A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) emitiu um alerta preocupante em relação à temporada de furacões de 2024 na região do Atlântico Norte. Segundo a previsão, a região pode enfrentar até sete grandes furacões de categoria três ou superior, mais que o dobro do número usual, que é de três grandes furacões por temporada. A entidade prevê que entre junho e novembro deste ano até 13 furacões de categoria um ou superior podem se formar no Atlântico.
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Segundo a instituição, este aumento considerável pode ser atribuído a temperaturas recordes na superfície do mar e a mudanças nos padrões climáticos regionais. Embora a mudança climática não aumente o número total de furacões, ela contribui para a intensificação das tempestades, tornando-as mais poderosas e com chuvas mais intensas.
"Esta temporada de furacões promete ser extraordinária", disse Rick Spinrad, administrador da NOAA, para a BBC durante uma coletiva de imprensa.
Fatores que contribuíram para o aumento dos furacões
O enfraquecimento recente do fenômeno El Niño e a esperada transição para condições de La Niña até o final do ano criam um ambiente mais favorável para a formação de tempestades no Atlântico. Em contraste, a NOAA prevê uma temporada de furacões "abaixo do normal" na região central do Pacífico, onde a La Niña tem o efeito oposto.
Normalmente, a bacia do Atlântico, que inclui o Oceano Atlântico, o Mar do Caribe e o Golfo do México, registra cerca de 14 tempestades tropicais nomeadas por ano. Dessas, sete se transformam em furacões e três se tornam grandes furacões. As tempestades tropicais se transformam em furacões quando atingem velocidades de vento sustentadas de 119 km/h, e os grandes furacões são classificados como categoria três ou superior, com ventos de pelo menos 178 km/h.
Para 2024, a NOAA prevê um total de 17 a 25 tempestades tropicais nomeadas, das quais entre oito e 13 podem se tornar furacões e entre quatro e sete podem se tornar grandes furacões. Essa previsão coloca a temporada de 2024 potencialmente próxima dos recordes de maior número de grandes furacões em uma única temporada, estabelecidos em 2005 e 2020.
![O recente enfraquecimento do padrão climático El Niño – e a provável transição para condições de La Niña no final do ano – cria condições atmosféricas mais favoráveis para essas tempestades no Atlântico — Foto: Infoglobo](https://s2-oglobo.glbimg.com/gMts3cFyokjoh0B4cEjPi8ih1cU=/0x0:3683x3324/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/e/y/ZGLDPMSAuYJQl4H0E2CQ/35899341-this-satellite-image-provided-by-noaa-shows-hurricane-alex-as-it-comes-ashore-on-a-rela.jpg)
Impacto das condições climáticas e ação humana
Dois fatores principais estão por trás da previsão de uma temporada de furacões mais intensa: a transição esperada de El Niño para La Niña e as temperaturas excepcionalmente altas da superfície do mar na principal região de desenvolvimento de furacões no Atlântico tropical.
"Todos os ingredientes estão presentes para uma temporada de furacões intensa", disse Ken Graham, diretor do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA em uma entrevista concedida à BBC.
O aquecimento global está aumentando a probabilidade de tempestades mais intensas. Um estudo recente discutiu a possibilidade de criar uma nova categoria seis para furacões, destacando que os ciclones tropicais mais fortes que estamos vivenciando são sem precedentes devido ao aquecimento dos oceanos. Michael Warner, autor principal do estudo e cientista sênior da Berkeley Earth, explicou que esta nova categoria alertaria o público sobre a gravidade desses eventos.
Preparação e Conscientização
As categorias de furacões baseiam-se nas velocidades dos ventos, mas essas tempestades também representam riscos significativos devido a chuvas intensas e inundações costeiras, pioradas pela mudança climática. A NOAA destaca que o ar mais quente pode reter mais umidade, aumentando a intensidade das chuvas. Além disso, as ondas de tempestade agora ocorrem sobre um nível do mar mais alto, principalmente devido ao derretimento das geleiras e ao aquecimento dos oceanos.
"A elevação do nível do mar aumenta a profundidade total da inundação, tornando os furacões de hoje mais danosos do que os de anos anteriores", afirmou Andrew Dessler, professor de ciências atmosféricas na Texas A&M University em entrevista à BBC.
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Dada a previsão de uma temporada ativa, os especialistas enfatizam a importância de o público estar ciente dos perigos que essas tempestades podem representar, especialmente os "eventos de intensificação rápida", onde as velocidades dos ventos dos furacões aumentam rapidamente, apresentando riscos maiores.
"Já estamos observando aumentos gerais nas taxas mais rápidas de intensificação dos furacões no Atlântico – o que significa que provavelmente já estamos vendo um risco aumentado de perigos para nossas comunidades costeiras", explica Andra Garner, professora assistente na Rowan University, nos EUA à BBC.