Uma das peças centrais das forças navais dos Estados Unidos, o gigante USS George Washington (CVN-73) está de volta às águas brasileiras. Em sua terceira missão na América Latina e região do Caribe, o superporta-aviões com propulsão nuclear participará, nos próximos meses, da operação Southern Seas 2024 antes de seguir para o Japão, onde deve chegar entre setembro e outubro. A viagem, iniciada em 5 de abril, marca o retorno da embarcação para a Base Naval de Yokosuka — após uma série de atrasos. A previsão é de que ele opere por mais 25 anos no Pacífico.
Em funcionamento desde 1992, o USS George Washington foi o primeiro porta-aviões com propulsão nuclear americano permanentemente estacionado fora do território continental dos EUA a partir de 2008. Em 2017, ele regressou para Norfolk, no estado da Virgínia, onde passou por processos de reabastecimento e revisão de meia-vida que, em meio a limitações orçamentárias e atrasos dos mais diversos tipos — incluindo a pandemia de Covid-19 —, só foram concluídos em maio de 2023, a um custo estimado de mais de US$ 2,8 bilhões (R$ 14,3 bilhões).
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Popularmente conhecido como GW, o USS George Washington mede 330 metros de comprimento por 78 metros de largura (40,8 metros na linha d'água) e desloca cerca de 110 mil toneladas no mar. Da quilha até o topo do mastro, são 74 metros de altura, o equivalente a um prédio de aproximadamente 24 andares. Seu interior comporta dez pisos acima do convés e outros dez abaixo, interligados por mais de 50 escadas. Além disso, tem capacidade para receber uma tripulação de cerca de 5 mil militares — o equivalente à população inteira de uma pequena cidade. Atualmente, estão embarcados 4,9 mil tripulantes, sendo mais de 3 mil alistados na companhia de navios e 1.450 na ala aérea, além de 250 oficiais da ala aérea e 200 da companhia de navios.
O superporta-aviões americano ainda possui dois reatores nucleares, que geram energia para alimentar as quatro hélices que movimentam o navio, bem como o restante da embarcação, incluindo os elevadores (que levam as aeronaves do hangar para o convés em apenas oito segundos), as catapultas para lançamento dos caças (que atingem uma velocidade de quase 2.000 km/h em instantes) e os cabos de retenção (responsáveis por frear as aeronaves no pouso). Sua ala aérea de bordo é composta por cerca de 90 aviões e helicópteros divididos em nove esquadrões — as aeronaves são as principais armas dos porta-aviões, servindo também para defesa da força-tarefa.
Porta-aviões são geralmente os maiores — e mais caros — navios operados pelas Marinhas de Guerra. Sua principal função é apoiar e operar aeronaves que realizam ataques a alvos aéreos, flutuantes e em terra durante operações de projeção de poder sustentado, servindo como uma espécie de pista de pouso e decolagem capaz de se deslocar rapidamente pelo mar, dispensando assim aeroportos ou instalações convencionais.
A última vez que o George Washington esteve no Brasil foi em 2015, durante a operação Unitas, o mais antigo exercício marítimo multinacional organizado pelos EUA. Na ocasião, que marcou a viagem do navio de Yokosuka para Norfolk, militares brasileiros e americanos realizaram treinamentos conjuntos, incluindo simulações de combate aéreo entre caças da Força Aérea Brasileira e da Marinha americana.
Agora, estão previstos exercícios de passagem e operações no mar com as forças marítimas de nações parceiras, que acontecerão ao longo da circunavegação do continente sul-americano. Além do Brasil, a companhia de navios do George Washington — que inclui submarinos, destróieres e navios de reabastecimento — participará de compromissos com Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai, com visitas a portos planejadas para as cidades de Rio de Janeiro, Valparaíso e El Callao.
![USS George Washington em sua última visita ao Brasil, em 2015 — Foto: Luiz Ackermann / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/wmoHuzB0eapmYHnwXwDwHHueYZI=/0x0:3888x2592/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/u/Q/KvyBCvQwu0onMkMD9xVw/54086537-rio-23-11-2015-rio-de-janeiro-rj-porta-avioes-george-washington-cvn-73-na-foto-uss.jpg)
O GLOBO assistiu com exclusividade aos exercícios conjuntos entre a companhia de navios do USS George Washington e a Marinha do Brasil no último domingo (19/5). Os movimentos foram realizados entre os litorais de Rio de Janeiro e Espírito Santo, próximo à cidade de Cabo Frio, distante 100 km em linha reta da Base Aérea do Aeroporto Santos Dumont — uma viagem de cerca de uma hora a bordo de um helicóptero militar americano com tempo nublado (veja vídeo abaixo).
!['Top Gun' da vida real 'Top Gun' da vida real](https://s01.video.glbimg.com/x240/12612332.jpg)
'Top Gun' da vida real
A Marinha do Brasil empregou na operação as fragatas Independência e União, além das aeronaves UH-15/AH-15B “Super Cougar”, AH-11B “Wild Lynx” e AF-1 “Skyhawk”. Pelo lado dos EUA, estavam envolvidos o porta-aviões USS George Washington, o destróier USS Porter da classe “Arleigh Burke”, o navio de apoio logístico USNS John Lenthall, e o navio da Guarda Costeira USCGC James, além do caça F/A-18E/F “Super Hornet”; jatos de ataque eletrônico EA-18G Growler; caças furtivos F-35C “Lightning II”; helicópteros de guerra antisubmarino MH-60 “Seahawk”; e aviões de radar E-2 Hawkeye.
O USS George Washington é o sexto porta-aviões da classe Nimitz — constituída por dez supernavios desse tipo, movidos a energia nuclear, a serviço da Marinha americana — e o terceiro nomeado em homenagem ao primeiro presidente dos EUA. Ele está sob o comando da 4ª Frota Naval, que por sua vez responde ao Comando Sul dos EUA, cuja área de atuação abrange Caribe, América Central e do Sul.
O USS George Washington e a operação Southern Seas 2024
![01 — Vista da torre de comando do USS George Washington. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/w4sx4dxKkTC1og9M0U6U3V6F1vc=/0x0:1608x1080/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/h/p/f1hMU5RIeBP0qTpPjmzA/01.jpg)
![01 — Vista da torre de comando do USS George Washington. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/2aZ9ipjz0CVuvKeDqMAUqFyV6jY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/h/p/f1hMU5RIeBP0qTpPjmzA/01.jpg)
01 — Vista da torre de comando do USS George Washington. Foto: Hermes de Paula
![02 — Operação Southern Seas 2024 no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/UNXNbO2ru04y68QzgsfrxPHQTgQ=/0x0:1608x1080/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/G/SBzjjCQI2m2volzx5dHw/02.jpg)
![02 — Operação Southern Seas 2024 no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/a_puDaRuMn9ua8JrOx9PF0UOxL0=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/G/SBzjjCQI2m2volzx5dHw/02.jpg)
02 — Operação Southern Seas 2024 no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula
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![03 — Oficiais da Marinha do Brasil observam exercícios no USS George Washington. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/XdyVMxCLzlLxXs1GYFAz07h539s=/0x0:1608x1080/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/v/D/aO4uvsRCalWkUt99dBDA/03.jpg)
![03 — Oficiais da Marinha do Brasil observam exercícios no USS George Washington. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/cYLi29pd_mikL2J2Tfxir8p4EYo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/v/D/aO4uvsRCalWkUt99dBDA/03.jpg)
03 — Oficiais da Marinha do Brasil observam exercícios no USS George Washington. Foto: Hermes de Paula
![04 — A aeronave de patrulha Hawkeye pousa no porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense.. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/57yaOiSAi0Q1XNTmTppoBvme3ho=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/k/t/KSXBLQQN68vBiZZWVagQ/04.jpg)
04 — A aeronave de patrulha Hawkeye pousa no porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense.. Foto: Hermes de Paula
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![05 — Caça da Marinha dos EUA pousa no porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/KYMhwplHshWEBxYQaQda8K0DwxM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/c/5/nQhnkKRIe6o3NRcDqHVQ/05.jpg)
05 — Caça da Marinha dos EUA pousa no porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula
![06 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/cEhiKY35VDXCL118MzlwoR_FN7g=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/I/p/wpw7rBTa6dU9QuSY18sA/06.jpg)
06 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula
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![07 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/PGAP6Qnwps_1uSxoqUmXajj5SM8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/7/y/zzs1Y4RxWAkJN3WAeRAg/07.jpg)
07 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula
![08 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/EfNLe2pwGYRIh8gOXDtgbI2PPOA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/h/Xu1mhpQi6lA2eg20kKcw/08.jpg)
08 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington aguarda início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula
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![09 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington observa decolagem de helicóptero militar. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/cuuHYm51DXULDVylQbeqbULOmm0=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/Y/q/iLXsNNRymd8p9mCjoMJw/09.jpg)
09 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington observa decolagem de helicóptero militar. Foto: Hermes de Paula
![10 — Caça da Marinha dos EUA decola do porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/nVNqGkoqPvFtHkxPFDrY203pmqc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/C/E/4ADLJqRBux2B9K0aAsbw/10.jpg)
10 — Caça da Marinha dos EUA decola do porta-aviões USS George Washington durante operação no litoral fluminense. Foto: Hermes de Paula
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![11 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington se prepara para início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/zt3eYF6l5MktidH-3o2R8h5m79I=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/2/e/nnl4JMSO2D72Q3dGjzMw/11.jpg)
11 — Tripulação do porta-aviões USS George Washington se prepara para início dos exercícios. Foto: Hermes de Paula
![12 — Militar da Marinha dos EUA observa exercícios a bordo do porta-aviões USS George Washington. Foto: Hermes de Paula](https://s2-oglobo.glbimg.com/XvwdN2_wl1TT0HaqR6P6jTwDSic=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/G/s/Yc4sWuT2ePlYZO13mM9w/12.jpg)
12 — Militar da Marinha dos EUA observa exercícios a bordo do porta-aviões USS George Washington. Foto: Hermes de Paula
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Novidade para o Southern Seas 2024, uma equipe internacional embarcada de aproximadamente 25 oficiais de 13 nações parceiras, incluindo o Brasil, está servindo a bordo do USS George Washington. Segundo a Marinha americana, o objetivo é que recebam instruções de professores da Escola de Guerra Naval dos EUA, enquanto trabalham juntamente com pessoal embarcado para conduzir um planejamento operacional detalhado em apoio às operações no mar.
O Brasil participa com dois oficiais, o capitão de fragata Emanuel Ramos Ferreira e o capitão de corveta Rodrigo Moreira da Silva. Eles embarcaram em 29 de abril na Estação Naval de Mayport, na Flórida, e seguirão viagem com a tripulação até El Callao, no Peru, onde o desembarque está previsto para 21 de junho.
A operação Southern Seas visa aprimorar a capacidade, melhorar a interoperabilidade e fortalecer parcerias marítimas com países em toda a área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA.