Quem esperava ver no fim do terceiro dia da Convenção Republicana o JD Vance “on fire” dos programas de política da televisão americana saiu desapontado. Em um discurso morno, que pouco avançou além das pautas centrais da campanha de Donald Trump, o senador de 38 anos, agora oficialmente ungido como candidato à vice-presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano usou, como se esperava, sua história de vida para aproximá-lo do americano comum.
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Não foi coincidência o fato de ele citar, mais de uma vez, os trabalhadores de Wisconsin, onde a festa da direita acontece, da Pensilvânia e de Michigan. Se vencer nestes três, a chapa Trump-Vance ganha a eleição e ele tem a capacidade, no futuro, de inspirar esses eleitores. Não foi o que se viu na noite desta quarta-feira, no entanto, no Fiserv Forum.
Foi um discurso sem sequer uma frase memorável. Um olhar original ou sofisticado sobre as questões centrais da eleição ou o futuro da maior potência global. Em determinados momentos, pareceu um dos outros filmes ruins de Ron Howard, que adaptou sua autobiografia para a tela grande.
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Estreito, despertou interesse nas poucas vezes em que atravessou a fronteira do burocrático. Como quando criticou Joe Biden por ter apoiado a invasão do Iraque, arquitetada pelos gaviões do governo George W. Bush como resposta ao ataque terrorista de 2001. Aquele Partido Republicano foi enterrado no discurso de Vance, talvez o maior feito da mais de meia hora de apresentação.
Curiosamente, se voltasse duas décadas no passado e cerrasse os olhos, “vamos devolver o governo ao povo e não mais sermos serviçais de Wall Street” e “América para os trabalhadores americanos e não para a China” com direito até a uma cotovelada à Arábia Saudita, poderia ser esta a palestra de um quadro do Partido Democrata. Um quadro antiquado.