Os recordes sucessivos na temperatura média do planeta fizeram com que a primeira semana de julho fosse a mais quente da história, com média de 17,23ºC. Segundo especialistas ouvidos pela "BBC", embora tenham sido projetados, os recordes quebrados chegaram mais rápido do que o esperado. Isso, segundo eles, deve manter os governos de todo o hemisfério norte em alerta.
Apenas nesta semana, a onda de calor extremo espalhou incêndios florestais pela Europa e também fez com que Roma e Catalunha, na Espanha, batessem recordes de temperatura. Além disso, a União Europeia decidiu enviar quatro aeronaves de combate ao fogo da França e da Itália para apoiar uma operação na Grécia, onde as chamas que destruíram casas ainda estão queimando.
Com previsões de temperatura acima dos 44ºC, neste sábado o país entrou em "vigilância absoluta". Lá, todos os sítios arqueológicos, incluindo a famosa Acrópole de Atenas, serão fechados ao publico durante as horas mais quentes do dia até este domingo. Já nos Estados Unidos se prevê que o calor que atinge o sul se alastre.
"Estamos entrando em um terreno desconhecido", alertou a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) na última semana. Para a pesquisadora Hannah Cloke, especialista em mudanças climáticas da Universidade de Reading, no Reino Unido, o cenário é "muito assustador", já que o calor extremo não diminui no hemisfério norte, e pode ter "consequências fatais" para a população.
Apenas na Europa, cerca de 61 mil pessoas morreram com a onda de calor que ocorreu em 2022, disse Hannah. Agora, existem alertas de temperatura na Europa, Ásia e nos Estados Unidos, uma situação que, segundo a especialista, parece estar "saindo do controle". O fenômeno, atribuído à mudança climática e ao El Niño que se desenvolve no Pacífico, deve piorar. Entenda em três pontos:
China registra temperatura mais alta
Em janeiro, várias regiões ao norte da China enfrentaram uma onda de frio extremo, com temperaturas atingindo -50ºC. Agora, o quadro é diferente. No último domingo, o termômetro marcou 52ºC em Xinjiang, o mais alto já registrado no país — o recorde anterior do país era de 2015, com 50,3ºC. A expectativa é a de que o calor extremo se estenda por pelo menos mais cinco dias nesta região.
Estados Unidos em alerta
Nos Estados Unidos, quase um quarto da população está sob alertas de calor extremo. Em El Paso, no Texas, as temperaturas ficaram acima de 38ºC por 32 dias consecutivos, superando o recorde anterior de 26 dias, informou a "BBC". Além disso, cientistas estão preocupados com o Arizona, já que o clima não melhora nem durante a noite.
Em Death Valley, na Califórnia, o recorde de calor já registrado no planeta pode ser quebrado. No último domingo, a região atingiu 53ºC. A máxima já alcançada foi 56ºC, em 1913. De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, o clima deve ser "instável" no início desta semana, o que pode incluir chuvas excessivas que podem causar inundações repentinas no país.
Risco de incêndios
Na Grécia, cerca de 1,2 mil crianças foram evacuadas de um acampamento de verão após um incêndio florestal ter começado devido ao tempo seco. O serviço meteorológico local alertou que o risco de novos incêndios continua alto. Dezenas de pessoas precisaram abandonar suas casas e foram assistidas por equipes de emergência.