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De Minneapolis para o mundo: veja a cronologia do caso George Floyd

Morte de segurança desempregado, enterrado nesta terça-feira, gerou protestos nos EUA e no mundo; quatro policiais envolvidos no episódio foram demitidos e estão sendo processados
Pessoas em frente a um mural em homenagem a George Floyd, em Houston, no Texas Foto: Johannes Eisele / AFP
Pessoas em frente a um mural em homenagem a George Floyd, em Houston, no Texas Foto: Johannes Eisele / AFP

RIO — Na noite de 25 de maio, gravações feitas por transeuntes em uma rua de Minneapolis, no estado americano de Minnesota, foram postadas em redes sociais e desencadearam os maiores protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos desde 1968. As imagens de um policial branco ajoelhado durante quase nove minutos no pescoço de um homem negro correram o pais e e o mundo. "Não consigo respirar" e "mamãe" foram as últimas palavras de George Floyd, de 46 anos. Floyd, um segurança desempregado, foi enterrado nesta terça-feira , e os quatro agentes envolvidos no caso estão sendo processados. Confira a cronologia do caso.

25 de maio

A polícia é chamada para uma ocorrência no início da noite em um loja de conveniência de Minneapolis. Um cliente, George Floyd, é acusado de tentar passar uma nota falsa de US$ 20. Quando os agentes chegam, câmeras de segurança mostram que Floyd está dentro de um carro com duas pessoas. Apontando uma arma, um dos policiais o manda sair e o algema. Quando é levado para um carro da polícia, Floyd cai no chão, segundo um relatório da Promotoria dizendo ter claustrofobia. Pouco depois, chegam mais dois agentes ao local, entre eles Derek Chauvin, que acumulava 17 queixas por abusos na função. Depois de tentar empurrar Floyd para o veículo, Chauvin o imobiliza no chão, ajudado por outros três policiais. Neste momento transeuntes começam a filmar a cena. Por oito minutos e 45 segundos, o policial fica ajoelhado no pescoço de Floyd , enquanto ele diz ao menos 16 vezes: “Por favor, eu não consigo respirar". Floyd para de se mexer e os policiais chamam uma ambulância, mas Chauvin mantém o joelho no pescoço de Floyd. Quando a ambulância chega, ele é levado e, pouco depois, declarado morto.

26 de maio

Os quatro policiais envolvidos na morte são demitidos, e o FBI passa a investigar o caso. Celebridades, como o astro do basquete LeBron James, protestam contra o ocorrido. Protestos começam em Minneapolis, e na madrugada de 27 de maio a delegacia onde trabalhavam os policiais é incendiada.

29 de maio

Derek Chauvin é preso e acusado de assassinato em terceiro grau, o que ocorre, de acordo com as leis de Minnesota, quando um indivíduo não tem a intenção de matar, mas age com grande indiferença à vida humana. Os protestos não cessam e tomam proporções nacionais. Delegacias e lojas são incendiadas. No Twitter, Donald Trump diz que "quando os saques começam, os tiros começam" — a publicação é sinalizada pela rede social por fazer "apologia à violência". Com protestos ao redor, a Casa Branca, em Washington, tem as luzes externas apagadas, e Trump é levado para um bunker subterrâneo.

31 de maio

No sexto dia consecutivo de protestos que chegam a quase todos os 50 estados do país, 25 cidades decretam toque de recolher e 15 estados pedem intervenção da Guarda Nacional.

1º de junho

Laudos de duas autópsias são divulgados — um oficial, pedido pelo condado de Hennepin, e outro independente, pedido pela família —, concluindo que a causa da morte de Floyd foi a pressão sobre o seu pescoço . Os legistas, em um comunicado, classificam a causa da morte como uma parada cardiorrespiratória por "contenção e compressão do pescoço”, que acarretou um "homicídio culposo". Os protestos tomam proporções internacionais. Há atos em países como Alemanha, Holanda, Bélgica e França.

Trump ordena que um protesto em frente à Casa Branca seja dissolvido para que possa caminhar até a Igreja Episcopal de São João, onde posa com a Bíblia, o que lhe rende críticas de líderes religiosos e políticos. Ele ameaça enviar os militares para reprimir as manifestações nos estados.

3 de junho

Keith Ellison, procurador-geral de Minnesota, processa Derek Chauvin também por homicídio em segundo grau — quando a morte é intencional, ainda que não premeditada. Os outros três agentes envolvidos no caso são acusados de terem participado da ação e ajudado o assassinato. Os protestos, maciços, seguem. O secretário da Defesa, Mark Esper, diz que se opõe ao uso de militares na repressão.

6 de junho

Milhares tomam as ruas de Washington, Los Angeles, Nova York, Miami, Minneapolis e outras cidades, em protestos pacíficos que pedem justiça para Floyd e dizem que "vidas negras importam". Também há manifestações em Londres, Frankfurt, Sydney, Tóquio e Seul, entre outras cidades.

7 de junho

No Brasil, marchas contra o racismo lembram casos recentes de negros mortos em operações policiais.

8 de junho

Na véspera do enterro de Floyd, democratas no Congresso apresentam uma ampla proposta de reforma das forças policiais . Anunciada pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o principal objetivo é controlar o uso indiscriminado de força por forças de segurança, especialmente contra negros e minorias.

A proposta planeja acabar com técnicas de imobilização que envolvam o asfixiamento, como a usada contra Floyd pela polícia de Minneapolis. A prática de invadir residências sem bater na porta, comum em operações contra o tráfico de drogas, também seria banida. Os policiais, incluindo os federais, teriam que usar câmeras para registrar as operações e teriam o uso de força letal restrito.