Clima e ciência
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Por AFP — Londres

O planeta registrou nos últimos três meses uma série de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, incêndios e inundações, que se tornaram mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global. Julho e agosto de 2023 foram os meses mais quentes já registrados no planeta, segundo o Observatório Europeu Copernicus (EMS), para o qual 2023 provavelmente será o ano mais quente da História.

Ondas de calor no Hemisfério Norte

O verão boreal de 2023 foi marcado por recordes de temperatura. A Índia registrou o mês de agosto mais quente e seco desde o início dos registros há mais de um século. O Japão enfrentou as temperaturas médias mais elevadas já registradas no arquipélago entre junho e agosto.

Turistas se protegem do sol com guarda-chuvas em Roma, durante onda de calor — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP
Turistas se protegem do sol com guarda-chuvas em Roma, durante onda de calor — Foto: Alberto PIZZOLI / AFP

A onda de calor também afetou a região do Mediterrâneo e a América do Norte, com temperaturas que superaram 40ºC.

Calor no inverno do Hemisfério Sul

O inverno no Hemisfério Sul foi excepcionalmente ameno. O inverno australiano foi o mais quente já registrado, com temperatura média de 16,75ºC entre junho e agosto.

Já a América Latina sofreu ondas de calor invernal. O termômetro superou 30ºC em São Paulo e atingiu 25ºC em Santiago do Chile, temperaturas incomuns para o período. Na Argentina, os moradores de Buenos Aires viveram em 1º de agosto do dia mais quente para o mês desde o início das estatísticas (30ºC).

Calor durante o inverno na Praia de Ipanema e de Arpoador, no Rio de Janeiro. — Foto: Alexandre Cassiano
Calor durante o inverno na Praia de Ipanema e de Arpoador, no Rio de Janeiro. — Foto: Alexandre Cassiano

Os cientistas afirmam que as temperaturas elevadas são o resultado da mudança climática, acentuadas este ano pelo retorno do fenômeno El Niño, que se caracteriza por um aumento da temperatura das águas do Pacífico e que provoca fenômenos climáticos extremos.

Oceanos em ebulição

O superaquecimento dos oceanos, que continuam absorvendo 90% do excesso de calor provocado pela atividade humana desde o início da era industrial, tem um papel crucial no processo.

Desde abril, a temperatura média de superfície dos oceanos registra níveis de calor inéditos. "De 31 de julho a 31 de agosto, essa temperatura superou todos os dias o recorde anterior, de março 2016", que também foi um ano de El Niño, destacou o Copernicus, atingindo a marca simbólica inédita de 21ºC, muito acima de todos os números registrados até então.

— O aquecimento dos oceanos leva ao aquecimento da atmosfera e ao aumento da umidade, o que provoca chuvas mais intensas e um aumento da energia disponível para os ciclones tropicais — declarou à AFP Samantha Burgess, vice-diretora do serviço de mudança climática (C3S) do Copernicus. — Dado o excesso de calor na superfície dos oceanos, 2023 provavelmente será o ano mais quente (...) que a Humanidade já conheceu — afirmou.

No Brasil, o fenômeno pode ter levado à formação do ciclone extratropical que atingiu o estado do Rio Grande do Sul nesta semana, causando mais de 30 mortes até então.

Mapa de anomalia de aquecimento no Oceano Pacífico que caracterizou o efeito El Niño de 1997/98, um dos mais fortes já registrados — Foto: Nasa
Mapa de anomalia de aquecimento no Oceano Pacífico que caracterizou o efeito El Niño de 1997/98, um dos mais fortes já registrados — Foto: Nasa

O aquecimento tem consequências nefastas para a biodiversidade, ao mesmo tempo que reduz a capacidade dos oceanos de absorver CO2, reforçando o círculo vicioso do aquecimento climático.

Embora não represente uma média, a temperatura da água foi medida em 38,3ºC em 24 de julho na costa da Flórida (EUA), estabelecendo um potencial recorde mundial caso a precisão da medição seja confirmada.

Havaí, Canadá e Grécia em chamas

O arquipélago americano do Havaí sofreu em agosto os incêndios mais violentos nos Estados Unidos em um século, que mataram pelo menos 115 pessoas e deixaram centenas de desaparecidos na ilha de Maui.

Grécia enfrenta 'maior incêndio florestal já registado na União Europeia' — Foto: Sakis Mitrolidis / AFP
Grécia enfrenta 'maior incêndio florestal já registado na União Europeia' — Foto: Sakis Mitrolidis / AFP

No Canadá, os incêndios não provocaram vítimas, mas foram excepcionalmente devastadores em um contexto de forte seca. Desde o início do ano, segundo Centro Interagências de Incêndios Florestais do Canadá (CIFFC), 16,44 milhões de hectares foram devastados, uma superfície equivalente ao território da Tunísia. O recorde anterior era de 7,11 milhões de hectares em 1995.

No fim de junho, Montreal foi por alguns dias a cidade mais poluída do planeta, sob uma camada de fumaça provocada pelos incêndios florestais, informou a empresa especializada Iqair.

Em menor medida, a Europa também foi afetada pelas chamas: na Grécia, um incêndio perto da fronteira com a Turquia destruiu mais de 80 mil hectares. Outros focos de incêndios atingiram as ilhas de Corfu e Rhodes.

Desde o início do ano, 535 mil hectares foram queimados na Europa, segundo o Copernicus (dado atualizado até 2 de setembro). Apesar de estar acima da média (447 mil ha), o número continua muito abaixo do recorde de 1,21 milhão registrado no mesmo período em 2017.

Inundações fatais na Ásia

A temporada de monções matou pelo menos 175 pessoas no Paquistão, 155 na Índia e 41 na Coreia do Sul. Na região norte da China, 62 pessoas faleceram vítimas das chuvas torrenciais.

Fortes chuvas de monção inundaram áreas residenciais em Dera Allah Yar, no distrito de Jaffarabad, província do Baluchistão, Paquistão, em agosto — Foto: Fida Hussain/AFP
Fortes chuvas de monção inundaram áreas residenciais em Dera Allah Yar, no distrito de Jaffarabad, província do Baluchistão, Paquistão, em agosto — Foto: Fida Hussain/AFP

Apesar do número de mortes, as chuvas não foram excepcionais na Índia, pois em agosto registraram o menor nível histórico, o que contribuiu para o recorde de temperaturas no país.

Também houve inundações na Europa, especialmente na Grécia, Turquia e Bulgária, no início do mês de setembro. Até o momento, foram registradas 14 mortes.

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