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Coronavírus já matou mais de 60 mil; Trump diz que 'haverá muita morte' nos EUA nas próximas semanas

Maior parte dos óbitos, mais de 45 mil, ocorreu na Europa; em território americano, 311 milhões de pessoas estão em casa
Polícia turca confere documentos de viagem em rodovia perto de Istambul. Com 24 mil casos, governo restringiu movimentação entre cidades Foto: UMIT BEKTAS / REUTERS
Polícia turca confere documentos de viagem em rodovia perto de Istambul. Com 24 mil casos, governo restringiu movimentação entre cidades Foto: UMIT BEKTAS / REUTERS

NOVA YORK — O número de mortos pelo novo coronavírus superou 60 mil neste sábado, com a maior parte dos óbitos registrados na Europa e um forte aumento nos EUA e na Turquia . Segundo os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, a Covid-19 matou 62.376 pessoas desde o início da pandemia, no fim do ano passado, e infectou cerca de 1,1 milhão, sendo que 237 mil já se recuperaram.

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Itália (15.362 mortos) e Espanha (11.744 mortos) são os países mais atingidos, mas que também começam a apresentar números menores de infecções e mortes, algo atribuído às medidas de distanciamento social adotadas pelas autoridades locais. No caso da Espanha, o governo confirmou que as ações foram estendidas até o dia 25 de abril . Por outro lado, o Reino Unido parece estar vivendo os piores dias da pandemia, com 708 mortos entre sexta-feira e sábado, 4.313 no total. Foi a primeira vez em que os óbitos diários ultrapassaram a casa de 700.

Na França, o diretor nacional de Saúde, Jérôme Salomon, afirmou que cerca de 2 mil dos 7.650 óbitos ligados à Covid-19 ocorreram em asilos e outros estabelecimentos médico-sociais. Os demais foram registrados em hospitais. O país soma 83 mil casos, sendo que 28 mil pessoas estão internadas.

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Já nos EUA, que têm 300 mil casos , o número de mortes está acelerando a cada dia, especialmente em Nova York, estado que registra mais de 100 mil infecções. Entre sexta-feira e sábado, morreram 630 pessoas, elevando o total do estado a mais de 3 mil. Segundo o presidente Donald Trump, as próximas duas semanas "serão muito duras", e haverá "muitas mortes" neste período.  Ele disse que a situação dos estados pode ser comparada à de países, citando os casos da Califórnia e da Louisiana, local sempre mencionado por Trump como exemplo de rápida expansão da Covid-19.

O presidente voltou a defender o decreto que proíbe a exportação de equipamentos e suprimentos médicos, assinado na sexta-feira.

—  Nós queremos as máscaras. Não queremos que outras pessoas fiquem com elas —  afirmou.

Na sexta-feira, a 3M, uma das maiores fabricantes mundiais de máscaras, afirmou que essa decisão pode ter impactos significativos para o Canadá e a América Latina, que dependem dos equipamentos produzidos nos EUA. Sem querer entrar na polêmica, Trump revelou que o governo encomendou 180 milhões de máscaras , inclusive à 3M, negando as acusações de que o governo americano estaria desviando carregamentos de suprimentos médicos ao redor do mundo.

— Eles (a 3M) deveriam estar cuidando de nosso país. Não houve pirataria, houve o oposto — disse Trump.

O presidente americano ainda pediu que as pessoas sigam as recomendações sobre distanciamento social do governo federal, que foram estendidas até o final de abril, além das ações dos governos estaduais e municipais. Segundo levantamento feito pelo New York Times, 311 milhões de pessoas no país estão sob ordens para ficar em casa e sair apenas por necessidade ou para trabalhar, no caso de funções consideradas essenciais.

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Outro país que preocupa pela rápida expansão da doença é a Turquia: o primeiro caso foi registrado no dia 11 de março, em um homem que viajou pela Europa. Hoje, o país tem quase 24 mil infeções e 500 mortos. Para tentar conter o vírus, o presidente Recep Tayyip Erdogan anunciou uma série de medidas na sexta-feira, incluindo o uso obrigatório de máscaras em ambientes públicos, como mercados, o fechamento do comércio e um toque de recolher para pessoas de menos de 20 anos. Pessoas com mais de 65 anos não podem sair de casa. Além disso, viagens entre as 31 maiores cidades do país estão proibidas por duas semanas.

— Fazer com que as coisas voltem ao normal em nosso país está nas mãos de nossas 83 milhões de pessoas —afirmou Erdogan.

Medidas parecidas foram tomadas na Argélia, nos Emirados Árabes Unidos —   onde o emirado de Dubai anunciou uma quarentena por duas semanas e a ampliação do toque de recolher noturno —  e na Arábia Saudita, que bloqueou partes da segunda maior cidade do país, Jedá, na costa do Mar Vermelho. No Egito, a pandemia levou ao cancelamento de um dos mais ambiciosos projetos da história recente do país:a construção de uma cidade administrativa que servirá de sede para o governo. Neste sábado, o presidente Abdel Fattah al-Sisi anunciou que o local só deve começar a receber os órgãos públicos em 2021, e não mais em meados de 2020. O custo da obra é estimado em US$ 58 bilhões. Além da cidade, outros projetos, incluindo um novo museu, foram paralisados por tempo indeterminado.