LONDRES — A rainha Elizabeth II prestou uma homenagem ao seu falecido marido, o príncipe Philip, em seu tradicional pronunciamento de Natal neste sábado. Em sua primeira fala desde a morte do seu parceiro de 73 anos, em abril, a monarca lembrou que as festas de fim de ano "são uma época de felicidade para muitos", mas que também podem "ser difíceis para quem perdeu parentes queridos".
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Em um raro discurso pessoal, a rainha de 95 anos disse que neste ano entende particularmente porque este período pode ser complicado, mas que busca conforto no legado e na memória de seu "querido Philip" e nas homenagens "calorosas e afetuosas" dedicadas a ele ao redor do mundo.
— Sua noção de serviço, curiosidade intelectual e capacidade de tornar qualquer situação divertida eram irreprimíveis — disse a rainha. — Aquele brilho travesso e inquisitivo era tão intenso no final como quando eu o vi pela primeira vez.
Horas após a mensagem ir ao ar, um homem de 19 anos supostamente armado foi detido após invadir o Palácio de Windsor , onde a rainha passa o fim de ano. De acordo com a polícia, ele não entrou em nenhum prédio e os procedimentos de segurança foram ativados de imediato.
A fala vem também às vésperas do segundo aniversário da pandemia de Covid-19, com o Reino Unido no meio de sua quarta onda, causada pela variante Ômicron. Na semana passada, o país registrou pela primeira vez mais de 100 mil diagnósticos diários, mas as mortes continuam bem inferiores a outros momentos da pandemia: em janeiro, a média de casos por dia chegou a ultrapassar 1,2 mil. Hoje, está na casa de 112.
Desde março de 2020, mais de 148 mil britânicos já morreram por complicações do coronavírus e quase 12 milhões foram infectados.
Elizabeth II estava com um vestido vermelho, sentada ao lado de uma fotografia de 2007 em que ela e o marido olham um para o outro e sorriem, uma imagem feita durante suas bodas de diamante, no marco dos 60 anos de matrimônio. Também estava com o broche de safira em forma de crisântemo que usou durante sua lua de mel, em 1947.
A monarca afirmou que por mais que a família real sinta falta do duque de Edimburgo, o título oficial de Philip, ele gostaria que as celebrações não fossem suspensas por sua causa. Apesar das limitações impostas pela Covid, ela disse, ainda há muitas tradições que podem ser adotadas, como cantar músicas natalinas, trocar presentes e decorar a casa — ritos que são passados de geração para geração e são "fonte de grande felicidade".
— Eu tenho certeza que alguém, em algum lugar, vai dizer que o Natal é uma época para as crianças. É uma verdade, mas apenas metade da história. Talvez seja mais certo dizer que o Natal é capaz de falar para as crianças dentro de todos nós — afirmou. — Para mim e para a minha família, mesmo com uma risada familiar faltando neste ano, haverá alegria no Natal.
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A pandemia, no entanto, atrapalhou os planos da monarca. Pelo segundo ano consecutivo, ela passa as festas de fim de ano no Palácio de Windsor, ao oeste de Londres, e não em Sandringham, onde tradicionalmente reúne toda a família. Por precaução, a monarca também abriu mão de participar do culto natalino que geralmente reúne seus parentes, cerimônia que contou com a participação do príncipe Charles e de sua mulher, Camila.
Na semana passada, a monarca cancelou um almoço pré-natalino com sua família por precaução . Não é esperado que Elizabeth, que passou uma noite em um hospital de Londres em outubro e cancelou alguns eventos desde então , apareça em público neste fim de semana, mas recebeu a visita de parentes, como Charles.
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Durante seu pronunciamento, a rainha elogiou seu primogênito e o príncipe William, o segundo na linha de sucessão, por seus compromissos com o combate ao aquecimento global. Em nenhum momento da transmissão de nove minutos houve menções ao príncipe Harry e à Meghan, que romperam com a Coroa em 2020, ou ao príncipe Andrew, que se afastou de suas funções reais em 2019 após uma controvertida entrevista para a BBC sobre sua amizade com o empresário americano Jeffrey Epstein.
Andrew disse nunca ter visto seu amigo, que cometeu suicídio na prisão enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual, agir inadequadamente. Ele também nega as alegações de que teria estuprado uma das meninas traficadas por Epstein, à época bilionário.
Elizabeth falou também do seu Jubileu de Platina, que começa em fevereiro, e marcará seus 70 anos no trono. Ela, que é a monarca mais longeva da monarquia britânica após ultrapassar a rainha Vitória em 2015, disse esperar que o povo use a oportunidade para "agradecer pelas mudanças sociais, científicas e culturais" nas últimas sete décadas e que seja fonte de esperança para o pós-pandemia.