Eleições EUA
PUBLICIDADE
Por — Detroit

O termômetro subiu no Michigan nesta terça-feira, quando os eleitores votaram nas primárias presidenciais democratas e republicanas. Literalmente, com o recorde de 22 graus Celsius de céu azul em pleno inverno na Grande Detroit. E no universo particular dos dois lados da disputa política. As seções eleitorais estão abertas até às 20h (22h no Brasil) e os resultados são aguardados com atenção, por motivos diversos, por democratas e republicanos.

A Casa Branca presta atenção especialmente no tamanho do voto de protesto no flanco democrata, no quadradinho do "sem compromisso" na cédula, mote de campanha liderada pela comunidade árabe-americana, crítica do apoio do governo de Joe Biden a Israel em meio ao desastre humanitário em Gaza, com mais de 30 mil civis mortos pelas ações militares israelenses. E no quanto a campanha ultrapassou os limites da Grande Detroit, onde vive a maioria dos americanos de origem palestina, iemenita, síria, libanesa, jordaniana e iraquiana, entre outros, no estado.

Os republicanos, em mais uma provável vitória de Donald Trump sobre Nikki Haley, estão de olho na capacidade do ex-presidente de atrair independentes e moderados, único grupo até o momento dominado pela ex-governadora nas prévias anteriores. E se eles seguem garantindo, nas bocas de urna, em sua maioria, não votarem de jeito nenhum no nova-yorkino em novembro.

Azuis e vermelhos também jogarão suas lupas na quantidade de cidadãos que decidiram votar em cada flanco. No dividido Michigan, pode-se escolher na hora do voto em qual dos dois lados se quer votar, e, creem analistas, o número de sufrágios nesta terça-feira será um retrato da mobilização de cada lado até o momento.

O governo estadual informa que pelo menos 1 milhão de pessoas votaram antecipadamente, uma das novidades no pleito deste ano. Como as primárias acontecem no começo das férias escolares de quase-primavera, o "Spring break", imagina-se que estudantes, especialmente, onde a mobilização contra as ações de Israel em Gaza, iniciadas após o ataque terrorista do Hamas em outubro do ano passado, já tenham votado em sua maioria.

Voto 'sem compromisso'

Estas são as primeiras prévias presidenciais, processo iniciado em janeiro, realizadas em um dos estados que devem de fato decidir as eleições em novembro — Trump derrotou Hillary Clinton em 2016 por pouco mais de 11 mil votos e Biden bateu o republicano quatro anos depois no Michigan com vantagem maior, 154 mil, mas que incluiu a votação em peso no democrata da comunidade árabe local, maioria em várias cidades da Grande Detroit.

— Votei em Biden há quatro anos, ele teve meu primeiro voto. Mas estou desapontado. Vou votar "sem compromisso" e ainda não decidi o que farei em novembro. Em Trump, não votarei, mas se a Casa Branca seguir financiando o massacre em Gaza, não seria ético votar no presidente — disse Syed Aftab, de 24 anos.

Syed Aftab, eleitor de Detroit, Michigan — Foto: Eduardo Graça
Syed Aftab, eleitor de Detroit, Michigan — Foto: Eduardo Graça

Funcionário de uma empresa de tecnologia, Aftab contou ao GLOBO que tem vários amigos palestino-americanos, "colegas de escola primária e secundária", com famílias e amigos vivendo na Faixa de Gaza. E que isso pesou na sua decisão.

— Não sou fanático por política, acompanho o que está acontecendo pelas redes sociais, onde é difícil pesar tudo, como Biden afirmando que o cessar-fogo está próximo. Está mesmo? Não vou compactuar com as mortes. Meu voto nesta terça é uma mensagem ao presidente: não sairei de casa se ele não usar o poder que nós, cidadãos americanos, demos a ele há quatro anos, para usar sua cadeira para impedir atos bárbaros, em qualquer lugar do planeta.

Trump 'ganancioso'

Pouco antes de votar, o pastor Robert Smith Jr., da igreja batista New Bethel, nome importante na comunidade afro-americana de Detroit, contou ao GLOBO que iria marcar o quadrado da cédula em Joe Biden.

— Entendo o voto de protesto, conversei com os ativistas, nossa comunidade sempre votou em peso no ex-deputado Andy Levin (um dos líderes da comunidade judaica local e entusiasta da campanha Listen to Michigan, que prega o voto "sem compromisso" como arma política), e nos opomos, do púlpito e como cidadãos, ao que ocorre em Gaza. Mas também é importante lembrar que, depois das primárias, o outro lado tem um homem ganancioso, ruim, que nos fará ainda mais mal, e ele precisa ser derrotado — afirmou.

Pastor Robert Smith Jr., eleitor de Detroit, Michigan — Foto: Eduardo Graça
Pastor Robert Smith Jr., eleitor de Detroit, Michigan — Foto: Eduardo Graça

Principal celeiro do voto democrata no Michigan, a Grande Detroit é um dos endereços em que Biden precisará abrir grande margem de votos em novembro para contrabalançar a força do trumpismo (seu cada vez mais provável adversário) nas áreas rurais e em subúrbios mais ricos de Denver, como Troy, onde, no último domingo, Nikki Haley fez um comício para centenas de pessoas e repetiu que Trump "não atrairá independentes ou moderados e, por isso, escolhê-lo nas primárias significa perder a Casa Branca".

Não é fácil encontrar eleitores republicanos em Detroit, cidade que vota majoritariamente com os democratas há décadas. Os poucos que conversaram com O GLOBO pediram para não serem fotografados e identificados pelas iniciais, preocupados com o aumento da polarização política.

A corretora de imóveis S.S, de 55 anos, diz que a escolha por Trump é simples: "estava aqui há sete, seis, cinco, quatro anos, e a economia do país era muito melhor". Ela também votou no republicano em 2020:

– Não concordo com a retórica de Trump, mas estávamos em melhor estado, o dinheiro rendia mais e voto pelo que informa meu bolso. Ele, o bolso, não erra nunca.

*Enviado especial do GLOBO em Detroit.

Mais recente Próxima Biden tenta virar o jogo em críticas sobre idade e afirma que Trump 'é quase tão velho quanto eu'
Mais do Globo

Vítimas fizeram registro de ocorrência na 9ª DP e exame corpo de delito no IML

Casal conta ter sido agredido por homem e filho de 13 anos dentro do metrô após discussão sobre lugar reservado a bicicletas

Cidade da Baixada Fluminense fica à frente de Niterói e de Petrópolis

Ideb: Paracambi fica em segundo lugar na Região Metropolitana

Del Boppel passeava com cachorro quando foi atacada por réptil de mais de 2 metros de comprimento

Idosa de 84 anos é mordida por jacaré e se salva de ataque após socar animal nos Estados Unidos

Toda a localidade, que compreende seis cidades do nordeste do estado de Goiás e o entorno do Distrito Federal vem sendo consumida pelo fogo há cinco dias

Brigadistas da Chapada dos Veadeiros denunciam recorrência de fogo em área de preservação ambiental

'It's Glowtime', evento anual da fabricante, deve apresentar telas maiores e novos recursos de câmeras para os celulares

Lançamento do iPhone 16: o que esperar do evento da Apple nesta segunda-feira

Transações movimentaram R$ 108 bilhões na última sexta-feira

Pix registra novo recorde com 227,4 milhões de operações, informa BC

Fenômeno é considerado a tempestade mais poderosa que afetou a Ásia em 2024

Vídeo: funcionários 'brigam' com rajadas de vento do Super Tufão Yagi, no Vietnã, ao tentar fechar portas de hotel

Dois dos mais famosos brasileiros do mundo se reúnem para campanha de lançamento da linha feminina da Democrata Calçados

Cauã Reymond posa com Gisele Bündchen e entrega: 'Fotografar com ela é como brincar de Siga o Mestre'

Artista foi diagnosticada com tumor no intestino em janeiro de 2023; ano passado ela entrou em remissão, porém, exames de rotina mostraram quatro novos focos de tumores

Preta Gil: entenda a cirurgia para amputar o reto que a cantora realizou como parte do tratamento contra o câncer

Artista sertanejo celebra chegada de novo neto com garrafa de bebida em hospital, e parte dos internautas questiona excesso com álcool

Uísque na maternidade? Reação de Leonardo a nascimento de filho de Zé Felipe e Virginia viraliza e gera debate