Mundo Coronavírus

Estados Unidos registram mais de 1 milhão de casos de Covid-19 em um dia pela primeira vez

Mais de 100 mil pessoas estão internadas com a doença, em sua maioria não vacinadas; Biden volta a defender doses de reforço, e promete ampliar capacidade de testagem
Homem faz teste de swab para a Covid-19 em Manhattan Foto: JEENAH MOON / REUTERS
Homem faz teste de swab para a Covid-19 em Manhattan Foto: JEENAH MOON / REUTERS

WASHINGTON — Os Estados Unidos registraram na segunda-feira mais de um milhão de casos de Covid-19 pela primeira vez desde o início da pandemia, conforme dados da plataforma de monitoramento da Universidade Johns Hopkins. O total de 1.083.948 é quase o dobro do recorde anterior de cerca de 590 mil casos em um único dia, estabelecido há apenas quatro dias, em meio à disseminação da variante Ômicron, mais contagiosa.

Leia mais: Impulsionados pela Ômicron, casos de Covid no mundo dobram em uma semana

O número de pessoas infectadas pode ser ainda maior nos EUA, onde os testes caseiros, cujos resultados não são enviados para as autoridades, tornam-se cada vez mais populares. Ainda assim, é possível que os dados da primeira segunda-feira útil de 2022 tenham sido inflados pelo acúmulo de notificações atrasadas das festas de fim de ano.

Segundo as autoridades de saúde, atualmente há 103 mil pessoas internadas devido à doença no país, o maior número em quatro meses. As hospitalizações ocorrem principalmente entre os não vacinados, diante dos obstáculos que o governo enfrenta para alavancar uma campanha de imunização há meses estagnada: apenas 62% dos americanos receberam as duas doses iniciais anti-Covid, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC).

De acordo com os dados mais recentes do CDC, até novembro, as taxas de internações eram oito vezes maiores para adultos não imunizados e cerca de dez vezes maiores para crianças com idades entre 12 e 17 anos que não tomaram as doses contra o coronavírus.

Nesta terça-feira, o presidente Joe Biden voltou a defender a necessidade da vacinaçao e da dose de reforço, que estará disponível agora a todas as pessoas com mais de 12 anos. Ele apontou que, apesar de não evitar a contaminação pela Covid-19, as vacinas protegem contra formas mais graves.

— Os não vacinados estão tomando os leitos dos hospitais, emergências lotadas e unidades de terapia intensiva — disse Biden, apontando que pelo menos 35 milhões de americanos não receberam nem sequer uma dose das vacinas. — Entao, por favor, por favor, se vacinem agora.

Entenda : Por que a Ômicron é menos agressiva? A resposta está na 'porta dos fundos'

Ao lado da vice, Kamala Harris, o presidente se disse frustrado com os relatos de falta de testes, e prometeu trabalhar para garantir mais locais de testagem e kits caseiros, de preferência de forma gratuita. Por fim, anunciou que vai dobrar o pedido de pílulas antivirais contra a Covid-19, desenvolvidas pela Pfizer. Segundo o presidente, o tratamento, que reduz o risco de internações e formas graves da doença, estará disponivel para até 20 milhões de pessoas.

Ômicron chega ao Sul

As mortes nos EUA ainda não crescem na mesma proporção dos casos: os EUA registraram na segunda 1.688 vidas perdidas para a Covid, levando a média móvel para 1.236. Há um ano, quando o país registrava a média móvel de ao redor de 250 mil casos diários — média que hoje ultrapassa 486 mil —, chegaram a morrer 3,4 mil americanos por dia.

Esse quadro, porém, pode mudar à medida que a Ômicron chega a estados com menor índice de vacinação. O epicentro inicial da nova cepa nos EUA foi no Nordeste, com os novos casos crescendo 800% em Washington e 600% na cidade de Nova York na última semana de 2021. Ambas são regiões com vacinação além da média nacional e não veem as mortes crescerem na mesma proporção.

A variante agora ganha impulso no Sul americano, onde as taxas de inoculação abaixo da média e a resistência a restrições sanitárias levantam uma incógnita sobre como a Ômicron se comportará. Geórgia, Louisiana, Mississippi e Alabama viram seus casos crescerem mais de 450% nas últimas duas semanas. Em nenhum deles, o percentual de pessoas totalmente inoculadas ultrapassa 51%.

Na Flórida, onde 63% da população recebeu duas doses, os casos cresceram 511% em uma quinzena. A média móvel de novos casos no estado é de aproximadamente 43 mil, quase o dobro dos 23 mil registrados durante o surto causado pela Delta no meio de 2021, cenário similar ao da Louisiana.

Em todos esses estados, que também registram comparativamente baixa procura às doses de reforço, teme-se um agravamento da crise conforme os surtos chegarem a zonas ruais, menos vacinadas e com acesso mais difícil a hospitais.

O cenário com mais infecções mudou os planos de distritos escolares que programavam o retono dos alunos para as aulas nesta segunda-feira, após as festas de fim de ano. Em alguns estados, as aulas vão começar de forma remota, outros vão exigir dos estudantes comprovante de vacinação e até teste com resultado negativo para a Covid-19.

Na Casa Branca, Biden disse que é prioritário manter as escolas abertas, destacando as verbas  enviadas aos estados para investimentos em ventilação, testagem, distanciamento e transporte. Sem mencionar nomes, disse que alguns governos não aplicaram o dinheiro como deveriam.