Mundo Coronavírus

Crianças espanholas começam a sair do confinamento neste domingo

Com um total de 23.190 mortes, país é o terceiro mais afetado no mundo pela pandemia; famílias não podem ficar mais de uma hora fora de casa
Crianças brincam ao ar livre em Valencia, na Espanha Foto: JOSE JORDAN / AFP
Crianças brincam ao ar livre em Valencia, na Espanha Foto: JOSE JORDAN / AFP

MADRI – Depois de 42 dias sob quarentena , as crianças espanholas puderam sair neste domingo para brincar ou passear nas ruas por uma hora. Em meio ao alívio do confinamento imposto pela pandemia em todo o continente, a autorização foi suficiente para mudar o cenário das ruas pela Espanha , mas deixa claro que a retomada da vida normal será lenta , gradual e controlada .

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As ruas foram tomadas por patinetes, bicicletas e famílias completas, algo que vai na contramão da autorização – pela medida, apenas um adulto deve acompanhar até três crianças. Outros aspectos também mostram que o abrandamento não significa a volta da normalidade: as 6 milhões de crianças espanholas devem ficar em um raio de 1 quilômetro de casa e manter o distanciamento social, não compartilhando brinquedos entre si. Os parques também continuam fechados.

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Durante dias, os pequenos esperaram impacientemente por esse momento. Ainda assim, com tanta tensão acumulada, as coisas nem sempre ocorreram como o esperado. Carlota, de 6 anos, saiu com seu pai, Cristóbal em Barcelona, e não queria subir na bicicleta:

– Eu não lembro como se pedala – disse a menina que, em seguida foi lembrada de que teria apenas uma hora na rua. – O que eu quero são os meus amigos.

Na capital, o cenário era parecido. Apesar dos parques e zonas verdes da capital estarem oficialmente fechadas, muitas delas estavam sem fiscalização e foram tomados por famílias, respeitando as diretrizes de distanciamento social. Durante a tarde, a polícia esvaziou alguns destes parques. É com esta nova realidade que as crianças vêm se acostumando.

– Estou bem cansado, mas gostei – disse Tomás, de 7 anos, que saiu com seu pai e sua irmã mais nova, de 4 anos. – A rua está um pouco vazia, vi poucas pessoas e muito cocô de cachorro. Fiquei muito feliz de ver meu amigo Nico, mas triste porque não pude abraçá-lo para eu não pegue o coronavírus.

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A Espanha, que nas últimas 24 horas registrou 288 mortes em razão da Covid-19, o menor número diário desde o dia 20 de março, adotou no dia 14 daquele mês um dos mais rígidos confinamentos do planeta, que foi prorrogado até 9 de maio.

Com um total de 23.190 mortes, é o terceiro país com mais mortes em decorrência da pandemia iniciada na China no final de 2019, atrás dos Estados Unidos (mais de 54 mil) e da Itália (26.644), e seguida pela França (22.614) e pelo Reino Unido (20.319). Na terça-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez apresentará um plano para suavizar as restrições a partir dos meados de maio, mas, se a tendência de desaceleração dos novos casos continuar, os adultos poderão caminhar ou se exercitar nas ruas a partir do dia 2 de maio.

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Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson, em repouso após passar três noites na unidade de terapia intensiva em razão do vírus, retornou à residência oficial do governo britânico após duas semanas se recuperando em sua casa de campo. A expectativa é que ele volte a comandar o país na segunda-feira, em meio à discussões sobre como acontecerá a retomada das atividades no Reino Unido.

Na vizinha França, o premier Edouard Philippe apresentará ao Parlamento na terça-feira seus planos para a reabertura gradual do país, que deverão ser debatidos e votados pela Casa. O alívio das medidas em vigor desde 17 de março deverá começar no dia 11 de maio, provavelmente com a reabertura das escolas. Os detalhes, no entanto, ainda são desconhecidos.