Mundo Rússia

Em Moscou, cartazes acusam suecos famosos, como Bergman, de apoiar o nazismo

Põsteres são mostra da piora das relações entre a Rússia e a Suécia enquanto país nórdico considera adesão à Otan
Homem observa cartaz com fotos da escritora sueca Astrid Lindgren, do cineasta Ingmar Bergman, do fundador da IKEA, Ingvar Kamprad, e a mensagem: "Nós somos contra o nazimso, eles não" Foto: REUTERS PHOTOGRAPHER / REUTERS
Homem observa cartaz com fotos da escritora sueca Astrid Lindgren, do cineasta Ingmar Bergman, do fundador da IKEA, Ingvar Kamprad, e a mensagem: "Nós somos contra o nazimso, eles não" Foto: REUTERS PHOTOGRAPHER / REUTERS

MOSCOU — Cartazes acusando alguns dos mais famosos suecos do século 20 de apoiar o nazismo apareceram nas ruas de Moscou, em um sinal da piora das relações entre a Rússia e a Suécia enquanto o país nórdico considera aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan , aliança militar liderada pelos EUA).

Apesar de desculpas de Putin a Israel: Comentários sobre Hitler e judeus expõem posição dúbia da Rússia sobre o antissemitismo

Advertência: Kremlin diz que adesão da Suécia e Finlândia à Otan 'não estabilizará Europa'

Do lado de fora da embaixada sueca, dois cartazes afixados em um ponto de ônibus estampavam fotos do rei sueco Gustaf V, da escritora Astrid Lindgren, do cineasta Ingmar Bergman e do fundador da IKEA, Ingvar Kamprad, com a mensagem: "Nós somos contra o nazimso, eles não."

A agência Reuters viu um terceiro cartaz com figuras suecas, todas atualmente falecidas, em uma grande via no centro da capital russa.

Contexto: O que há de verdade, e especialmente de mentira, no discurso de Putin sobre 'desnazificar' a Ucrânia

Questionado sobre os cartazes, a equipe de imprensa do Ministério de Relações Exteriores da Suécia disse em um comunicado: "A Suécia não tem nenhuma intenção de se engajar em uma polêmica pública com a organização russa 'Nossa Vitória', que é apontada como responsável pelos cartazes."

"Na Rússia, acusações de 'nazismo' têm repetidamente sido empregados contra países e indivíduos que expressam justificadas críticas às ações da Rússia", acrescenta o comunicado.

Guga Chacra: O antissemitismo do governo Putin

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia não respondeu aos pedidos de comentário.

Três passageiros russos no ponto de ônibus perto da embaixada disseram à Reuters que eram favoráveis aos cartazes anti-Suécia.

"Penso que os pôsteres são corretos em face dos eventos recentes", disse Alexandra, de 47 anos. "Se os europeus se consideram países democratas, então penso que é totalmente democrático expressar um ponto de vista alternativo e mostrar às pessoas uma opinião diferente."

Narrativas: Na guerra na Ucrânia, mentiras e desinformação são armas nos dois lados do front; conheça nove casos

A anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, e a invasão russa da Ucrânia , em 24 de fevereiro, estimularam a Suécia e sua vizinha Finlândia a repensar suas políticas de segurança, com a perspectiva de adesão à Otan cada vez mais provável.

O Ministério da Defesa da Suécia disse, no mês passado, que um pedido de adesão à Otan poderia estimular várias respostas da Rússia, incluindo ciberataques e medidas híbridas, como campanhas de propaganda.

Moscou diz que sua campanha militar na Ucrânia tem o objetivo de desmilitarizar e "desnazificar" o país, algo que Kiev e o Ocidente descrevem como um pretexto sem base para travar uma guerra de agressão não provacada contra um estado democrático soberano.