A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, obteve votos suficientes para ser nomeada a candidata oficial do Partido Democrata à Presidência, preparando um confronto com o republicano Donald Trump em novembro, segundo informou o Comitê Nacional Democrata. O anúncio, feito pelo presidente da sigla, veio no segundo dia de uma votação virtual exigida para a definição da chapa.
— Estou muito orgulhoso de confirmar que a vice-presidente Harris obteve mais do que a maioria dos votos de todos os delegados da convenção e será o nomeada [candidata à Presidência] pelo Partido Democrata após o encerramento da votação na segunda-feira — afirmou o presidente do Comitê Nacional Democrata, espécie de executiva da sigla, Jaime Harrison.
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Para que seja oficializado o candidato, ou candidata, do partido, são necessários 1.976 delegados, normalmente conquistados através das primárias. A decisão de realizar uma votação virtual foi tomada quando o presidente, Joe Biden, ainda era o nome democrata à reeleição, como forma de acelerar o processo antes da Convenção Nacional Democrata, a ser realizada em Chicago entre os dias 19 e 22 de agosto.
Mas a decisão de Biden de abandonar a corrida, no final de julho, após semanas de pressão interna e externa, jogou todo o processo em terreno desconhecido, como chegou a explicitar o ex-presidente Barack Obama. Afinal, pelas regras, todos os delegados conquistados por Biden durante as primárias — 3.905 — estavam liberados para votar em quem achassem melhor.
Neste momento, Kamala Harris surgiu como favorita (e única pré-candidata), e teve o apoio de caciques do partido, como Biden e o ex-presidente Bill Clinton, para unir a sigla em torno de seu nome. Um dia depois do presidente deixar a disputa, ela já tinha obtido o número necessário de delegados para a indicação, apontou uma pesquisa da agência Associated Press. O próprio Obama, que inicialmente relutou em lhe apoiar, endossou a candidatura depois que o "número mágico" foi atingido.
— Estou honrada em ser a provável candidata democrata para presidente dos Estados Unidos”, disse Harris, durante um evento virtual com apoiadores, nesta sexta-feira. — Aceitarei oficialmente sua nomeação na semana que vem, assim que o período de votação virtual for encerrado. Mas já estou feliz em saber que temos delegados suficientes para garantir a nomeação e, no final deste mês, nos reuniremos em Chicago, unidos como um partido, onde teremos a oportunidade de celebrar este momento histórico juntos.
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No X, Biden comemorou o resultado parcial da votação.
"Uma das melhores decisões que tomei foi escolher Kamala Harris como vice-presidente. Agora que ela será a indicada do nosso partido, não poderia estar mais orgulhoso. Vamos vencer", escreveu o presidente.
A confirmação de Kamala será sacramentada na segunda-feira, quando a votação virtual terminar, deixando no ar uma outra questão ainda sem resposta: quem será o vice na chapa da democrata em novembro. A campanha anunciou, na terça-feira, que ela realizaria um comício já com seu companheiro de disputa no dia 6 de agosto, sugerindo que a indicação é iminente.
"Neste momento, enfrentamos uma escolha entre duas visões para a nossa nação: uma focada no futuro e outra no passado. Com o seu apoio, estou lutando pelo futuro da nossa nação", escreveu Kamala no X, nesta sexta-feira.
Embora a vice-presidente tenha deixado claro que ainda não tomou uma decisão, alguns nomes surgem como favoritos entre analistas políticos e membros do Partido Democrata. O governador da Pensilvânia, um estado que promete ser decisivo na eleição, Josh Shapiro, tem ganhado força nos últimos dias, e pode ser importante para garantir votos cruciais. Contudo, ele é pouco conhecido no cenário nacional, embora tenha boas taxas de aprovação, apontam as pesquisas.
Outro favorito é o senador pelo Arizona e astronauta Mark Kelly. Com boas taxas de aprovação entre os democratas e entre eleitores dos demais espectros políticos, ele ficou conhecido por vencer disputas complicadas para o Senado em 2020 e 2022, e por ter posições respeitadas sobre imigração e segurança da fronteira, dois pontos frágeis de Kamala Harris.
Outros nomes ainda correm por fora, como o governador de Minnesota, Tim Walz, outro estado decisivo em novembro. Veterano do Congresso, Waltz é visto como alguém capaz de atingir a campanha de Trump, especialmente o vice do republicano, J.D. Vance, de forma eficaz, além de ser ligado a pautas progressistas. Já Andy Beshear, governador do Kentucky, um estado historicamente republicano, caso seja escolhido, seria um passo em direção ao centro no Partido Democrata, e que poderia ajudar Kamala a abrir flancos em terrenos potencialmente hostis.