Eleições EUA
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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 01/07/2024 - 04:37

Sobrinho de Kennedy desafia Biden e Trump

Robert Kennedy Jr., sobrinho de John Kennedy, entra na corrida presidencial como independente, desafiando Biden e Trump. Com 10% das intenções de voto, promete abordar questões polêmicas e atrair eleitores descontentes. Sua candidatura embaralha o cenário político e pode ser decisiva nas eleições.

Pode parecer birra. Ato de guerrilha política. Ou ensaio para voos futuros mais críveis. Mas Robert Francis Kennedy Junior, ou RFK Jr., como se apresenta, jura que não é nada disso. O controverso advogado e ambientalista de 70 anos, marcado pelo negacionismo sobre as vacinas na pandemia, garante que sua candidatura independente à Casa Branca é para valer, especialmente após o desempenho desastroso do presidente Joe Biden no primeiro debate presidencial, quinta-feira, testemunhado por 47,9 milhões de pessoas.

Com o colapso de Biden e a sucessão de mentiras de Trump, a campanha de RFK Jr. aposta em um aumento do número dos eleitores nem-nem. Se disse “pronta para conversar” com os democratas para voltar aos braços do partido e se tornar o candidato governista, algo não levado a sério pela Casa Branca, e enfatiza desde a noite de quinta o slogan, que em inglês rima, “Kennedy is the remedy” ("o remédio é o Kennedy”).

Em seus comícios, com grande audiência jovem, RFK Jr. recita o mantra de ter iniciado um movimento que “põe o dedo na real ferida da democracia americana”: o bipartidarismo. E que, a quatro meses das eleições, é quem pode vencer o republicano Donald Trump. Basta, no entanto, feito bem menos ambicioso — por exemplo, receber 5% dos votos no disputado estado do Michigan — para o nepobaby se tornar fator decisivo em novembro.

Sem apoio da família

Atlético, com 1,85m de altura, sorriso que escancara a genética e zero preocupação com a conta bancária, o morador da muy liberal Los Angeles é sobrinho do presidente John Kennedy, assassinado em 1963. Outro tio foi Ted, durante 47 anos líder da ala progressista do Partido Democrata no Senado. E leva no passaporte o nome do pai, assassinado quando disputava as primárias presidenciais em 1968.

Após desistir de enfrentar Biden nas prévias e sem apoio de nenhum nome de peso da família, RFK Jr. disse adeus ao Partido Democrata e criou seu Nós, o Povo. Entrou na disputa, diz, de olho nos desinteressados em ver filme repetido, apelidados de nem-nem ou haters em dose dupla, pois torcem o nariz para Biden e Trump. O Washington Post fez as contas e mostrou que esse grupo hoje é um universo potencial de 15% do eleitorado.

Kennedy, em sua casa em Los Angeles — Foto: Ruth Fremson/The New York Times
Kennedy, em sua casa em Los Angeles — Foto: Ruth Fremson/The New York Times

— RFK Jr. é o único independente com dois dígitos de intenção de votos a quatro meses da eleição. E tem dinheiro suficiente para seguir até novembro. O que os dois lados majoritários querem desesperadamente saber é em que estados competirá e de quem tirará mais votos — diz o cientista político David Schultz, especialista em legislação eleitoral da Universidade Hamline.

Na quinta, RFK Jr. lamentou estar distante do estúdio da CNN, em Atlanta, na Geórgia, onde Biden e Trump protagonizaram o primeiro duelo do ano. Restou a ele participar, ao lado de sua vice, a advogada e investidora do Vale do Silício Nicole Shanahan, de 38 anos, de um “evento paralelo”, em que respondiam às mesmas perguntas do debate enquanto viam um desastroso Biden ser atropelado por uma série de mentiras de Trump em formato que não previa a checagem dos fatos em tempo real.

As regras da CNN, firmadas com as duas candidaturas majoritárias, também determinavam que só participariam candidatos com ao menos 15% em pesquisas de peso e nome confirmado nas urnas em estados suficientes para conquistar 270 votos no Colégio Eleitoral. Kennedy chegou a 11% e aguarda a confirmação em estados, entre eles Tennessee e Mississippi, onde conseguiu o número de assinaturas, mas ainda sem auditoria.

Sua campanha destacou o ineditismo de organizar um debate tão cedo na corrida eleitoral — os democratas desejavam usá-lo como prova de que Biden, aos 81 anos, não está velho demais, mas o tiro saiu pela culatra — e prometeu estar apta à disputa em todos os 50 estados até o fim de julho. “Se não alterarem as regras para nos prejudicar”, RFK Jr. aposta crescer o suficiente para aparecer no segundo debate, em setembro.

— Não estar em Atlanta escancarou sua condição de coadjuvante, mas não tirou sua importância no xadrez deste ano. Quanto mais estados decisivos o confirmarem na cédula, mais crucial será seu papel — diz o cientista político Clayton Allen, da consultoria de risco Eurasia.

‘Hipocrisia ’ de Biden

Até o dia do debate, Kennedy confirmara, além do Michigan, seu nome em outros nove estados, entre eles o igualmente decisivo Wisconsin. Democratas questionam na Justiça assinaturas que o garantiriam também em Nevada e Carolina do Norte. Para RFK Jr., as ações escancaram a “hipocrisia” de Biden, que vê em sua candidatura a defesa da democracia contra a ameaça autoritária de Trump. “Que democracia é essa, que só funciona para o presidente?”, martelou Kennedy nas redes sociais.

Kennedy faz trilha com seus cachorros em Los Angeles — Foto: Ruth Fremson/The New York Times
Kennedy faz trilha com seus cachorros em Los Angeles — Foto: Ruth Fremson/The New York Times

Em campanha, ele aborda a imigração irregular como “crise humanitária”, é entusiasta de programas de incentivo federal à energia limpa e crítico de Wall Street. Com posições políticas majoritariamente liberais, é, no entanto, ambíguo sobre o direito ao aborto, prega o catecismo antivacina e alimenta teorias da conspiração. A mais recente, com eco por conta de seu sobrenome, jura que a CIA pode eliminá-lo. Após ser informado do recebimento de ameaças por e-mail e de uma invasão de residência, o governo americano rejeitou oferecer segurança ao candidato. Duas análises independentes desacreditaram os relatos da campanha.

Kennedy não está só na terceira via. Também buscam lugar ao sol, pela esquerda, Jill Stein, do Partido Verde (criticada em 2016 por supostamente tirar votos de Hillary Clinton e facilitar a vitória de Trump), e o acadêmico Cornel West. À direita, Chase Oliver, com a estrutura capilar dos libertários, já se habilitou em 33 estados. Nenhum, porém, chega a 3% nas pesquisas.

Pets exóticos

À Associated Press, Matt Corridoni, porta-voz da campanha Biden, justificou as ações judiciais contra Kennedy por “ele ter sido recrutado por trumpistas e financiado pelos mesmos doadores para nos atrapalhar”. RFK Jr. nega as acusações. E observadores finos da cena política americana, como Schultz, creem que o sobrinho de John Kennedy pode atrair republicanos insatisfeitos com o trumpismo e as fragilidades de Biden, atrapalhando o ex-presidente. Sua candidatura embaralhou jogo já especialmente complexo.

Kennedy tira selfie com casal de corvos em sua casa, em Los Angeles — Foto: Robert F. Kennedy Jr. via The New York Times
Kennedy tira selfie com casal de corvos em sua casa, em Los Angeles — Foto: Robert F. Kennedy Jr. via The New York Times

Em entrevista na semana que passou ao New York Times, RFK Jr., que tem seis filhos de três casamentos, apareceu em sua casa de camiseta e calça jeans. Foi clicado com seus três cães e alimentando pets exóticos. Contou que trocou as emas, implicantes com a esposa, por corvos selvagens que os dois domesticaram. A reportagem abdicou de tratar de temas políticos ou econômicos. Mas os vídeos das aves viralizaram. Para leitores com boa memória, o inusitado da cena pode até não ser filme repetido, mas pareceu um remake, com pedigree no elenco principal, da disputa de 2016.

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