O presidente chinês, Xi Jinping, disse ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que Beijing planeja reunificar Taiwan e China, preferencialmente de forma pacífica. A declaração ocorreu durante uma reunião entre os líderes de estado em São Francisco, durante a APEC 2023, entre 11 e 17 de dezembro.
Xi também desmentiu a previsão de líderes militares americanos de que a China invadiria Taiwan entre 2025 e 2027, dizendo que não havia estabelecido prazos para a operação. O teor da conversa foi supostamente revelado por três oficiais dos EUA entrevistados pelo canal de TV NBC.
Antes da reunião, oficiais chineses pediram que Biden fizesse uma declaração pública de apoio à reunificação pacífica de China e Taiwan, e de repúdio ao movimento de independência da ilha. A Casa Branca rejeitou a solicitação.
A declaração é chocante pois era esperado que o evento ajudasse a diminuir as tensões geopolíticas entre Washington e Beijing. Apesar de não ser muito diferente do discurso chinês de sempre, ela surpreendeu oficiais dos Estados Unidos devido à postura cada vez mais agressiva da China em relação a Taiwan, e à proximidade das eleições presidenciais do território autônomo.
Após a publicação da história pelo NBC, a senadora Lindsey Graham emitiu um comunicado no qual declarou que a situação era 'muito preocupante'.
"Trabalharei com senadores democratas e republicanos para fazer duas coisas rapidamente: primeiro, criar um suplemento de defesa robusto para Taiwan e, segundo, elaborar sanções infernais pré-invasão para impor à China, caso o país tome medidas para anexar Taiwan", afirmou a senadora.
Segundo a NBC, Xi expressou preocupação com os candidatos das eleições presidenciais de Taiwan e com a influência americana sobre a ilha. Quando Biden pediu que o líder chinês respeitasse o processo democrático da ilha, Xi respondeu que 'a paz é boa', mas, em algum momento, a China teria que avançar rumo a uma resolução.
“Estamos em uma relação competitiva, a China e os Estados Unidos, mas a minha responsabilidade é tornar isso racional e administrável, para que não resulte em conflito", declarou Biden.
O presidente da China estabeleceu que a principal meta do país é dobrar sua economia até 2035. Analistas especulam que uma guerra com Taiwan não seria condizente com esse objetivo. No entanto, o diretor da CIA, William Burns, disse no ano passado que há indícios de que Xi ordenou suas forças militares a estarem prontas para invadir a ilha até 2027.
"Agora, isso não significa que ele decidiu realizar uma invasão em 2027, ou em qualquer outro ano, mas é um lembrete da seriedade do seu foco e da sua ambição", avisou Burns.
No congresso do partido comunista chinês de 2022, Xi prometeu que Beijing iria responder militarmente a qualquer tentativa taiwanesa de declarar independência com apoio externo.
Após a APEC 2023, Biden reiterou seu comprometimento com a 'política de uma China', na qual países devem escolher manter relações diplomática com a China ou com Taiwan, mas não ambos ao mesmo tempo. Os Estados Unidos mantêm relações oficiais com a China , mas ainda têm acordos não oficiais com Taiwan. Um desses acordos é uma promessa de que os EUA protegeriam o território autônomo caso seja invadido.