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Por O Globo — Rio de Janeiro

Um dissidente chinês fugiu da cidade de Xiamen para uma pequena ilha de Taiwan usando apenas uma prancha de stand-up paddle. Identificado pelo nome fictício Li Cheng En, ele conta que passou por cercas, alarmes e guardas antes de enfrentar o mar congelante entre a cidade e a ilha taiwanesa de Kinmen, a cinco quilômetros do território chinês.

Entusiasta de Stand-Up paddle em Kinmen — Foto: Reprodução
Entusiasta de Stand-Up paddle em Kinmen — Foto: Reprodução

Ao chegar no destino, ele foi detido pela guarda costeira taiwanesa e condenado a três meses de prisão por violar leis de imigração e alfândega. Li passou a morar no distrito de Kinmen após sua soltura, mas lamenta que é incapaz de se sustentar e que o auxílio fornecido por uma ONG local irá expirar em breve.

Taiwan não é oficialmente reconhecido como país pelo ONU, então não há escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados na ilha. Além disso, o governo taiwanês não tem programa de acolhimento de refugiados.

Sem passaporte ou apoio estatal, Li está em uma posição delicada, incapaz de permanecer em Taiwan, mas também incapaz de sair. Ele procura um país que o aceite, para onde ele possa levar sua família e recomeçar a vida.

A jornada

Li contou ao jornal britânico The Observer que era um ativista empenhado em fornecer assistência legal para pequenas comunidades chinesas contra autoridades locais. O homem de meia-idade também fazia campanha em prol dos direitos humanos em lugares como Hong Kong e Myanmar.

Devido a essas atividades, o chinês foi questionado, multado e detido, e estava sendo investigado por 'subversão do poder estatal'. Ele diz que decidiu fugir porque a pena para esse crime é de 4 a 15 anos de prisão.

Certo dia, o dissidente passou horas buscando uma praia da cidade de Xiamen de onde ele poderia começar sua fuga. Ele decidiu agir durante a troca da guarda.

— Quando eu decidi ir, achava que não tinha mais escolha — disse Li ao The Observer. — Eu corri para a água e pensei que, se me pegarem, então me pegaram.

Ilha taiwanesa Lieyu, conectada a Kinmen por uma ponte, fica a cerca de 5 km de Xiamen — Foto: Google Earth
Ilha taiwanesa Lieyu, conectada a Kinmen por uma ponte, fica a cerca de 5 km de Xiamen — Foto: Google Earth

Li é surfista, então o trajeto pelo mar não o preocupava. A água estava calma o suficiente para usar uma prancha de stand-up, porém gelada devido ao inverno. Ele conta que, em algum momento do caminho, ele disparou um alarme chinês.

— Começou um barulho estridente. Eu fiquei muito nervoso naquele momento e remei para longe do local o mais rápido que conseguia — disse o dissidente ao The Observer.

Horas depois, Li chegou a uma praia na ilha de Kinmen, a apenas 5 quilômetros do território chinês. A arrebentação o derrubou da prancha, mas ele estava feliz de ter chegado com segurança.

— Quando eu cheguei naquela praia de Kinmen, uma onda me derrubou da prancha. Mas, ao mesmo tempo, eu vi as Lágrimas Azuis, foi muito lindo. Cada onda carregava luz azul e fiquei muito feliz de ver isso — descreveu Li ao The Observer, se referindo ao um fenômeno sazonal de bioluminescência.

Li foi aconselhado a não divulgar informações sobre sua jornada, mas, agora, ele sente que fazê-lo poderia ajudar sua situação.

— Minha família é minha maior preocupação. A polícia ainda os visita para pressioná-los. Eles até mostraram para minha família algumas fotos e vídeos de mim na praia de Xiamen quando eu estava prestes a partir, para ameaça-los — disse o dissidente ao The Observer.

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