Eleições EUA
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A noite de terça-feira confirmou que o presidente dos EUA, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump devem se enfrentar no dia 5 de novembro na disputa pela Casa Branca. Os dois mantiveram o favoritismo nas primárias e garantiram o "número mágico" de delegados que permite a indicação dos partidos Democrata e Republicanos à Presidência. Com isso, a campanha está de fato aberta, mesmo antes das convenções que oficializarão os dois nas cédulas.

O primeiro a garantir os delegados foi Joe Biden, que busca a reeleição. Ele atingiu os 1.968 estipulados pelos democratas depois da vitória na Geórgia, onde concentra boa parte de seus esforços de campanha. Ele também venceu no Mississippi, Washington, nas Ilhas Marianas do Norte e deve levar o voto dos democratas no exterior, que também celebraram primárias nesta terça. A convenção democrata está marcada para agosto.

"Há quatro anos, concorri à Presidência porque acreditava que estava em uma batalha pela alma de nossa nação", escreveu Biden, em comunicado. "Por causa do povo americano, vencemos aquela batalha, e agora estou honrado que a ampla coalizão de eleitores representando a rica diversidade do Partido Democrata ao redor do país pôs sua fé em mim mais uma vez para liderar o partido, e nosso país, no momento em que a ameaça que Trump apresenta é maior do que nunca."

Seu rival, Donald Trump, venceu na Geórgia, no Mississippi e em Washington, estado que garantiu os 1.215 delegados necessários para a indicação. A expectativa é de que ele também ganhe no Havaí — desde a Super Terça, no dia 5 de março,Trump não tinha mais adversários, após a desistência de Nikki Haley. O ex-presidente deve ser oficializado na Convenção Nacional Republicana, em julho.

Principal disputa da terça-feira, a primária da Geórgia foi encarada como uma prévia do novo duelo entre os dois candidatos em novembro. O estado foi conquistado por Biden na eleição de 2020, e se viu em meio à tentativa do republicano para reverter a derrota nas urnas — que inclusive motiva um dos quatro processos criminais enfrentados pelo ex-presidente.

Os dois chegaram praticamente garantidos nas cédulas após as vitórias na Super Terça, e mesmo assim dedicaram tempo e dinheiro à Geórgia. No sábado, Biden repetiu a um grupo de apoiadores em Atlanta alguns dos argumentos de seu carregado discurso sobre o Estado da União, proferido na quinta-feira passada no Congresso, onde tentou se apresentar não apenas como uma alternativa ao republicano, mas como a melhor forma de defender a democracia.

— Minha vida me ensinou a abraçar o futuro da liberdade e da democracia — afirmou o presidente. — Mas todos sabemos que Donald Trump vê um EUA diferente, uma história de ressentimento, vingança e retaliação. Esse não sou eu, esse não é você.

Também no sábado, a cerca de 100 km de distância, Trump tentou energizar sua base com críticas a Biden, incluindo sobre sua idade e sobre sua gagueira. O republicano usou o assassinato de uma jovem em uma universidade na Geórgia, Laken Riley, supostamente morta por um venezuelano em situação irregular nos EUA, para levantar a pauta da imigração, um tema quente de campanha.

— Ele era um imigrante ilegal. Ele era um estrangeiro ilegal, e que não deveria estar em nosso país, e jamais estaria sob as políticas de Trump. Biden deveria pedir desculpas por se desculpar com esse assassino — disse Trump. No discurso sobre o Estado da União, a deputada conspiracionista Marjorie Taylor Greene entregou a Biden um broche com o nome de Laken Riley, na esperança de constranger o presidente. Ele acabou mencionando o nome da jovem no plenário, para certa surpresa da parlamentar, que usava um boné da campanha de Trump.

Estado-pêndulo

Segundo números preliminares, oito milhões de pessoas estavam registradas para votar nas primárias democratas e republicanas, uma alta de 10% em relação a outubro de 2020, quando foram fechadas as inscrições para a eleição daquele ano. Contudo, a expectativa é de que o número diminua após uma análise de pessoas que se mudaram ou morreram.

Apesar dos resultados da primária da Geórgia já serem esperados, há um grande interesse sobre o comportamento dos eleitores. O estado votou de forma constante nos republicanos entre 1996 e 2016, inclusive em eleições gerais vencidas pelos democratas Bill Clinton (1996) e Barack Obama (2008 e 2012).

Em 2016, Trump venceu Hillary Clinton por mais de cinco pontos percentuais, mas em 2020, a participação de organizações de base e mesmo as intensas disputas locais, como ao Senado e ao governo estadual, impulsionaram a candidatura de Biden, que venceu por menos de 12 mil votos. Com isso, a Geórgia passou a ser incluída na lista de "estados-pêndulo", aqueles que não têm uma tendência definida de votação, e que geralmente definem as eleições.

Em novembro, os eleitores ali escolherão apenas o presidente e os deputados, e a menor quantidade de disputas e palanques exigirá dos candidatos a construção de argumentos e bases próprias.

Biden, por exemplo, ampliou os investimentos em publicidade, e tentou fortalecer laços com organizações ligadas à população latina e, especialmente, os afro-americanos, vistos como responsáveis por sua vitória no estado em 2020 — uma pesquisa de boca de urna da Pew Research mostrou 92% dos negros na Geórgia votaram no democrata há quatro anos.

Mas a situação não é a mesma. Questionamentos sobre a perda do poder de compra das famílias e uma certa desilusão com as políticas raciais do presidente corroeram parte desse apoio: em janeiro, uma sondagem da Pew Research revelou que 49% dos adultos negros desaprovam seu governo, enquanto 48% aprovam. Para especialistas, boa parte da queda na popularidade está relacionada à dificuldade do governo de transmitir à população suas ações. Daí o investimento pesado em publicidade.

— Eles [políticos] vivem na bolha de Washington — disse à CNN Fred Hicks, estrategista democrata baseado na Geórgia. — E eles acham que suas políticas são conhecidas, compreendidas e que o impacto delas é sentido fora da bolha de Washington, e não é o caso. Então precisarão contar às pessoas o que fizeram.

Para Trump, o problema é seu passado: há quatro anos, ele foi derrotado por 11.779 votos, e a Geórgia, ao lado do Arizona, foram decisivas para evitar sua reeleição. Nas semanas seguintes, ele liderou uma operação para tentar reverter o resultado das urnas, usando questionamentos e pressões que hoje estão sendo analisados pela Justiça: em uma das ofensivas, chegou a pedir ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, que “encontrasse” os votos que faltavam para ele. Brad negou e virou "persona non grata" para o ex-presidente.

Apesar de ter resistido à ofensiva de Trump em 2020, o governador republicano Brian Kemp, que até hoje não tem boas relações com ele, apoia publicamente o ex-presidente esse ano. E mesmo com pesquisas recentes dando vantagem a Trump, integrantes da campanha citam que muitos eleitores ainda carregam ressentimentos com a ofensiva do republicano há quatro anos.

— A miragem das pesquisas é muito perigosa para que seja usada a nosso favor — disse um estrategista republicano à CNN, sem se identificar. — Esses eleitores Kemp-Warnock (que “dividiram” seus votos para o governador republicano e o senador democrata em 2020) não querem sequer começar uma conversa sobre Trump, você não consegue nem argumentar com eles.

Na primária desta terça na Geórgia, esse sentimento foi visto em condados como o de DeKalb, onde fica Atlanta. Ali, Nikki Haley, que desistiu após a Super Terça mas ainda aparecia nas urnas, teve quase 40% dos votos, cenário similar ao do condado de Fulton — o mais populoso do estado. A grande questão é se esses eleitores que escolheram Haley poderão eventualmente votar em Biden, escolherão Trump ou vão se abster em novembro. Em 2020, Biden venceu nos três condados.

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