Um homem foi condenado à morte, no sábado, em Idaho, nos Estados Unidos. A sentença ocorreu dois dias após Chad Daybell, de 55 anos, ter sido considerado culpado em primeiro grau pelo assassinato, em 2019, de sua primeira esposa e dos dois filhos de sua atual esposa, encerrando um caso que atraiu atenção devido às crenças religiosas "apocalípticas" do casal.
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No início do sábado, o júri recomendou a pena de morte antes de o juiz ordenar um breve recesso para tomar uma decisão final sobre a sentença. Enquanto o juiz Steven W. Boyce lia sua decisão, Daybell estava sentado com as mãos no colo, inexpressivo, à mesa da defesa. Os advogados de defesa não fizeram perguntas quando questionados pelo juiz.
“O tribunal normalmente abordaria mais detalhadamente o réu. Contudo, neste processo de sentença especial, as declarações sobre o impacto da vítima e as provas já demonstraram oficialmente, creio eu, a gravidade do que ocorreu”, ponderou o juiz.
A lei de Idaho prevê a nomeação obrigatória de um advogado para uma revisão pós-condenação, após a sentença de pena de morte ter sido proferida. Um recurso pode ser interposto assim que uma sentença de morte for apresentada. A última execução no estado foi em 2011, quando Paul Rhoades foi morto por injeção letal.
Os promotores do caso de Daybell afirmaram que a pena de morte era justificada e apontaram fatores agravantes. Eles defenderam que os crimes eram particularmente “hediondos, atrozes ou cruéis”. Além disso, também alegam que o homem foi motivado pelo desejo de remuneração e que representa um perigo para a sociedade.
A promotora Lindsey Blake descreveu que Daybell tinha crenças religiosas extremas e alegava ter visões que eram capazes de determinar se alguém estava “obscuro” ou “possuído”. Nesses casos, “o corpo tinha que ser destruído ou morrer”.
O advogado de defesa do homem, John Prior, pediu aos jurados que considerassem a lógica por trás das acusações originais e verificassem que seu cliente era acusado de defender crenças religiosas e não era motivado por dinheiro, nem era o único suspeito ligado aos assassinatos.
Na sexta-feira, familiares das vítimas prestaram declarações e falaram de perdas imensuráveis após os assassinatos. “Minha irmã foi arrancada de nossas vidas”, disse Samantha Gwilliam, irmã da primeira esposa de Daybell, Tammy Daybell.
"Ela não deveria ter tido um fim violento, mas deveria ter adorado os netos, cuidando de seus animais e sorrindo", acrescentou Gwilliam.
Já na quinta-feira, Daybell permaneceu inexpressivo ao ouvir suas acusações. Ele é acusado por três acusações de homicídio em primeiro grau, duas acusações de conspiração para cometer homicídio em primeiro grau e roubo por engano, uma acusação de conspiração para cometer homicídio em primeiro grau e duas acusações de fraude em seguros.
Os promotores entraram com acusações em 2021 contra Daybell e sua esposa, Lori Vallow Daybell pelas mortes de Joshua Vallow, 7 anos, conhecido como J.J.; e Tylee Ryan, 16. Daybell também foi acusado de assassinato na morte de sua esposa anterior, Tammy Daybell.
Lori foi condenada à prisão perpétua no ano passado após ser considera culpada de assassinato nas mortes de seus dois filhos e de conspirar para assassinar a ex-esposa de seu marido. Ela foi condenada em julho a três penas de prisão perpétua consecutivas sem possibilidade de liberdade condicional.
![Americana Lori Vallow com crenças religiosas do "dia do juízo final" foi condenada em 31 de julho de 2023 à prisão perpétua sem liberdade condicional por assassinar dois de seus filhos — Foto: AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/HSStv6SdyI7QyuHVNONzmScPIQM=/0x0:2600x1784/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/y/w/f5Fvv7S36ROdwNSqXLYQ/33qf4u2-highres.jpg)
Crenças religiosas
As crenças religiosas do casal chamaram a atenção dos promotores e do público por seu papel potencial no caso. Segundo a acusação, o casal "endossou e ensinou crenças religiosas para justificar" as mortes das crianças. Um dos promotores, Robert H. Wood, disse que os assassinatos mostravam um "desprezo total pela vida humana".
Além disso, Daybell escreveu romances com temas apocalípticos. Ele e Lori foram ligados a uma entidade chamada "Preparing a People", que procurava preparar seus seguidores para uma possível segunda vinda de Jesus Cristo, como informado por um site.
O casal se casou em 2019, pouco depois da primeira esposa de Daybell, Tammy Daybell ser encontrada morta em sua casa em Idaho. Inicialmente, sua morte foi classificada como natural, mas após o desaparecimento dos filhos de Lori, as autoridades iniciaram uma investigação. Uma autópsia feita em Tammy concluiu que a causa da morte foi asfixia.
A morte de Tammy Daybell ocorreu aproximadamente de um mês depois que Chad aumentou o valor da cobertura em uma apólice de seguro de vida para ela.