Mundo

Argentina estende quarentena em Buenos Aires e sinaliza flexibilização de medidas no resto do país

Presidente Alberto Fernández afirma que ações de distanciamento serão mantidas, em diferentes níveis, até o dia 24 de maio
Homem desinfeta áreas da Praça de Maio, em Buenos Aires, como parte de ações para conter o avanço da Covid-19 no país Foto: Matias Baglietto / REUTERS
Homem desinfeta áreas da Praça de Maio, em Buenos Aires, como parte de ações para conter o avanço da Covid-19 no país Foto: Matias Baglietto / REUTERS

BUENOS AIRES — Um dos países que adotaram as medidas mais estritas de distanciamento social na América Latina, a Argentina anunciou nesta sexta-feira que deve começar a afrouxar algumas das ações de controle no país, com exceção da região metropolitana de Buenos Aires , principal foco da epidemia.

Respostas à crise: Como a ciência política explica as reações de Brasil, Argentina e México ao novo coronavírus

Em pronunciamento na residência oficial de Los Olivos, o presidente Alberto Fernández disse que as restrições, em diferentes níveis, serão mantidas até o dia 24 de maio . A principal mudança, no caso, será a flexibilização delas na maior parte do país, que tem 5,6 mil casos e 293 mortes.

— A Argentina segue o mesmo processo que esperávamos que ocorresse. A quantidade de casos se amenizou um pouco mais. O número de óbitos está dentro do esperado — disse Fernández. — Temos muito orgulho de nossos cidadãos. Vemos que, graças a isso, atingimos nossos objetivos. A situação na Argentina está bem controlada.

Desconfiança: Descontrole do coronavírus faz países vizinhos verem Brasil como ameaça

Ao mencionar a manutenção das medidas para Buenos Aires, disse que não se tratava de um sinal de que os moradores da capital argentina estavam ignorando as orientações oficiais.

— Isso não é um avanço ou um retrocesso, isso é trabalhar com seriedade. A densidade populacional na área metropolitana de Buenos Aires é muito grande e tudo é mais complexo.

A flexibilização nas outras áreas não significa, contudo, que a vida esteja perto de voltar ao normal. A decisão final caberá aos governadores, mas ações como a suspensão das aulas, a proibição de grandes eventos ou os controles fronteiriços seguem com o governo federal, e não há qualquer sinal de que isso vá mudar tão cedo.

Por outro lado, as autoridades da Grande Buenos Aires sinalizaram que permitirão que as crianças possam acompanhar os pais em pequenos passeios nas ruas e até em idas aos mercados.

Exemplo da Suécia

Durante o pronunciamento, Fernández também criticou os que afirmam que o impacto econômico da quarentena seria pior para a população do que manter todas as atividades funcionando normalmente.

— Não vou dar o braço a torcer. Vou cuidar das pessoas antes de tudo. Vamos pôr um fim nessa discussão, que nos foi proposta de maneira falsa, que se retomarmos as atividades econômicas estaremos melhor. Se fizermos isso vamos acabar como a Suécia.

Pressão pós-pandemia: Fernández enfrenta dilema de como tirar Argentina da quarentena da Covid-19

O presidente se referia ao modelo sueco de enfrentamento à Covid-19, que não impôs uma quarentena mas contou com o engajamento da própria população para adotar medidas de distanciamento social. Apesar dos argumentos do governo , o país registra o maior número de casos na Escandinávia, 25 mil, com 3,2 mil mortes. Em comparação, a Noruega, que adotou medidas de isolamento, tem 8 mil casos e 218 mortos.

— A verdade que vejo é a Suecia com 10 milhões de habitantes e 3 mil mortos pelo vírus. Me dizem que se eu tivesse seguido esse exemplo, nós teríamos hoje 13 mil mortos — disse o presidente.