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Coronavírus: Japão planeja bloquear venda de empresas produtoras de remédios e equipamentos médicos para estrangeiros

Segundo imprensa local, governo deverá incorporar indústrias farmacêuticas e produtoras de tecnologia médica à lista de setores essenciais para a segurança nacional
De máscara, primeiro-ministro Shinzo Abe ao fim de entrevista coletiva Foto: KIYOSHI OTA / AFP
De máscara, primeiro-ministro Shinzo Abe ao fim de entrevista coletiva Foto: KIYOSHI OTA / AFP

TÓQUIO – O Japão planeja bloquear a venda de empresas  produtoras de remédios ou equipamentos médicos para compradores estrangeiros, disse nesta quarta-feira uma reportagem do jornal Nikkei Asian Review. Em meio à disputa global por medicamentos, respiradores e  utensílios hospitalares, a medida é uma tentativa de garantir que produtos essenciais para o combate à Covid-19 não faltem no mercado japonês.

Segundo a imprensa local, o governo incluirá empresas que operam nas áreas de produção de vacinas, remédios e equipamentos respiratórios avançados em sua lista de setores essenciais para a segurança nacional. Isto ocorre dias após a companhia Fujifilm atrair atenção global com seu remédio antiviral Avigan, que vem sendo testado contra o novo coronavírus.

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A medida se aplicará a empresas que lidam com a prevenção e com o tratamento de doenças infecciosas, incluindo produtoras de insumos, vacinas e fórmulas. Ela também será extensiva a indústrias que produzem equipamentos médicos raros ou que entrariam em escassez em caso de pandemias, como respiradores, máquinas de diálise e de circulação extracorpórea.

A previsão é que a medida seja oficializada em maio e comece a ser implementada em julho. O Japão viu um aumento de casos da Covid-19 nas últimas semanas, registrando mais de 11 mil diagnósticos, com 281 mortes. O premier Shinzo Abe declarou estado de emergência no último dia 16, mas sem a possibilidade de impor as medidas, as autoridades contam essencialmente com a boa vontade dos cidadãos, que são majoritariamente favoráveis ao estado de emergência.

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Medidas similares

A Índia, maior exportadora de medicamentos genéricos do mundo , ordenou no dia 3 de março que sua indústria farmacêutica cessasse a venda de mais de 25 remédios e insumos para o exterior, a menos que houvesse permissão explícita do governo. Entre eles, o antiviral aciclovir, o paracetamol, uma série de antibióticos e a hidroxicloroquina, um medicamento contra  a malária que vem sendo testado contra a Covid-19, mas ainda sem a  comprovação de eficácia.

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Por pressão dos Estados Unidos, epicentro da pandemia — no país já são mais de 826 mil casos da doença, com mais de 45 mil mortes — algumas dessas restrições foram aliviadas. Os americanos estão no centro da corrida global por equipamentos e suprimentos médicos, na qual a lei do mais forte vem prevalecendo.

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No mês passado, fontes do governo alemão disseram à agência Reuters que o governo americano vinha buscando vantagens na compra de uma vacina em potencial que vem sendo produzida no país. Em paralelo, uma compra em larga escala pelos Estados Unidos cancelou a aquisição e equipamentos de proteção individual (EPIs) que o Brasil fez da China.

Trump chegou a ameaçar sancionar a empresa 3M, produtora das máscaras tipo N95, essenciais para a proteção das equipes médicas, caso ela não cessasse a exportação da peça para o Canadá e a América do Sul, algo que a companhia se negou a fazer. Os lados chegaram a um consenso no início de abril: a 3M poderá continuar com as exportações, mas deverá importar para os EUA 55 milhões de máscaras ao mês por três meses, vindas majoritariamente de sua fábrica na China.