madri Foto: HANDOUT / AFP
Medicos trabalham em hospital de campanha em Madri Foto: HANDOUT / AFP

MADRI — O número de mortes diárias pelo coronavírus na Espanha voltou a subir nesta terça-feira, após uma leve queda na véspera , com 849 vítimas fatais em 24 horas, um recorde desde o início da pandemia .  Os novos casos também registraram seu maior aumento diário, com 9.222 diagnósticos positivos no último dia. Segundo o governo espanhol, no entanto, a estatística pode ser mais um reflexo do atraso das notificações do final de semana, que só foram feitas na segunda-feira, do que propriamente um agravamento da crise.

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As 849 novas vítimas fatais representam um incremento de 11,5% com relação às 24 horas anteriores, quando 812 pessoas tinham morrido . O recorde anterior havia sido registrado no domingo, quando 838 pessoas perderam a vida . Ainda assim, a taxa de crescimento de novas mortes continua a cair desde a última quarta-feira, quando alcançou 27,3%; na segunda, a variação havia sido de 12,4%. Com isso, o número de mortes no país chega a 8.189, o segundo maior do mundo, atrás apenas da Itália .

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O número de casos diagnosticados, por sua vez,  supera 94.400, registrando uma alta de 10,8% em relação ao dia anterior. Na segunda e no domingo, os novos casos haviam crescido, respectivamente, 8,1% e 9%.

O número de pacientes em unidades de terapia intensiva, por sua vez, é 5.607, 7,1% a mais que nas 24 horas anteriores, quando havia crescido 6,6%. O governo espanhol já previa este aumento, dado o período de incubação e a progressão dos sintomas da doença, e alertado que os próximos dias serão críticos para os serviços médicos emergenciais, em especial nas regiões de Madri e da Catalunha, onde a maior parte dos casos estão concentrados.

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O aumento das cifras, no entanto, não pode ser lido como uma tendência de piora no panorama espanhol. De acordo com a vice-diretora do Centro de Coordenação de Emergências e Alertas Sanitários da Espanha, María José Sierra, as estatísticas podem refletir uma subnotificação de casos e mortes no final de semana, números que que se acumulam e são divulgados na segunda-feira.

O diretor da repartição, Fernando Simón, que participou da entrevista coletiva por telefone após ter sido diagnosticado com a Covid-19, respaldou a teoria, afirmando que se observa um ponto de inflexão claro entre os dias 24 e 26 de março. Isto, segundo ele, é um sinal de que as medidas de isolamento daqueles que podem ficar em casa, que entraram em vigor em 15 de março, estão funcionando.

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A estatística referente aos diagnósticos positivos deve ser analisada com ainda mais cautela: a pouca quantidade de testes faz com que apenas os casos mais graves sejam testados, não contabilizando, muitas vezes, formas mais brandas ou assintomáticas da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, esta estatística pode ser até 10 vezes maior. Um estudo do Imperial College, no Reino Unido, põe a cifra dos contágios possíveis na casa dos 7 milhões.

Um dado positivo é o número de pessoas curadas da doença, que já chega a 19.259, mais de 20% dos casos confirmados.