Atenas amanheceu nesta quarta-feira coberta de uma fumaça espessa e um forte cheiro de queimado como consequência de incêndios florestais perto da capital grega e de outras cidades do país. A tragédia já provocou pelo menos 20 mortes, em sua maioria imigrantes.
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— Infelizmente, o vento não ajuda — afirmou o vice-prefeito de Menidi, Stathis Topalidis.
O fogo segue devorando uma região florestal do Monte Parnitha, uma dos quatro que circundam a capital grega e várias vezes vítimas de incêndios florestais. Na cidade de Menidi, nos arredores de Atenas, próxima a uma instalação militar, as chamas já atingiram algumas casas. Antes, o incêndio destruiu propriedades em Hasia e Fyli, perto da capital.
— Muitas pessoas se recusam a sair de casa — disse Nikos Kuntromichalis, membro da Cruz Vermelha grega, ao canal público ERT. — Encontramos idosos desmaiados no quintal.
Kuntromichalis, que estava atuando em Menidi, contou que a organização teve de atender diversas pessoas que sofreram queimaduras e problemas respiratórios.
O centro de detenção de migrantes em Amygdaleza, 25 km ao norte de Atenas, também precisou ser esvaziado.
Na terça-feira, os serviços de Defesa Civil ordenaram a retirada do bairro Ano Liosia, que tem cerca de 25 mil habitantes e está localizado no noroeste da área metropolitana de Atenas, perto de Fyli. Alguns moradores decidiram, no entanto, permanecer em suas casas para tentar protegê-las.
O hospital de Alexandroupolis também teve que ser esvaziado na segunda-feira, e 65 pacientes foram transferidos para uma balsa que os esperava no porto da cidade portuária, no nordeste do país. Na ilha de Evia, as autoridades esvaziaram toda a cidade industrial de Nea Artaki, onde as chamas danificaram fazendas de aves e suínos.
Centenas de focos
Nos últimos cinco dias, os bombeiros gregos tiveram de combater 350 incêndios, dos quais 200 foram declarados nas últimas 48 horas, disse o ministro da Defesa Civil, Vasilis Kikilias, em coletiva de imprensa.
— Nunca vi condições tão extremas em 32 anos de serviço — reconheceu o chefe do Corpo de Bombeiros grego, Yorgos Purnaras.
Outro foco ativo ocorreu ao mesmo tempo em um aterro sanitário na área industrial de Aspropyrgos, a oeste da capital.
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No nordeste do país, perto da fronteira com a Turquia, na zona do rio Evros, dois focos descontrolados continuam causando estragos perto da cidade de Alexandrópolis e na floresta de Dadia, onde ameaçam um parque nacional.
A cidade de Alexandrópolis é um ponto habitual de entrada de migrantes irregulares na Grécia. Na terça-feira, 18 supostos migrantes, entre eles duas crianças, foram encontrados mortos. Na segunda, outros dois corpos foram encontrados: o de um suposto migrante em Lekfimi, e o de um pastor na Beócia, a noroeste de Atenas.
Rumores se espalharam nas redes sociais, acusando migrantes de estarem por trás dos incêndios, de origem desconhecida até o momento. Três pessoas foram detidas na terça-feira no norte da Grécia sob a acusação de forçar migrantes a subir em um reboque de caminhão, responsabilizando-os pelos incêndios. Os presos publicaram ainda vídeo na internet incentivando as pessoas a fazer o mesmo.
A Promotoria da Suprema Corte grega ordenou, nesta quarta-feira, que o promotor local investigasse as causas dos incêndios e das acusações de racismo contra os migrantes.
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As chamas também afetam as ilhas de Eubeia e Cythnos, no Egeu, e Beócia.
Os incêndios já devastaram as regiões de Rodes, Corfu e Evia, deixando rastros de destruição em pontos turísticos locais. No início do mês, um resort de luxo localizado em Kiotari, região voltada para o turismo na ilha de Rodes, foi devastado pelo fogo. No fim de julho, as temperaturas em Rodes atingiram a marca de 45°C.
Dados de autoridades locais apontam que cerca de 16 mil pessoas foram retiradas da ilha por terra e outras 3 mil pelo mar por conta das queimadas intensas. Somente nesse período de incêndios, mais de 20 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas na ilha grega, número recorde em toda história de queimadas florestais no país.