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Duas autópsias concluem que pressão sobre o pescoço foi a causa da morte de George Floyd

Autópsia oficial aponta homicídio culposo e doença arterial, hipertensão e uso recente de metanfetamina; causa seria insuficiência cardiopulmonar
George Floyd é sufocado até a morte por Terek Chauvin em Minneapolis, acusado de passar uma nota de US$ 20 falsa Foto: DARNELLA FRAZIER / AFP
George Floyd é sufocado até a morte por Terek Chauvin em Minneapolis, acusado de passar uma nota de US$ 20 falsa Foto: DARNELLA FRAZIER / AFP

MINNEAPOLIS, EUA — Laudos de duas autópsias divulgados nesta segunda-feira — tanto o oficial, pedido pelo condado de Hennepin, quanto outro, independente, pedido pela família — concluíram que a causa da morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco em Minneapolis, nos EUA, foi a pressão sobre o seu pescoço.

Os legistas do condado de Hennepin, onde fica Minneapolis, classificaram a causa da morte como uma parada cardiorrespiratória por "contenção e compressão do pescoço”, que acarretou em um "homicídio culposo", disseram em um comunicado.

O relatório também listou outras condições significativas para  morte, incluindo doenças cardíacas arterioscleróticas e hipertensas, intoxicação por fentanil e uso recente de metanfetamina.

Também nesta segunda-feira, o advogado que representa a família de Floyd afirmou que uma autópsia independente concluiu que a morte foi causada por asfixia e perda de fluxo sanguíneo no cérebro.

No último dia 25, Floyd foi rendido por quatro policiais, acusado de ter tentado passar uma cédula de US$ 20 falsa para comprar um cigarro. Depois de ser mantido imobilizado por quase nove minutos pelo policial Derek Chauvin, que pressionou seu pescoço com o joelho, e avisar que não conseguia respirar, o segurança de boate faleceu.

Os primeiros resultados da autópsia oficial divulgados pela Promotoria de Minneapolis não revelavam sinais de asfixia ou estrangulamento, mas sim que Floyd sofria de uma doença arterial e de hipertensão, o que, unidas à imobilização agressiva imposta por Chauvin, causaram um quadro de insuficiência cardiopulmonar.

Também: George Floyd e o policial acusado de matá-lo trabalharam como seguranças no mesmo clube latino de Minneapolis

Demitido ao lado dos outros três policiais que participaram da ação no dia seguinte à morte, Derek Chauvin foi preso na sexta-feira e acusado de assassinato em terceiro grau, o que ocorre, de acordo com as leis do estado de Minnesota, quando um indivíduo não tem a intenção de matar, mas age com grande indiferença à vida humana, o que pode culminar na morte do outro. O crime é passível de até 25 anos de prisão. Em 99% dos assassinatos com envolvimento da polícia entre 2013 e 2019, no entanto, os agentes responsáveis não foram sequer criminalmente acusados.

Nos protestos contra a violência policial após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, uma cena é cada vez mais comum: manifestantes se ajoelharem. Em alguns momentos, policiais e soldados também repetem o gesto. A atitude se inspira no ex-jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que, antes das partidas, em 2016, protestava assim contra a violência policial sofrida pela população negra
Nos protestos contra a violência policial após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos, uma cena é cada vez mais comum: manifestantes se ajoelharem. Em alguns momentos, policiais e soldados também repetem o gesto. A atitude se inspira no ex-jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que, antes das partidas, em 2016, protestava assim contra a violência policial sofrida pela população negra

A morte de George Floyd gerou uma série de protestos, primeiro em Minneapolis, depois em dezenas de cidades americanas. Já são sete dias de manifestações , algumas violentas, com confrontos entre manifestantes e policiais. O caso também repercutiu fora dos EUA. A Organização das Nações Unidas pediu para que o caso seja devidamente investigado.

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