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Biden pede a eleitores que defendam nas urnas o direito fundamental ao aborto nos EUA

Apelo é feito após vazamento indicar intenção da Suprema Corte americana de derrubar decisão que garante direito à interrupção da gravidez no país
O presidente dos EUA Joe Biden pede que eleitores escolham senadores pró-aborto nas próximas eleições Foto: JIM WATSON / AFP
O presidente dos EUA Joe Biden pede que eleitores escolham senadores pró-aborto nas próximas eleições Foto: JIM WATSON / AFP

WASHINGTON — O presidente dos EUA, Joe Biden, pediu nesta terça-feira que os americanos votem nas eleições legislativas de novembro em defesa do direito fundamental ao aborto, pontuando a perspectiva de que a Suprema Corte derrube as garantias constitucionais que permitem o procedimento, como indicado por um esboço da decisão divulgada pelo jornali digital Politico na noite de segunda-feira.

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O presidente alertou que o vazamento de um parecer majoritário do Tribunal favorável a enterrar o direito à interrupção voluntária da gravidez em nível nacional pode ainda não ser a decisão final da corte.

Posteriormente, o presidente do tribunal, John Roberts, disse que o documento — de autoria do juiz conservador Samuel Alito — não representa "a posição final de nenhum membro" da Casa. Roberts anunciou uma investigação sobre o vazamento .

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Mas se o mais alto tribunal derrubar a jurisprudência que fundou os direitos ao aborto nos Estados Unidos desde a década de 1970, "caberá às autoridades eleitas de nossa nação em todos os níveis de governo proteger o direito de escolha da mulher. E caberá aos eleitores escolher autoridades pró-direito ao aborto em novembro", disse Biden em comunicado.

Nesse caso, o presidente disse que "trabalharia para aprovar e sancionar" tal legislação, mas reconheceu a realidade de que as condições não são adequadas com um Senado dividido igualmente entre democratas e republicanos.

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— No nível federal, precisaremos de mais senadores pró-direito ao aborto e de uma maioria com essa posição na Câmara para aprovar uma lei que garanta o direito ao aborto se a Suprema Corte o derrubar.

Em um momento em que muitos estados da União já promulgaram ou estão preparando leis de aborto altamente restritivas, Biden disse que orientou seus assessores a estudar "uma variedade de resultados possíveis nos casos pendentes na Suprema Corte. Estaremos prontos quando for emitida qualquer decisão".

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— Acho que o direito de escolha de uma mulher é fundamental — disse Biden, aludindo ao histórico Roe vs. Wade em 1973, no qual a Suprema Corte declarou o aborto um direito constitucionalmente protegido, e que agora aparentemente está sob risco de ser derrubado.

O presidente também reforçou que derrubada nacional do direito ao aborto pela Suprema Corte abriria a porta para mudar as decisões sobre uma "ampla gama" de questões que afetam a privacidade das mulheres.

— Toda uma série de direitos está em questão —  disse a repórteres, alertando para uma "mudança fundamental" nas posições atualmente aceitas sobre casamento gay, ter filhos ou abortos e paternidade.