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Carlos Mesa anuncia que voltará a ser candidato a presidente da Bolívia

Ex-presidente, derrotado em eleições de outubro em votação contestada, diz que espera recuperar-se de “fraude”
Former president of Bolivia, Carlos Mesa, speaks to journalists during the UN Climate Change Conference COP25 at the 'IFEMA - Feria de Madrid' exhibition centre, in Madrid, on December 3, 2019. - Spain's Socialist government offered to host this year's UN climate conference, known as COP25, from December 2 to December 13, 2019, after the event's original host Chile withdrew last month due to deadly riots over economic inequality. (Photo by CRISTINA QUICLER / AFP) Foto: CRISTINA QUICLER / AFP
Former president of Bolivia, Carlos Mesa, speaks to journalists during the UN Climate Change Conference COP25 at the 'IFEMA - Feria de Madrid' exhibition centre, in Madrid, on December 3, 2019. - Spain's Socialist government offered to host this year's UN climate conference, known as COP25, from December 2 to December 13, 2019, after the event's original host Chile withdrew last month due to deadly riots over economic inequality. (Photo by CRISTINA QUICLER / AFP) Foto: CRISTINA QUICLER / AFP

O ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa, até outubro o mais conhecido rival do Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales, anunciou que voltará a ser candidato a presidente da Bolívia.

Mesa saiu derrota no pleito de 20 de outubro, cujo resultado foi questionado pela OEA. A apuração oficial apontou que Morales teve 47.07% dos votos e Mesa, o segundo colocado, 36,51%. Como a diferença foi de mais de 10 pontos, Morales teria sido reeleito no primeiro turno.

Mesa, que fez o anúncio de Madri,onde participa da cúpula climática da COP-25, disse que foi vítima da fraude eleitoral nas eleições, e que pretende que a nova eleição “o recompense do roubo de que foi vítima”.  Apesar de ser o nome mais conhecido da oposição boliviana até bem pouco tempo, ele deve disputar espaço nas eleições também com uma nova direita radicalizada, que emergiu nos protestos contra Morales.

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Mesa disse que espera que o pleito, cuja data ainda não está confirmada, aconteça “em março ou abril”. As regras para as novas eleições, aprovadas com o apoio dos congressistas do MAS, preveem a renovação do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), o registro de eleitores e a participação de todas as forças políticas. A votação deve acontecer até 120 dias após a formação do novo tribunal.

Além de um provável concorrente do MAS, Mesa deve ter também rivais na direita. O líder da direita radical da Bolívia, Luis Fernando Camacho, anunciou na  sexta-feira que concorrerá à Presidência da República, após apresentar sua renúncia do comando do Comitê Cívico de Santa Cruz , associação de empresários da mais rica província boliviana.

Nas últimas semanas, Camacho deixou uma posição de quase anonimato político para se tornar uma das figuras mais proeminentes do movimento que culminou na renúncia de Evo Morales , no dia 10 de novembro.

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O anúncio de Camacho contraria diversas declarações públicas feitas durante os protestos que puseram fim aos quase 14 anos de mandato de Morales. No dia 8 de novembro, por exemplo, ele disse em uma postagem no Facebook que “não sou candidato, nem serei! Me dá asco ver os interesses pessoais prevalecerem aos de uma nação!”.

Diferente de Camacho,  Mesa, que foi presidente entre 2003 e 2005, representa um setor de centro-direita. Nas eleições de 20 de outubro, logo atrás dele, em terceiro e quarto, ficaram, respectivamente, os muito conservadores Chi Hyun Chung , do Partido Democrata Cristão , com 8,78%, e Óscar Ortiz Antelo, com 4,24%.

Questionado sobre possíveis violações de direitos humanos pelas Forças Armadas e segurança em protestos das últimas semanas, Mesa disse em Madri que "é uma questão muito complexa". Apesar disso, não deixou de citar o controverso decreto da presidente interina, Jeanine Áñez, que isentou de responsabilidade os militares por violações cometidas durante a repressão aos protestos.

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— A análise de custo-benefício é muito complicada, mas acho que você não pode ser negligente na busca por investigações de violações dos direitos humanos, especialmente das Forças Armadas e da polícia — afirmou. — [O decreto] deu imunidade às Forças Armadas e as libertou da responsabilidade.

O líder indígena renunciou no dia 10 de novembro , após receber a "sugestão" para que o fizesse do chefe das Forças Armadas . No mesmo dia da renúncia, Morales havia  proposto a realização de novas eleições, mas o aceno foi rejeitado pela oposição. Desde então, ele se exilou no México.