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Arcebispo Desmond Tutu retira-se da vida pública

Por Jon Herskovitz

JOHANESBURGO (Reuters) - O sul-africano laureado pelo Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu, que usou o púlpito da Igreja como plataforma para acabar com o apartheid, aposentou-se oficialmente de suas atividades públicas na quinta-feira.

Tutu, que participou este ano das cerimônias da Copa do Mundo na África do Sul, havia afirmado pouco depois do evento que sairia do centro das atenções para passar mais tempo em casa com a família.

"Por décadas ele tem sido um titã moral, uma voz de princípio, um campeão incessante da justiça e um dedicado promotor da paz", disse o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um comunicado.

"Sentiremos falta de seu discernimento e de seu ativismo, mas continuaremos aprendendo pelo exemplo dele. Desejamos ao arcebispo e à sua família felicidade nos anos pela frente", afirmou Obama.

Tutu estava fora do país, em um cruzeiro.

Em julho, numa entrevista coletiva, Tutu afirmou que se afastaria da vida pública quando completasse 79 anos, em 7 de outubro.

"Chegou a hora de diminuir o ritmo, de tomar chá Rooibos com a minha querida esposa à tarde, de ver críquete, de viajar para visitar meus filhos e netos, e não para conferências, convenções e campi universitários", disse Tutu.

Há mais de uma década, Tutu se aposentou do posto de arcebispo anglicano de Cidade do Cabo. Ele criou uma fundação em defesa da paz e aconselhou líderes políticos.

Ele disse que continuará a trabalhar com sua fundação e em um conselho de estadistas globais conhecido como The Elders (Os Antigos).

Afirmou ainda que deixará o cargo universitário na África do Sul e seu trabalho com uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a prevenção de genocídios e que não dará mais entrevistas à imprensa.

A posição ocupada por Tutu na igreja lhe deu uma plataforma nacional importante a partir da qual ele criticou o sistema do apartheid e pediu por direitos e educação iguais.

Sua franqueza provocou a ira do governo sul-africano de minoria branca, que tentou impedir que ele viajasse, anulando o seu passaporte. A medida foi revertida após forte crítica da comunidade internacional.

Em 1984, ele foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Dois anos depois, tornou-se o primeiro arcebispo negro da Cidade do Cabo.