Clima e ciência
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Por AFP — Genebra

As geleiras suíças estão derretendo cada vez mais rapidamente. A conclusão nada animadora é de um estudo da Academia Suíça de Ciências Naturais, publicado nesta quinta-feira, que aponta uma perda de cerca de 10% no volume desses blocos de gelo nos últimos dois anos devido à mudança climática. O percentual de perda é o mesmo registrado nas três décadas entre 1960 e 1990.

O relatório informa que o derretimento foi de 6% em 2022 e próximo de 4% em 2023, os dois anos com maiores perdas de volume desde o início dos registros. Segundo o grupo de especialistas da academia suíça que estuda a criosfera (áreas congeladas do planeta), a falta de neve no inverno e as temperaturas extremas registradas no verão desferiram um duro golpe nessas importantes geleiras.

Em abril deste ano, a ONU alertou que as geleiras do mundo derreteram em velocidades recordes no ano passado. Foi uma perda média de mais de 1,3 metro de espessura entre outubro de 2021 e outubro de 2022, muito maior do que a média dos últimos dez anos. Ainda no fim do ano passado, o derretimento dos Alpes suíços foi tamanho que chegou a revelar segredos: destroços de um avião e até restos humanos.

Matthias Huss, líder da rede de Monitoramento das Geleiras Suíças (Glamos, na sigla em inglês), explicou à AFP que o que torna esses extremos mais prováveis “é uma combinação da péssima sucessão de extremos meteorológicos e da mudança climática":

— Se continuarmos no ritmo dos últimos anos (...), todo ano será ruim — destacou, vislumbrando até um pior cenário: — Vimos mudanças tão fortes no clima nos últimos anos que é totalmente possível imaginar este país sem geleiras.

Huss destaca, no entanto, que uma ação decisiva para "estabilizar o clima", que envolva atingir zero emissões de CO2, poderia tornar possível conservar "um terço do gelo formado na Suíça".

País da água

O degelo atingiu todo o país, considerado a caixa d'água que é a Europa graças às suas 1,4 mil geleiras, que alimentam inúmeros lagos, rios e riachos.

No sul e no leste da Suíça, as geleiras derreteram quase tanto quanto durante o ano recorde de 2022. Nessas áreas, por exemplo, foi registrado um derretimento muito acima de 3,2 mil metros. Há alguns anos, as geleiras ainda estavam em equilíbrio nessa altitude.

Isso significa "que todas as pequenas geleiras terão desaparecido e que as grandes geleiras serão muito menores, mas ainda haverá algum gelo nas regiões mais altas dos Alpes e algumas geleiras que poderemos mostrar aos nossos netos", amenizou Huss.

As temperaturas elevadas registradas neste verão na Suíça levaram o limite da isoterma 0 (superfície onde se registra 0ºC) a níveis recordes de 5.298 metros, superiores ao ponto mais alto do país, o pico Dufour (4.636 m).

Escassez de neve

O inverno 2022/2023 foi marcado principalmente pela falta de neve. Na primeira quinzena de fevereiro, acima dos 1 mil metros de altitude, a quantidade de neve costumava ser um pouco maior do que durante os invernos de 1964, 1990 e 2007, quando caiu pouca neve.

Mas o degelo atingiu novos recordes na segunda quinzena de fevereiro e a quantidade de neve mal alcançou cerca de 30% da média plurianual. Acima dos 2 mil metros, mais da metade das estações automáticas com registros há pelo menos 25 anos também atingiu recordes mínimos.

Em junho, a camada de neve derreteu entre duas e quatro semanas antes do normal devido às altas temperaturas e à seca. Essas condições impediram a regeneração das geleiras.

No ano passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que o derretimento das geleiras é uma das dez maiores ameaças causadas pela mudança climática.

Outro estudo, publicado em janeiro na revista Science, alerta que metade das geleiras pode desaparecer antes do final do século se o aumento das temperaturas for limitado a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris sobre o clima — que inclusive corre risco de cair ainda neste ano.

A anomalia de temperatura, o parâmetro que os cientistas usam para medir quanto o clima de um ano desvia da média, já tem algum risco de superar, em 2023, a meta estabelecida pelo acordo.

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