Eleições EUA
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Por O Globo e agências internacionais — Brownsville e Eagle Pass, EUA

Em ritmo de campanha eleitoral, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, e seu antecessor, o republicano Donald Trump, visitaram a fronteira EUA-México, no Texas, nesta quinta-feira, enquanto se encaminham para um possível segundo enfrentamento nas eleições de novembro. De um lado, Biden insistiu na aprovação de um acordo bipartidário para um pacote de políticas migratórias, barrado recentemente pelo Senado; Trump, por sua vez, adotou um discurso pesado contra a entrada ilegal na fronteira americana, relacionando migrantes com "terroristas", e tentando retratar seu adversário como um presidente incapaz de conter a crise.

Em sua segunda visita à fronteira desde 2021, Biden se reuniu com agentes da patrulha e agentes das forças de segurança em Brownsville, no Texas. Já Trump esteve em Eagle Pass, a 480 quilômetros de distância, ao lado de seu aliado, o governador republicano do Texas, Greg Abbott — que até então desafiava a jurisdição do governo federal na região, com uma lei que permitia a detenção, prisão ou expulsão de migrantes que cruzaram a fronteira ilegalmente, mas que acabou bloqueada por uma decisão judicial horas antes.

Em seu discurso, o democrata de 81 anos defendeu a importância da aprovação de um projeto de lei bipartidário que implementaria mudanças radicais no sistema de fronteiras, pressionando o Senado por um acordo. O texto (que integra um pacote de ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan, e alocaria em torno de US$ 36 bilhões em ações migratórias) foi posto em votação no início do mês, mas só teve o apoio de 49 senadores, 11 a menos do que o necessário para a aprovação.

Biden disse ainda que as autoridades de imigração "precisam desesperadamente de mais recursos", acrescentando que "já passou da hora de agir" na reforma.

— O Senado dos EUA precisa reconsiderar este projeto de lei e os senadores que se opõem a ele precisam deixar a política de lado e aprová-lo com base no mérito, não se vai beneficiar um partido ou beneficiar o outro — disse o presidente em seu discurso em Brownsville.

O presidente estava acompanhado do seu secretário de Segurança Interna e responsável pela fronteira, Alejandro Mayorkas, alvo de um pedido de impeachment pelos republicanos na Câmara dos Representantes por suposta negligência.

Um pequeno grupo de manifestantes pró-imigrantes protestou do lado de fora do aeroporto de Brownsville, gritando "Biden, escucha, estamos en la lucha" ("Biden, escute, estamos na luta", em tradução do espanhol). Durante o caminho até a fronteira, o presidente também passou por um pequeno grupo de apoiadores de Trump.

Donald Trump faz discurso sobre imigração na fronteira EUA-México, no Texas — Foto: Doug Mills / The New York Times
Donald Trump faz discurso sobre imigração na fronteira EUA-México, no Texas — Foto: Doug Mills / The New York Times

Por sua vez, o republicano chamou a crise fronteiriça de "invasão de Biden" e o acusou, como já fez antes, de destruir o país ao não conseguir conter o fluxo de migrantes através da fronteira. O ex-presidente também se dirigiu aos que patrulham a fronteira dizendo que eles "estão em uma guerra" e relacionou as pessoas que entram ilegalmente no país com crimes violentos.

— Eles vêm de prisões, vêm de instituições psiquiátricas — disse Trump perto da fronteira em Eagle Pass, ao lado de Abbot. — E eles são terroristas. Eles estão sendo autorizados a entrar em nosso país.

Trump também se concentrou na morte de Laken Riley, uma estudante de enfermagem de 22 anos encontrada morta na Geórgia, atribuindo a culpa a Biden. O homem acusado de matá-la é um imigrante da Venezuela que atravessou a fronteira ilegalmente e a sua morte tornou-se um ponto de conflito político.

As visitas ocorreram em um momento em que o número de entradas ilegais na fronteira americana atinge um novo recorde, com cerca de 370 mil pessoas detidas tentando atravessar os limites do país em dezembro passado, pondo a imigração como um dos temas centrais na corrida pela Casa Branca.

Decisão da Justiça

As visitas ocorreram no mesmo dia em que um juiz bloqueou temporariamente uma lei do Texas que desde março permite a detenção, prisão ou expulsão de migrantes que cruzaram a fronteira através de passagens não autorizadas e que permanecem neste estado fronteiriço com o México.

"Os estados não podem exercer controle de imigração, exceto quando autorizado pelo governo federal (…). Esta regra entra em conflito com aspectos-chave da lei federal de imigração e afeta as relações exteriores dos Estados Unidos", escreveu o juiz distrital David Ezra em uma resolução temporária.

A decisão foi celebrada pela Casa Branca. "Seja promovendo leis extremas (...) que tornariam as comunidades no Texas menos seguras, deixando os migrantes na beira da estrada no auge do inverno, ou instalando arame farpado para dificultar o trabalho da Patrulha da Fronteira, o governador Abbott repetidamente provou que não está interessado em soluções e apenas procura politizar a fronteira", disse o porta-voz Angelo Fernández Hernández num comunicado.

Abbott já declarou que recorrerá da decisão. "Não estou preocupado, era o que eu esperava. O juiz de primeira instância admite que este caso será decidido pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Concordo. O Texas tem bases jurídicas sólidas para se defender contra uma invasão", escreveu ele no X (antigo Twitter).

Vantagens e fraquezas

Para Trump, o debate em torno da fronteira é uma de suas vantagens políticas e um tema importante da tônica da sua candidatura. Há muito tempo, o republicano alerta em seus discursos sobre uma suposta "invasão" de imigrantes, que estão "envenenando o sangue" dos Estados Unidos.

Uma das suas promessas de campanha é iniciar o maior programa de deportação da História, caso volte à Casa Branca. Os planos envolvem, entre outras medidas, a proibição de entrada para pessoas de algumas nacionalidades majoritariamente muçulmanas, além da recusa de pedidos de asilo com base em alegações de que migrantes podem transmitir doenças infecciosas (como a tuberculose). Também está prevista a construção de campos de detenção para pessoas que aguardam seus casos serem processados pela Justiça.

Já para Biden, o tema é uma de suas principais vulnerabilidades, em um momento em que o recorde de travessias ilegais se soma às imagens constantes da migração em massa na imprensa americana.

No entanto, aliados do presidente acreditam que a recente decisão dos líderes republicanos do Congresso — a pedido de Trump — de abandonar um possível acordo bipartidário sobre a fronteira deu ao Partido Democrata uma rara oportunidade de capitalizar o tema a seu favor. O pacote previa, entre outras coisas, dificultar os pedidos de asilo e expandir a capacidade de detenção nas fronteiras, incluindo a convocação de mais agentes de segurança.

Em 2020, Trump já era visto como mais confiável para lidar com a política migratória do país por mais de 16 pontos percentuais de vantagem em relação a Biden, segundo uma pesquisa da NBC News. Em janeiro deste ano, no entanto, a mesma pesquisa apontou um aumento ainda maior: a vantagem passou para 35 pontos porcentuais.

Segundo a Associated Press (AP), 55% dos republicanos dizem que o governo precisa se concentrar na imigração em 2024, enquanto 22% dos democratas listaram o tema como uma prioridade. Isso representa um aumento de 45% e 14%, respectivamente, em relação a dezembro de 2022. (Com AFP e New York Times).

Mais recente Próxima Duelo no Texas: Biden e Trump visitam fronteira EUA-México nesta quinta em meio a recorde de imigração ilegal
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