Eleições EUA
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Por O Globo e agências internacionais — Nova York

O jornalista George Stephanopoulos, que entrevistou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, há menos de uma semana, disse não acreditar que o democrata é capaz de servir o país por mais quatro anos. O comentário foi feito enquanto ele andava pelas ruas de Nova York, após um pedestre questioná-lo sobre se ele achava que o atual mandatário deveria renunciar à disputa pela Casa Branca. A resposta do âncora da ABC News foi gravada e publicada nesta terça-feira pela site TMZ.

Mais tarde no mesmo dia, Stephanopoulos disse ao veículo que não deveria ter falado sobre o assunto com o transeunte. A ABC, por sua vez, afirmou que o jornalista "expressou sua opinião pessoal, e não a posição do veículo". O pedestre não estava com o telefone apontado para o âncora quando a pergunta foi feita — e sim para a calçada. A voz da resposta, porém, é claramente a dele, segundo a imprensa internacional.

Na primeira entrevista na TV desde o desempenho considerado desastroso no debate contra o ex-presidente Donald Trump, Biden disse que "estava exausto" e "doente" no dia do embate e que chegou a ser submetido a exames antes de entrar no palco. Apesar da pressão, ele não parece disposto a abandonar a disputa, afirmando que só poderia desistir "se Deus Todo Poderoso" pedir diretamente para ele. Pouco antes de o programa ir ao ar, uma governadora democrata sugeriu a Biden avaliar se ainda era o melhor nome para enfrentar Trump.

No início da conversa, que não foi editada antes de ir ao ar pela ABC, Stephanopoulos pergunta a Biden se seu mau desempenho no debate foi apenas uma "noite ruim" ou o sinal de algo mais grave. O presidente respondeu afirmando que foi um "momento ruim", mas que não indicava "qualquer questão mais séria". Biden disse que estava "exausto", que não escutou seus "instintos em termos de preparação" e que teve uma "noite ruim". O jornalista disse que parecia que o democrata teve "problemas desde a primeira pergunta" no embate com Trump, e Biden repetiu os argumentos.

O presidente afirmou ter sido submetido a uma série de exames, incluindo para a Covid-19, que deram negativo, e os médicos constataram que estava com uma gripe, algo que seus assessores afirmaram pouco depois do fim do debate. Ele revelou não ter assistido ao programa posteriormente e sugeriu que não se preparou de forma adequada para enfrentar um adversário como Trump, a quem acusou de mentir várias vezes ao longo dos 90 minutos do debate.

Lapsos frequentes

Biden se esquivou de uma pergunta sobre seus lapsos cada vez mais frequentes, episódios que foram relatados pelo New York Times, e garantiu que, embora não consiga "correr os 100 metros rasos em 10 segundos", ainda está apto a participar da vida pública, citando o discurso que fez no estado do Wisconsin na última sexta-feira. Ele não quis responder se se submeteria a um exame neurológico, alegando que seus médicos não pediram um e disseram que estava "bem".

— Eu passo por mais de um exame neurológico por dia — afirmou, fazendo uma analogia às cobranças e pressões do seu cargo. — Médicos viajam comigo para todo canto, como viajam com todos os presidentes. Os melhores médicos viajam comigo para todos os lugares. Eles fazem uma avaliação do que faço. Eles não pensariam duas vezes antes de me avisar que há algo errado.

Ao contrário das longas respostas de entrevistas no passado, Biden preferiu sentenças curtas, e o formato da entrevista, centrado em seu estado de saúde — principal tema da campanha — não abriu espaço para que discutisse seus planos caso seja eleito mais uma vez, em novembro. Mas ao mesmo tempo em que garantiu que permanecerá na disputa, deu sinais sobre como espera ser seu legado: "Se eu parasse agora, eu entraria para a História como um presidente bem-sucedido", enfatizou.

Originalmente, a ABC planejava gravar a entrevista na última sexta-feira, divulgando alguns trechos ao longo do dia, e exibi-la na íntegra no domingo, seguindo uma praxe dos canais americanos em entrevistas presidenciais. Mas as peculiaridades do momento da campanha à Casa Branca e da vida política dos EUA levaram a uma mudança de planos. A emissora disse que se ofereceu para entrevistar Trump, no mesmo formato, mas o republicano recusou o convite.

'Firmemente comprometido'

Nesta segunda-feira, Biden afirmou em carta enviada aos democratas do Congresso que estava "firmemente comprometido em permanecer na disputa". Ele também ligou para o programa Morning Joe, da rede MSNBC, para afirmar que não se importava com nenhum dos "grandes nomes" que o pressionavam a desistir. "Se algum desses caras acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim", afirmou, desafiando: "Anuncie sua candidatura a presidente. Desafiem-me na convenção" do Partido Democrata, prevista para ocorrer em agosto.

A carta foi divulgada um dia após cinco deputados democratas e vários membros do comitê terem dito, em uma ligação privada, que Biden deveria deixar a disputa, aumentando a pressão sobre o presidente e seus assessores. Ela também foi divulgada pouco antes de o Congresso voltar de seu recesso, quando os legisladores esperam que esses pedidos se intensifiquem, afirmaram alguns congressistas ao site de notícias Axios. Nesse sentido, a carta tenta conter a onda antes que se avolume.

No documento, o presidente dá indícios de estar farto do coro de pedidos vindo do Congresso, da imprensa e de outros lugares, como os grandes doadores da campanha, para que deixe a disputa. Ele diz que "não é cego" às preocupações, mas afirma que não concorreria "se não acreditasse piamente" que é o melhor candidato para derrotar Trump nas urnas. "Sei melhor do que ninguém a responsabilidade e o fardo que o candidato do nosso partido carrega. Carreguei isso em 2020, quando o destino da nossa nação estava em jogo", pontuou.

Ainda na semana passada, a revista americana The Economist pediu que Biden retirasse sua candidatura às eleições deste ano. A capa da edição publicada na última quinta-feira estampa a foto de um andador com o selo da Presidência americana e diz: "Sem condição de comandar um país." Na quarta passada, o atual mandatário se reuniu com um grupo de governadores democratas e com a vice-presidente, Kamala Harris, em busca de apoio e conselho sobre seus próximos passos. Biden tem 81 anos e, se reeleito, deixaria o segundo mandato aos 86. (Com AFP e NYT)

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