Eleições EUA
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Por — Filadélfia, EUA*

Donald Trump saiu da Super Terça-Feira com um microfone maior do que tinha. Não é pouca coisa. A cinco meses e dez dias da Convenção Republicana, o ex-presidente provou, mais uma vez, o que diz até a quem preferia não escutar nas fileiras da oposição: “O partido é meu”. É mesmo. Venceu em todos os estados em jogo, com a exceção de Vermont, único triunfo de Nikki Haley na noite.

— Estes foram uma noite e um dia incríveis. Foi um período incrível na História de nosso país — disse Trump, em um discurso após a divulgação de quase todos os resultados, no qual, além de louvar o próprio desempenho, disse que, "se Biden não for derrotado", eles não "terão mais um país", além de outros ataques ao democrata.

Os votos dados nesta terça-feira a Nikki Haley nos 15 estados em disputa no flanco republicano foram insuficientes para sugerir uma possibilidade de virada. Na manhã desta quarta-feira nos EUA, a ex-governadora da Carolina do Sul anunciou sua desistência da corrida pela nomeação republicana, desejando boa sorte a Trump, mas sem declarar seu apoio a ele.

Enquanto ainda se manteve na disputa, comportou-se como uma Cassandra até a página dois, profetizando tal qual uma democrata que, com Trump, o caos voltará à Casa Branca. Também criticou pontos específicos do credo trumpista — entre eles o isolacionismo na política externa e o descaso com a austeridade fiscal –, mas sem denunciar o perigo real à democracia americana de um segundo mandato de Trump. Ao estender seu nome como pré-candidata até a Super Terça, conseguiu não mais do que adiar o apoio encabulado dos republicanos “country club” ao ex-presidente, cada vez mais desimportantes no populismo reinante. É muito pouco.

Líderes regionais da direita têm buscado mostrar ao ex-presidente o que avaliam ser uma vantagem de se ter tido uma derradeira adversária na batalha interna: Haley teria ajudado, indiretamente, a reorganização da impressionante máquina trumpista. Contatos amealhados desde 2016 foram resgatados, alianças com caciques locais fortalecidas, o exército do MAGA (sigla para “Faça a América grande novamente”, em inglês) retornou em peso à trincheira nativista. Falta convencer moderados e independentes, mas a campanha de Trump ocupa as ruas do país.

Movimento pró-Palestina no Michigan manda duro recado ao presidente dos EUA, Joe Biden

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Joe Biden, por sua vez, sem oponente interno sério (um dos enigmas pouco consequentes, mas divertidos, das primárias deste ano seria entender quem são afinal os 2% em média que saíram de casa, no inverno, para votar na líder espiritual Marianne Williamson ou no deputado Dean Phillips), venceu, como esperado, em todos os estados na disputa democrata na Super Terça-Feira. O voto de protesto por Gaza, eficiente no Michigan, onde mais de 100 mil eleitores se recusaram a cravar o nome do presidente nas urnas, repetiu-se em Minnesota, onde, os eleitores "não comprometidos" somaram quase 19% — a segunda opção mais votada, com 45 mil votos.

Biden não fez discurso após suas vitórias: apenas emitiu um comunicado destacando que as votações foram um sinal de que há muitas vozes a seu lado, e apontou para o que vê como riscos associados ao retorno de Trump à Casa Branca.

“Há quatro anos, eu concorri por causa da ameaça existencial que Donald Trump apresentava aos EUA”, escreveu Biden. “[Trump] é movido por suas queixas e delitos, focado em sua própria vingança e revanches, não no povo americano.”

Candidato radical

Na noite de terça-feira, a Casa Branca celebrou a escolha pelos republicanos do ultradireitista Mark Robinson como candidato a governador na Carolina do Norte. Acusado de negar o Holocausto e um treteiro profissional (já desancou as ex-primeira-damas Michelle Obama e Hillary Clinton e até a pop star Beyoncé, que classificou como “satânica”), o atual vice-governador do estado sulista inclui em sua plataforma a aprovação de restrições ao aborto e à proteção de pessoas LGBTQIAP+.

Negro, foi comparado pelo amigo Trump a Martin Luther King Jr., para horror dos liberais. Os democratas apostam na mobilização de mulheres e de eleitores moderados dos subúrbios de Raleigh e Durham para colocar o estado, reduto republicano vencido por Barack Obama em 2008, em disputa. Há quatro anos, Biden perdeu lá para Trump por apenas 1,3% dos votos e os 15 votos no colégio eleitoral poderiam compensar uma eventual derrota no Michigan por conta da oposição dos árabe-americanos, parte importante da coalizão de Biden.

De forma reservada, no entanto, o que nomes destacados do Partido Democrata nos estados decisivos do Meio-Oeste dizem, com indisfarçada irritação, é que a hora de fazer apostas passou. O dia seguinte ao da Super Terça-Feira é também o primeiro do jogo para valer. O treino acabou, frisou em aceno ao GLOBO uma figura central da militância do partido na Pensilvânia, estado que Biden precisa vencer em novembro. Ele acabara de sair da primeira ação caça-votos na Filadélfia de um grupo que conta com 1 milhão de militantes país afora, com acesso ilimitado à Casa Branca.

Com a maioria das pesquisas mostrando Biden atrás de Trump, as palavras de ânimo no evento, contou, centraram na necessidade de se substituir “esperas” — por uma eventual condenação do ex-presidente, cada vez mais turva com decisões recentes da Suprema Corte de maioria conservadora; pela recuperação da confiança dos eleitores com a economia a todo vapor do país, com taxas de desemprego recorde e inflação em queda — por “ação”. E, porta a porta, convencer os eleitores de que a partida está longe de estar perdida, ainda que o adversário, confiante, grite bem mais alto do lado de lá do campo.

*Enviado especial

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