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Sem aplicar vacinas contra Covid-19, Coreia do Norte tem risco de se tornar epicentro de novas variantes

Conclusão é do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, nos EUA
Exposição Central de Fotos pelo 90º aniversário da fundação do Exército Revolucionário Popular Coreano. Imagem divulgada em 25 de abril de 2022 Foto: Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em inglês) / via REUTERS
Exposição Central de Fotos pelo 90º aniversário da fundação do Exército Revolucionário Popular Coreano. Imagem divulgada em 25 de abril de 2022 Foto: Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em inglês) / via REUTERS

WASHINGTON — A Coreia do Norte corre o risco de se tornar o epicentro de novas variantes como resultado da baixa imunidade da população ao coronavírus, alertou o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. O painel de especialistas convocado pelo centro chegou a essa conclusão pois o país não aplicou nenhuma vacina contra a Covid-19 em sua população, informou o "Washington Post" no domingo.

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Segundo o relatório desse centro, autoridades norte-coreanas indicaram que preferem vacinas com uso de tecnologia mRNA, como Pfizer ou Moderna. Em 2021, foram enviadas ao país 3 milhões de doses da CoronaVac e 2 milhões da AstraZeneca, mas ambas foram recusadas pelo líder norte-coreano Kim Jung-un, citando preocupações com possíveis efeitos colaterais e dizendo que as remessas deveriam ir para outros países que precisam mais delas.

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A Coreia do Norte e a Eritreia, localizada entre o Sudão e a Etiópia, na África, são os únicos países do mundo que não administraram vacinas contra a Covid-19.

As doses enviadas para Pyongyang por meio de um esforço global de vacinação apoiado pelas Nações Unidas não estão mais utilizáveis, informaram as autoridades neste mês.

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Sinais de reabertura

Autoridades da Missão da Coreia do Norte nas Nações Unidas não responderam a um pedido de comentário do jornal americano sobre se o país pretende aceitar vacinas ou o que espera antes de ingressar em um programa de imunização.

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Segundo comunicado da Gavi Alliance, parte da iniciativa Covax, que visa entregar vacinas às pessoas mais vulneráveis do mundo, ainda que não haja mais doses de vacinas disponíveis para a Coreia do Norte, outras poderiam ser disponibilizadas se o país mudar de ideia e iniciar uma campanha de vacinação que atenda aos requisitos técnicos. O país já chegou a completar alguns dos requisitos para aceitar entregas de Covax.

Além disso, a Coreia do Norte permanece em um estrito bloqueio pandêmico e fechou suas fronteiras, exceto para um nível mínimo de comércio com a China.

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— A Coreia do Norte mostrou sinais de reabertura no início deste ano em janeiro, quando os trens cruzaram brevemente a fronteira chinesa, mas o aumento do vírus na China continental levou a Coreia do Norte de volta a um isolamento estrito — disse Ahn Kyung-su, do centro de pesquisa dprkhealth.org, com sede em Seul.

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De acordo com um relatório de Tomás Ojea Quintana, relator especial das Nações Unidas sobre direitos humanos norte-coreanos, a crise alimentar foi impulsionada pelo bloqueio na pandemia. Quintana disse que as “restrições de Covid do país, incluindo o fechamento de fronteiras, parecem ter evitado um surto dentro do país, embora provavelmente com um custo considerável para a situação de saúde mais ampla e exacerbando ainda mais a privação econômica”. Por isso, Quintana instou a comunidade internacional a encontrar uma maneira de levar as 60 milhões de doses necessárias ao país para imunizar sua população de 25 milhões.

— É inevitável que eles tenham que reabrir a fronteira e, quando o fizerem, a melhor maneira de proteger sua população, que é o que eles já estão interessados, é vacinar a população o máximo possível, o que eles são capazes de fazer — disse Kee Park, especialista em saúde global da Harvard Medical School que trabalhou em projetos de saúde na Coreia do Norte.

— Eles precisam adotar uma estratégia diferente neste momento. A estratégia de Covid zero está começando a desmoronar.

Enquanto isso, medicamentos antivirais poderiam ser um caminho para a Coreia do Norte reabrir, sugeriu o painel do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.