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Policial negro diz ter sido demitido após criticar racismo e brutalidade na conduta de agentes, nos EUA

Carl Cavalier entrou com uma ação judicial por discriminação contra seus oficiais superiores
Carl Cavalier disse ter sido demitido após criticar a polícia do estado da Louisiana, nos EUA Foto: Reprodução / Emissora WBRZ
Carl Cavalier disse ter sido demitido após criticar a polícia do estado da Louisiana, nos EUA Foto: Reprodução / Emissora WBRZ

BATON ROUGE — Um policial negro disse que foi demitido, nesta segunda-feira, da corporação no estado da Louisiana, nos EUA, após criticar publicamente condutas racistas e brutais de outros agentes, informou a emissora "WWL-TV", afiliada da "CBS" nesta quarta-feira.

Na carta enviada a Carl Cavalier, assinada por Lamar Davis, superintendente da polícia estadual, consta como justificativa que ele descumpriu a política do departamento ao falar sobre a morte de um homem negro, identificado como Ronald Greene, numa ação policial, em 10 de maio de 2019.

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Num primeiro momento, a polícia da Louisiana informou que Ronald Green tinha morrido num acidente de carro. No entanto, essa versão foi refutada pelas imagens registradas pela câmera acoplada ao uniforme de um dos policiais envolvidos na morte dele. Em entrevistas à imprensa local, Cavalier disse ter se sentido desapontado com o departamento de polícia, que só explicou o ocorrido após o vídeo vazar na mídia.

"Existem assassinos", afirmou Cavalier à "WWL-TV". "E há pessoas que concordam com os assassinos trabalhando. E essas são as pessoas que fazem parte do encobrimento. Eu considerei isso um assassinato. Por que mais hesitaríamos em ser transparentes sobre isso? Por qual outro motivo não faríamos nosso trabalho e responsabilizaríamos esses caras? Por que mais? Que outra razão?"

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Rebaixado e transferido

Segundo Cavalier, ao reclamar internamente sobre o caso, chegou a ser rebaixado e transferido. Assim, ele entrou com uma ação judicial por discriminação contra seus oficiais superiores no último dia 30.

Ao jornal "The Hill", a tenente Melissa Matey explicou que foi aberta uma investigação administrativa para apurar o caso de Cavalier, que "revelou que ele violou várias políticas departamentais". Ela não confirmou, entretanto, que o policial já tenha sido demitido.

"Deve-se notar que nosso processo administrativo disciplinar não foi finalizado e Cavalier continua sendo um funcionário no momento", acrescentou Matey.

Além da reclamação recente de Cavalier, ele já vinha cumprindo uma suspensão não remunerada de cinco semanas por ter publicado um livro, usando um pseudônimo, em que relata como é ser um policial negro num ambiente que poderia ser hostil por causa do racismo.