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GERADO EM: 18/07/2024 - 19:59

Trump oficializa terceira indicação à Presidência: retorno político marcado por discurso messiânico.

Trump oficializa terceira indicação à Presidência e controle absoluto do Partido Republicano, marcando retorno ao cenário político após atentado. Seu discurso na Convenção destaca sacrifícios e messianismo, sem detalhar plano de governo. Apoiadores atribuem aura divina após ataque. Mudança de tom para atrair eleitores indecisos é especulada.

“Eu entrei na arena política para que os poderosos não pudessem mais atacar as pessoas que não podem mais se defender. Ninguém conhece o sistema como eu, e por isso que eu, sozinho, posso consertá-lo”, afirmou um jubilante Donald Trump, recém-confirmado o candidato republicano à Presidência, no final da convenção republicana em um hoje distante 2016.

Oito anos, um mandato, uma condenação criminal, dois processos de impeachment e uma derrota para Joe Biden depois, Trump voltou ao palco que o consagrou em 2016 para aceitar sua terceira indicação à Presidência, menos de uma semana após quase ser morto em um comício. Mas ao contrário do azarão que fez muitos torcerem seus narizes — incluindo alguns atuais aliados, como seu vice, J.D. Vance —, ele chegou para se oficializar também como o comandante do Partido Republicano, hoje remodelado à sua imagem e semelhança.

— Ele não queria fortuna, fama, poder e posição. Ele já tinha tudo isso. Donald Trump e a sua família fizeram enormes sacrifícios para concorrer e servir como presidente. Ele não precisava fazer isso. Ele queria fazer isso — disse, na quarta-feira, Kellyanne Conway, coordenadora da campanha de Trump em 2016. — Agora, oito anos depois, ele e sua família fazem novamente o sacrifício para que ele concorra e sirva como presidente.

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Sucedendo ao democrata Barack Obama, Trump protagonizou vários momentos de caos em seus quatro anos à frente da Casa Branca. A saída brusca do Acordo de Paris, meses depois de assumir, foi uma promessa de campanha, mas abalou os esforços globais para controlar as emissões de gases do efeito estufa. A construção do muro na fronteira com o México, até hoje inacabada, serviu como argumento para atacar a imigração e a oposição dos democratas a políticas migratórias mais brutais. As discussões, agressões verbais e publicações frenéticas no X se tornaram um estilo de governar (ou não governar, como diziam os adversários).

Era a forma de colocar em prática seu slogan de campanha, “Façam os EUA Grandes Novamente”, ou Maga, sua sigla em inglês, uma marca que se fundiu ao seu próprio nome.

A aliança com alguns dos ideólogos da “alt-right”, a nova faceta do conservadorismo, o tornou um símbolo para pessoas que por décadas se viram à margem do sistema, incluindo supremacistas brancos e neonazistas — a marcha de Charlottesville, em 2017, quando uma multidão caminhou com bandeiras nazistas, tochas e símbolos racistas foi um dos marcos de seu primeiro mandato. Na época, não condenou a marcha, que deixou uma manifestante contrária morta, afirmando apenas que “havia pessoas muito boas dos dois lados”.

Camisetas e perucas de Donald Trump são vendidas nos arredores da Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee — Foto: Jim Vondruska/Getty Images/AFP
Camisetas e perucas de Donald Trump são vendidas nos arredores da Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee — Foto: Jim Vondruska/Getty Images/AFP

Mais do que impor suas ideias, Trump acirrou as já visíveis divisões internas, aproveitando para marginalizar determinados setores — como o movimento contra o racismo e os imigrantes — e privilegiar aliados. No Partido Republicano, deu voz a elementos extremistas, antes motivo de piada e desprezo na sigla. Parlamentares ligados a teorias da conspiração foram eleitos, detratores, afastados de seus postos no Congresso, e céticos começaram a perceber que não havia como deter a onda Maga: em vez de resistir, se juntaram a ela por medo de serem arrastados.

— Você não precisa concordar com Trump 100% das vezes para votar nele — disse a ex-governadora da Carolina do Sul e rival de Trump nas primárias, Nikki Haley, em discurso na Convenção. — Nem sempre concordei com o presidente Trump. Mas concordamos mais vezes do que discordamos. E concordamos que os democratas se moveram tanto para a esquerda que colocam nossas liberdades em perigo.

Fraude e messianismo

Em novembro de 2020, o trumpismo foi posto à prova na disputa contra Biden, e até hoje Trump não aceitou a derrota. O discurso de fraude eleitoral, jamais comprovada, recebeu amplo apoio dentro do Partido Republicano, mesmo depois que centenas de apoiadores invadiram o Congresso para tentar impedir a certificação dos votos do Colégio Eleitoral. O então vice de Trump, Mike Pence, se recusou a seguir as ordens do chefe para burlar o processo e hoje é um pária dentro da sigla.

A demonização dos democratas, a insistência na narrativa de fraude, resgatando alguns argumentos da campanha de 2016, quando afirmava ser necessário “drenar o pântano” de Washington, levaram mais apoiadores aos seus comícios e ajudaram a consolidar a percepção de liderança. Nem mesmo os processos de impeachment ou os julgamentos criminais, que podem levá-lo à prisão, reduziram o apelo. Pelo contrário: eles fortaleceram a ideia de que seu líder está sendo perseguido pelo “sistema”.

— Primeiro, eles tentaram arruinar sua reputação. Ele é mais popular agora do que nunca — disse Ben Carson, ex-secretário de Habitação de Trump. — E então eles tentaram levá-lo à falência. E ele tem mais dinheiro agora do que antes. E então tentaram colocá-lo na prisão. E ele é mais livre e tornou outras pessoas livres com ele.

Donald Trump deixa Tribunal Criminal de Manhattan, na cidade de Nova York, após seu julgamento — Foto: Steven Hirsch / POOL / AFP
Donald Trump deixa Tribunal Criminal de Manhattan, na cidade de Nova York, após seu julgamento — Foto: Steven Hirsch / POOL / AFP

O atentado de sábado, que por centímetros não lhe custou a vida, projetou uma aura quase divina de invencibilidade entre os apoiadores. As referências a Deus e a como o erro do atirador só pode ser creditado a uma intervenção divina se multiplicaram dentro da Convenção Republicana.

— Nosso Deus ainda salva, ainda liberta, ainda liberta. Porque no sábado o diabo veio à Pensilvânia segurando um fuzil. Mas um leão americano levantou-se e rugiu — disse o deputado Tim Scott, na segunda-feira.

Se havia certeza sobre o controle total de Trump sobre o partido antes de ele começar a discursar, na noite desta quinta-feira, há muitas dúvidas sobre os planos de governo de um eventual segundo mandato. Nos quatro dias de reunião, falou-se mais em Deus e milagres do que em planos para a economia — um dos poucos pontos fortes de Joe Biden. Os cartazes defendendo uma “deportação em massa” de imigrantes foram vistos em profusão, mas ninguém sabe quem poderá ser mandado embora, e em quais circunstâncias.

Pessoas segurando cartazes pedindo "deportação em massa" de imigrantes, durante Convenção Nacional Republicana — Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP
Pessoas segurando cartazes pedindo "deportação em massa" de imigrantes, durante Convenção Nacional Republicana — Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP

Não houve menções às recentes decisões da Suprema Corte que beneficiaram e poderão beneficiar o republicano, como sobre a imunidade parcial para atos oficiais, e ninguém citou as ameaças de Trump de se vingar de todos que, segundo ele, o puseram no centro de uma “caça às bruxas”.

Alguns assessores e estrategistas republicanos garantem que o presidente tentará usar um tom mais apaziguador daqui pra frente, quase controlado e pacificador, tentando aproveitar a comoção causada pelo atentado para atrair indecisos e insatisfeitos com a permanência de Joe Biden na corrida. Resta saber até quando essa onda “Trump paz e amor” vai durar, se é que ela se concretizará algum dia.

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