Eleições EUA
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Por O Globo e agências internacionais — Washington

“Não podemos deixar a aliança ficar para trás”, afirmou, na primeira sessão de trabalhos da cúpula da Otan em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden. Além de ser o anfitrião de um encontro considerado crucial para os rumos da guerra da Ucrânia, Biden encara a reunião como uma oportunidade para demonstrar força em outro campo de batalha, o político. Sob pressão para abandonar a disputa à reeleição, o democrata garante que seguirá até o fim, ao mesmo tempo que tenta evitar novos tropeços e deslizes em público.

Na noite de terça-feira, durante uma cerimônia em homenagem aos 75 anos da Otan, Biden leu cautelosamente um discurso projetado no teleprompter, no qual confirmou o envio de sistemas de defesa aérea para a Ucrânia e reiterou suas críticas à Rússia. Nesta quarta, na primeira sessão de trabalhos, fez uma curta introdução antes da imprensa ser convidada a saír da sala onde estão reunidos líderes e representantes dos 32 países

— Nós seremos capazes de produzir mais equipamentos de defesa, de forma mais rápida. E talvez precisemos deles — disse o presidente. — Todos os membros da Otan estão comprometidos em fazer a sua parte para manter a aliança forte.

O democrata usará o encontro em Washington para reforçar o apoio da aliança à Ucrânia, dois anos e meio depois do início da invasão russa, e no momento em que as forças de Moscou estão realizando pequenos avanços no Leste, fortalecendo posições de defesa e intensificando os ataques aéreos.

Na segunda-feira, 43 pessoas morreram em uma série de bombardeios ao redor do país, incluindo contra um hospital em Kiev. No dia seguinte, os EUA confirmaram o envio de baterias do sistema de defesa Patriot, e nesta quarta-feira, que caças F-16, um desejo antigo dos ucranianos, estão a caminho do país, e devem estar operacionais nas próximas semanas. Em comunicado emitido nesta quarta-feira, os líderes da Otan prometeram uma ajuda de ao menos € 40 bilhões (R$ 234,59 bilhões) em 2025, e reiteraram que a Ucrânia está em um "caminho irreversível" para se juntar à aliança.

"Nós continuaremos a apoiá-la [Ucrânia] no seu caminho irreversível para a plena integração euro-atlântica, incluindo a adesão à Otan. Reafirmamos que estaremos em posição de convidar a Ucrânia a aderir quando os aliados concordarem e as condições estiverem reunidas", diz o comunicado do encontro. "Os aliados continuarão a apoiar o progresso da Ucrânia em matéria de interoperabilidade [militar], bem como reformas adicionais no sector democrático e de segurança."

Chefes de Estado e de governo da Otan posam para fotografia em evento que marcou os 75 anos da aliança militar — Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Chefes de Estado e de governo da Otan posam para fotografia em evento que marcou os 75 anos da aliança militar — Foto: Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

Apesar do forte peso geopolítico da reunião, celebrada no mesmo local onde, há 75 anos, a Otan foi fundada, são as questões internas dos EUA que mais preocupam o presidente americano, hoje em um dos momentos mais difíceis de sua longa vida pública.

Desde o desastroso desempenho no debate contra Donald Trump, há duas semanas, a capacidade de Biden, de 81 anos, foi posta em xeque pelo meio político americano, e os pedidos para que abandone a disputa pela reeleição se acumulam, de todos os lados.

"A única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo", afirmou, em artigo para o New York Times, o ator e membro do Partido Democrata, George Clooney. "É devastador dizer isso, mas o Joe Biden com quem eu estava há três semanas na festa de arrecadação de fundos não era o Joe 'grande coisa' Biden de 2010. Ele não era nem mesmo o Joe Biden de 2020. Ele era o mesmo homem que todos nós vimos no debate.”

No mês passado, Clooney organizou um evento que arrecadou o equivalente a R$ 150 milhões para a campanha de Biden. Segundo pessoas que participaram da organização, citadas pelo New York Times, a festa exigiu longos deslocamentos do presidente, um esforço que, mais tarde, foi apontado pelo próprio Biden como um dos fatores para seu mau desempenho no debate. No artigo publicado, nesta quarta, Clooney parece ter abandonado qualquer esperança na reeleição do democrata.

"Não vamos vencer em novembro com esse presidente", escreveu Clooney. "Além disso, não ganharemos a Câmara e perderemos o Senado. Essa não é apenas a minha opinião; essa é a opinião de todos os senadores, membros do Congresso e governadores com quem conversei em particular."

O ator não foi a única figura do meio do entretenimento a questionar Biden.

— Quer dizer, estou profundamente preocupado. É especialmente difícil porque os democratas têm uma grande bancada. Quero dizer, muitos pesos pesados — afirmou, em entrevista à ABC, o ator Michael Douglas, que também organizou eventos de arrecadação para Biden. — Essa é uma pergunta tão difícil, mas eu adoro o cara. Você sabe, 50 anos de serviço público... um cara maravilhoso. E esta é uma daquelas eleições cruciais.

Reed Hastings, co-fundador da Netflix e grande doador do Partido Democrata, defendeu que Biden saia da disputa. Abigail Disney, herdeira da Disney, suspendeu todas as doações até que o presidente seja substituído. Barry Diller, billionário que negocia a compra da Paramount Global, foi sucinto ao ser questionado pelo site Ankler se ainda apoia a reeleição do democrata:

— Não.

Em vídeo divulgado pelo site TMZ, o âncora da rede ABC, George Stephanopoulos, respondeu que Biden não tem condições de governar por mais quatro anos, após ser questionado por uma pessoa na rua. Stephanopoulos, que na sexta-feira passada entrevistou Biden, disse posteriormente que não deveria ter tratado do assunto dessa forma, mas a opinião, mesmo que não oficial, tem peso entre os democratas: o hoje âncora atuou em duas campanhas presidenciais — Michael Dukakis, em 1988, e Bill Clinton, em 1992 — e trabalhou na Casa Branca entre 1993 e 1995, no primeiro mandato de Clinton.

Dentro do Partido Democrata, a tentativa de aliados de Biden de apagar os incêndios em torno de seu nome convive com o número cada vez maior de políticos que pedem que reconsidere a reeleição, ou que decida abandonar a disputa o quanto antes.

“Trump é uma ameaça existencial à democracia americana; é nosso dever apresentar o candidato mais forte contra ele. Joe Biden é um patriota, mas já não é o melhor candidato para derrotar Trump. Para o bem do nosso país, peço a Joe Biden que se afaste -- para cumprir a sua promessa de ser uma ponte para uma nova geração de líderes”, escreveu no X, o antigo Twitter, o deputado Pat Ryan.

Ele se juntou a outos sete deputados do partido que pediram publicamente que Biden saia da corrida pela Casa Branca. Sem declarar sua opinião sobre a manutenção ou não de Biden na campanha, o senador Richard Blumenthal disse estar “profundamente preocupado” com as chances de reeleição, e que o partido deveria chegar a uma conclusão sobre a chapa “o quanto antes”. Na véspera, ele havia feito uma contundente defesa de Biden, dizendo que o presidente estava “mostrando ter força para colegas e ao público”.

Presidente da Câmara, Nancy Pelosi, anuncia que deixará a liderança democrata na Casa — Foto: Olivier Douliery/ AFP
Presidente da Câmara, Nancy Pelosi, anuncia que deixará a liderança democrata na Casa — Foto: Olivier Douliery/ AFP

Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara, sugeriu em entrevista que Biden deveria reconsiderar sua decisão de concorrer, e apontou que o relógio está correndo.

— Cabe ao presidente decidir se vai concorrer. Estamos todos encorajando-o a tomar essa decisão. Porque o tempo está acabando — disse Pelosi, em entrevista à ABC, aparentemente ignorando que o presidente reiterou, em mais de uma ocasião, que vai “até o fim”. — Quero que ele faça tudo o que decidir fazer, e é assim que as coisas são. O que quer que ele decida, nós concordamos.

Horas depois, Pelosi disse, em comunicado ao New York Times, que “jamais disse que ele deveria reconsiderar sua decisão” de se candidatar.

A Convenção Democrata, que confirmará o nome de Biden (ou de outro candidato ou candidata) à Presidência, acontece entre 19 e 22 de agosto em Chicago. Biden sabe que, ao conseguir mais tempo como candidato, reduz as chances de ser substituído — por outro lado, aqueles que buscam uma nova candidatura parecem elevar o ritmo das críticas, que, até o momento, não parecem ter movimentado as peças na cúpula do partido.

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