Eleições EUA
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Por O Globo com agências internacionais — Washington

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em um carta enviada aos democratas do Congresso nesta segunda-feira que estava "firmemente comprometido em permanecer na disputa", uma mensagem aos aliados no Capitólio que têm vindo a público pedir para que abandone a corrida presidencial após seu desempenho desastroso no debate da rede CNN.

Ele também ligou para o programa Morning Joe, da rede MSNBC, para afirmar que não se importava com nenhum dos "grandes nomes" que o pressionavam. "Se algum desses caras acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim", afirmou, desafiando: "Anuncie sua candidatura a presidente. Desafiem-me na convenção" em agosto.

Na carta de duas páginas, divulgado por sua campanha, Biden escreveu que "a questão de como vamos seguir em frente tem sido bem discutida há mais de uma semana". O presidente de 81 anos acrescentou: "E já está na hora de isso acabar. Temos um trabalho. E ele consiste em derrotar Donald Trump. Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa à frente só ajuda Trump e nos prejudica."

A carta foi divulgada um dia após cinco deputados democratas e vários membros do comitê terem dito, em uma ligação privada, que Biden deveria deixar a disputa, aumentando a pressão sobre o presidente e seus assessores. Ela também foi divulgada pouco antes do Congresso voltar de seu recesso, quando os legisladores esperam que esses pedidos se intensifiquem, afirmaram alguns congressistas ao site de notícias Axios. Nesse caso, a carta tenta conter a onda antes que se avolume.

No documento, o presidente dá indícios de estar farto do coro de pedidos vindo do Congresso, da imprensa e de outros lugares, como os grandes doadores da campanha, para que deixe a disputa. Ele diz que "não é cego" às preocupações, mas afirma que não estaria concorrendo "se não acreditasse piamente" que é o melhor candidato para derrotar Trump nas urnas. "Sei melhor do que ninguém a responsabilidade e o fardo que o candidato do nosso partido carrega. Carreguei isso em 2020, quando o destino da nossa nação estava em jogo", pontuou.

Biden repetiu que não concordava com os argumentos apresentados contra ele e não fez concessões sobre sua idade e capacidade de lidar com os compromissos da presidência e da campanha presidencial contra Trump. Enfatizou ainda que os pedidos para desistência negam os desejos dos eleitores que participaram do processo das primárias, observando que enfrentou apenas uma oposição simbólica. "Os eleitores do Partido Democrata votaram. Eles me escolheram para ser o candidato do partido", afirmou, acrescentando: "Será que agora vamos dizer que esse processo não tem importância? Eu me recuso a fazer isso".

Segundo o New York Times, o presidente também usou parte do documento para apresentar os feitos de seu mandato, citando a criação de 15 milhões de empregos, a derrota da "grande indústria farmacêutica", os investimentos no combate às mudanças climáticas e o esforço para melhorar a infraestrutura do país, contrastando com o que ele chama de visão econômica de "Trump e os republicanos do MAGA", acrônimo para Make America Great Again (Faça a América Grande Novamente, em tradução livre).

A carta foi recebida com reações mistas no Congresso, segundo o Axios. Um democrata sênior, ao ser questionado pelo site de notícias se achava que o documento seria suficiente para a abafar a pressão sobre Biden afirmou que "não". Já outro democrata observou que "fará diferença, especialmente para aqueles que ainda acreditam que ele está 'aberto' a uma decisão de retirada", reconhecendo, porém, que é provável que alguns legisladores reajam de maneira negativa.

O New York Times já havia pontuado que não seria possível saber se o documento conseguiria apaziguar a agitação entre os aliados de Biden no Capitólio, uma vez que a carta apresenta os mesmos argumentos que o presidente tem usado em eventos de campanha pelo país e na entrevista concedida à ABC News e que foi ao ar no domingo, na qual falou que só deixaria o cargo se "o Senhor Todo-Poderoso" o obrigasse. Nenhuma das garantias foram suficientes para fazer as críticas recuarem.

No domingo, em programas de televisão, políticos democratas elogiaram Biden, mas deixaram claro que seu futuro como candidato é incerto. Ao programa Meet The Press da NBC, o deputado democrata Adam Schiff, da Califórnia, afirmou que Biden precisa considerar, "para seu próprio bem e legado", se é capaz de vencer Trump. Schiff também reconheceu que há preocupações de que o presidente possa ser um empecilho para os democratas que concorrem às eleições para a Câmara e o Senado.

O senador Chris Murphy, um democrata de Connecticut, disse que Biden precisa de mais interações "improvisadas" e "não roteirizadas" com os eleitores para convencê-los de que ele está pronto para mais quatro anos na Casa Branca.

— Se ele não conseguir fazer isso, então, é claro, ele terá que tomar uma decisão sobre o que é melhor para o país e o que é melhor para o partido — disse Murphy ao programa State of the Union da rede CNN.

Semana intensa

A promessa de Biden de permanecer na disputa chega em uma semana crucial para sua presidência. Enquanto muitos democratas pedem para que o presidente intensifique sua campanha, ele se prepara para sediar a 75ª cúpula da Otan, em Washington, com início na terça-feira. Serão três dias de encontros, mas não há garantias de que Biden não seja perseguido por questões urgentes sobre seu futuro político durante a cúpula. Além disso, líderes estrangeiros e diplomatas estão entre os que mais expressaram preocupação com sua idade e saúde.

Ele também dará uma entrevista coletiva aos repórteres no final da cúpula, na quinta-feira. Biden não dá entrevista coletiva desde novembro de 2022, exceto durante uma viagem ao exterior. Desde o debate, quando se perdeu em frases confusas e se repetiu com frequência, o desempenho de Biden e sua capacidade de se articular têm estado sob escrutínio dos democratas.

No domingo, o presidente viajou para a Pensilvânia com paradas na Igreja de Deus em Cristo de Mount Airy, uma congregação negra na Filadélfia, para se reunir com um bloco importante de eleitores que ajudou a reviver sua candidatura presidencial de 2020. (Com AFP, NYT e Bloomberg)

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