Clima e ciência
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Por — São Paulo

O embaixador americano David Thorne desembarcou no Brasil nesta semana em uma missão para promover parcerias ambientais entre empresas dos dois países. Em conversa com jornalistas, defendeu que a relação bilateral seja de mais incentivos e com menos retaliações, para que ambos se ajudem a reduzir emissões de CO2.

— A cenoura é melhor que o chicote — afirmou o diplomata, que é conselheiro sênior do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, chefe da política do país para o setor.

A declaração, em conversa com jornalistas em São Paulo, foi dada num contexto em que a União Europeia começa a apertar barreiras não tarifárias contra produtos oriundos de áreas desmatadas, é uma sinalização de aproximação entre os dois países na negociação global de clima.

— Estamos muito impressionados com os resultados do Brasil em reduzir suas emissões — disse. — Queremos dar o maior apoio que pudermos ao grande progresso que o Brasil fez nos últimos oito meses reduzindo o desmatamento.

Thorne participa nesta terça-feira de um evento do governo dos EUA em parceira com as câmaras de comércio dos EUA e do Brasil. A "Missão de Comércio Verde" divulgou hoje uma lista de 42 grandes empresas e organizações privadas dos dois países que estão promovendo cooperação ambiental. Do lado americano, estão na iniciativa 3M, Boeing, GE, Merck e outras. Do lado brasileiro, a lista inclui Votorantim, Cielo, JBS e Sabesp.

Até o fim da semana, uma delegação mista com representantes de governo e empresários está presente em São Paulo e no Rio discutindo oportunidades de colaboração nas áreas de agropecuária, recursos hídricos, energia, conservação florestal, manufatura e infraestrutura.

Na conversa com os jornalistas no consulado americano, o embaixador se mostrou otimista com a possibilidade de o planeta evitar um aumento médio de temperatura superior a 1,5°C, a faixa mais ambiciosa na meta do Acordo de Paris para o clima.

Esse otimismo não se reflete em projeções de cientistas, porque o planeta ainda esta aumentando emissões, em vez de diminuir, mas Thorne afirma que há empresas e governos dispostos a fazer a transição energética.

— A Agência Internacional de Energia afirma que nós precisamos investir US$ 4 trilhões por ano até 2050 para atingir as emissões zero líquidas. Falar em trilhões faz a coisa parecer impossível, mas em 2022 o volume investido em transição verde já foi de US$ 2 trilhões. Isso mostra que não é impossível, mas é algo que depende tanto de incentivos de governo quanto de engajamento do setor privado — afirmou o diplomata.

Sobre relações bilaterais, Thorne espera se encontrar em algum momento com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a relação entre os dois governos na área. — Eu e o ministro Haddad conversamos quando estivemos em Nova York e ele sem mostrou bastante interessado em ter essa delegação aqui agora — disse Thorne.

Foco no carvão

O embaixador foi questionado sobre que avanços os EUA podem levar à COP-28, a próxima Conferência do Clima, em Dubai, mas revelou poucas informações concretas. Existe uma preocupação dos negociadores em que os signatários do Acordo de Paris para o clima estabeleçam uma meta para eliminar o uso de combustíveis fósseis, mas o país que sedia o encontro é grande produtor de petróleo. Thorne não falou sobre petróleo, mas atacou o carvão.

— Como os Emirados Árabes, que vão sediar o encontro, estamos tentando enfocar no objetivo de triplicar a produção de energia renovável e erradicar o carvão do mundo — disse.

Países desenvolvidos estão sendo cobrados pelas nações pobres a desembolsar dinheiro para um fundo de adaptação à crise do clima. Outro assunto, ainda mais controverso, é a criação de um fundo de perdas e danos, para compensar nações que sofrem com eventos extremos e outros problemas climáticos.

Thorne não revelou, ainda, o que os EUA pretendem apresentar em Dubai, mas afirmou que o país vai se manter dentro da pauta determinada para esta COP. Que prevê um balanço do avanço global nos cortes de emissões e uma definição mais clara para mecanismos de financiamento para adaptação.

Há hoje na mesa de negociação uma proposta de se ampliar um fundo para perdas e danos. Países desenvolvidos tentam convencer os países desenvolvimento a contribuir para o fundo, mas estes querem estabelecer um valor mínimo de aporte dos das nações de alta renda (US$ 600 bilhões), antes que as de baixa renda comecem a depositar algum dinheiro na iniciativa. A proposta está travada.

— Existem muitas ideias diferentes agora sobre como lidar com a questão, numa área de foco que cresceu em atenção e necessidade para que a COP lide com ela — disse Thorne. — É uma coisa nova. É desafiadora.

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