Clima e ciência
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Por — São Paulo

A anomalia de temperatura, o parâmetro que os cientistas usam para medir quanto o clima de um ano desvia da média, já tem algum risco de superar, em 2023, a meta que o Acordo de Paris estabeleceu para o clima de 2100.

Uma análise publicada nesta semana pelo Escritório Meteorológico do Reino Unido (Met Office) mostra que, mantida a tendência de temperatura registrada até agosto, há uma chance razoável (cerca de 50%) de 2023 derrotar 2016 como o ano mais quente da história.

Segundo o trabalho, divulgado pelo cientista John Kennedy (homônimo do ex-presidente dos EUA) há um risco não desprezível de a anomalia de temperatura já superar em 2023 um desvio de + 1,5 °C em relação à média pré-revolução industrial, meta citada em Paris.

"Onde a temperatura global de 2023 vai parar?", questionou retoricamente o climatólogo em post nas redes sociais. "Estamos agora em um ano cabeça-a-cabeça com 2016, mas que segue se aquecendo. Em 2016, a tendência foi de esfriamento ao longo dos meses."

O ano de 2016 bateu o recorde global num período de El Niño intenso, tal qual ocorre agora, e já chegou a entrar na zona de quebra da meta de Paris nos primeiros meses. De junho para a frente, porém, o termômetro começou a baixar naquele ano.

A maioria das bases de dados que registram temperaturas globais em 2023, porém, já cravaram que o mês passado foi o agosto mais quente da história. Se considerados só os primeiro oito meses de cada ano, 2023 já garantiu segundo lugar, e a anomalia de temperatura continua subindo.

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"Ainda existe uma grande incerteza, mas há o risco de uma ou mais bases de dados entrarem na zona de quebra dos 1,5°C", diz Kennedy.

O limite de temperatura do acordo do clima não será cruzado de um ano para o outro, e isso não ocorreu em 2016, mas o fato de existir um ano puxando a média da década para cima é preocupante, diz o cientista. A análise do climatólogo ainda não inclui a média do mês de setembro, o que torna a previsão ainda mais preocupante.

"Setembro já está aparecendo muito quente nas reanálises, aumentando a chance de 2023 ser o ano mais quente em todos conjuntos de dados, batendo 2016 e 2020, os dois que estão na liderança", diz, lembrando que em algumas bases de dados esses dois anos estão empatados.

"Em breve nós saberemos com certeza onde 2023 vai parar. Eu não me surpreenderia se ele continuar nos surpreendendo", concluiu Kennedy. "Os oceanos estão muito quentes, o El Niño está entrando com tudo e as maiores anomalias costumam aparecer do outono para o inverno do hemisfério norte".

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Apesar de a análise do Met Office ser ainda preliminar e não ter passado por uma revisão independente, cientistas que comentaram o trabalho de Kennedy afirmam que a conclusão é robusta, por estar baseada em seis séries de dados diferentes.

"As temperaturas globais de 2023 estão extraordinárias", diz Ed Hawkins, da Universidade de Reading (Reino Unido), em comentário ao trabalho do colega. "Todos os diferentes conjuntos de dados estão em conformidade com isso. Estamos quebrando recordes em quantidades chocantes."

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