Mundo América Latina

Empresário aliado de Maduro ficará detido nos EUA até próxima audiência, em novembro

Alex Saab, apontado pela oposição venezuelana como 'testa de ferro' do presidente, ouviu sete encargos contra ele em abertura de julgamento, nesta segunda-feira
Imagem do empresário colombiano Alex Saab é projetada em painel na Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas Foto: FEDERICO PARRA / AFP
Imagem do empresário colombiano Alex Saab é projetada em painel na Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas Foto: FEDERICO PARRA / AFP

MIAMI E CARACAS — O empresário colombiano Alex Saab, vinculado ao governo de Nicolás Maduro, deverá permanecer detido nos Estados Unidos pelo menos até 1º de novembro, quando uma nova audiência vai decidir se lhe poderá ser concedida liberdade condicional sob fiança.

Com um macacão laranja e máscara descartável azul, Saab — apontado pela oposição venezuelana como “testa de ferro” do presidente — compareceu nesta segunda-feira em sua primeira audiência perante o juiz John O'Sullivan, do Tribunal Federal dos Estados Unidos, na Flórida. Inquieto, o empresário colombiano ouviu as sete acusações de lavagem de dinheiro e uma de conspiração, por supostamente ter criado uma rede de corrupção na importação e distribuição de alimentos na Venezuela, marcada por contratos superfaturados, incluindo com o governo.

Contexto : Venezuela suspende diálogo com oposição após extradição aos EUA de empresário acusado de ser testa de ferro de Maduro

Na audiência, o advogado de defesa de Saab, Henry Bell, insistiu que seu cliente tem imunidade diplomática —o governo Maduro concedeu credenciais diplomáticas ao empresário em 16 de outubro, quando foi confirmado que ele seria extraditado de Cabo verde, onde estava em prisão domiciliar, para os Estados Unidos. O advogado é um cidadão americano, nascido na Flórida, que tem ampla experiência em casos de fraude, lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de drogas, de acordo com o perfil da empresa para a qual ele trabalha.

Na audiência, que foi transmitida ao vivo pelo Zoom, 327 testemunhas estiveram presentes, incluindo o embaixador do governo interino nos Estados Unidos, Carlos Vecchio; e o embaixador da Colômbia nos EUA, Francisco Santos.

Modesta recuperação : Economia venezuelana dá primeiros sinais de vida após oito anos

A  extradição de Saab, no sábado, foi classificada pelo governo venezuelano de sequestro e levou à suspensão da nova rodada de conversas com a oposição, que estava prevista para começar no domingo, no México. Ainda na noite de sábado, Jorge Rodríguez, representante do governo no diálogo, disse que a decisão de não se sentar à mesa era um “protesto contra a grosseira agressão contra a pessoa e a investidura do representante venezuelano junto à União Africana”.

Também no sábado, autoridades venezuelanas prenderam novamente seis ex-executivos americanos da refinaria Citgo, uma subsidiária americana da estatal petrolífera PDVSA, que estavam em prisão domiciliar desde abril deste ano. Os ex-executivos da Citgo, que haviam sido presos em novembro de 2017 depois de convocados para uma reunião na sede da PDVSA, em Caracas, foram transferidos de suas casas para uma das sedes da polícia de Inteligência.

Raúl Baduel : ONU exige investigação independente após a morte de preso político e ex-aliado de Chávez

Nesta segunda-feira, o Departamento de Estado dos EUA pediu a libertação dos executivos e criticou Maduro por suspender o diálogo com a oposição, apoiado por Washington:

— O regime de Maduro está colocando seus interesses, mais uma vez, acima dos interesses do povo venezuelano — disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, exortando que os americanos presos na Venezuela sejam soltos. — O regime os mantém detidos como alavanca política. Após já terem passado quatro anos detidos injustamente na Venezuela, eles deveriam ser libertados de forma imediata e incondicional.