O debate presidencial entre a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o ex-presidente Donald Trump na noite de terça-feira atraiu 67,1 milhões de espectadores ao vivo, indicou a empresa Nielsen. O número representa um aumento de 31% em relação ao debate de junho entre Trump e o presidente Joe Biden, quando o democrata teve um desempenho considerado desastroso e desistiu de sua campanha pouco depois. Na ocasião, o debate foi visto por 51,3 milhões de pessoas.
Organizado pela rede americana ABC News, o debate foi exibido em 17 redes diferentes, disse a Nielsen, que não contabilizou os prováveis milhões que assistiram em uma variedade de sites e plataformas de streaming. A contagem ficou aquém do recorde de audiência de um debate presidencial, quando 84 milhões de pessoas assistiram ao primeiro confronto entre Trump e Hillary Clinton em 2016, e do primeiro debate entre Biden e Trump em 2020, quando 73,1 milhões assistiram.
Espectadores mais jovens e de meia-idade ajudaram a aumentar a audiência televisiva na terça-feira, com 53% mais adultos entre 18 e 49 anos sintonizando para ver o embate desta semana, em comparação ao público desta faixa etária que assistiu Biden e Trump em junho. O grande vencedor da noite em termos de audiência foi a ABC News, com cerca de 19,1 milhões de espectadores. Já nas redes de TV a cabo, o maior número foi na Fox News, com 9,1 milhões acompanhando pelo canal conhecido por sua cobertura favorável ao republicano.
Executivos da indústria televisiva esperavam que o debate de terça-feira tivesse uma audiência maior do que o encontro de Biden e Trump em junho, realizado muito mais cedo no calendário do que o habitual. Naquela época, muitos americanos ainda estavam de férias.
Reviravolta na corrida
Kamala foi amplamente vista como a vencedora do debate. Uma pesquisa relâmpago da CNN com os espectadores mostrou que 63% acharam o desempenho da democrata melhor que o do republicano, contra 37% que pensam o contrário. Antes do debate, esses eleitores estavam divididos em 50-50 sobre quem venceria. Dos eleitores que já apoiavam Kamala e foram entrevistados pela CNN, 96% disseram que ela fez um trabalho melhor, enquanto 69% dos que apoiavam Trump afirmaram o mesmo.
A campanha de Trump reivindicou publicamente a vitória, mas alguns de seus assessores admitiram em privado que era improvável que ele tivesse convencido eleitores indecisos a votarem nele, disseram fontes próximas ao assunto ao jornal britânico The Guardian. Minutos após o debate, a cantora Taylor Swift endossou a chapa Harris-Walz para seus 283 milhões de seguidores no Instagram em uma publicação que incluía um link para o site de registro de eleitores do governo. O site recebeu quase 338 mil novos visitantes nas horas seguintes.
Segundo uma pesquisa conduzida para a revista Newsweek, o endosso da cantora provavelmente será mais influente entre os americanos com menos de 35 anos, já que cerca de 30% desse grupo afirmam que são mais propensos a votar em alguém que ela apoie. A sondagem descobriu que 18% dos eleitores gerais dizem que são “mais propensos” ou “significativamente mais propensos” a votar em um candidato apoiado por Swift, enquanto 17% dizem que são menos propensos.
A reviravolta na corrida presidencial americana — com a saída de Biden e a substituição de sua candidatura — renovou o interesse pela eleição. Em particular, os eleitores disseram estar ansiosos para saber mais sobre Kamala, com o Dia da Eleição, em 5 de novembro, a menos de dois meses de distância. Atualmente, não há outros debates programados entre os dois candidatos presidenciais, embora a campanha de Kamala tenha pedido por um, e o canal conservador Fox News tenha oferecido alternativas publicamente. A CBS vai sediar um debate entre os vice-presidentes Tim Walz e J.D. Vance no dia 1º de outubro.
A audiência registrada na terça-feira colocou o debate entre Kamala e Trump aproximadamente entre os episódios finais das séries Seinfeld (76,3 milhões) e Friends (52,5 milhões). (Com New York Times)