EUA batem novo recorde com quase meio milhão de casos de Covid em 24 horas

Média de sete dias também foi a maior registrada; 15 estados e territórios registraram mais infecções do que em qualquer outro período de sete dias desde o início da pandemia
Homem faz teste rápido para a Covid-19 em Washington, nos EUA: país registrou novo recorde de infecções Foto: EVA HAMBACH / AFP

NOVA YORK — Com o segundo ano da pandemia chegando ao fim, o total de novos casos em um dia nos Estados Unidos bateu mais um recorde e chegou a 488 mil na quarta-feira, de acordo com o banco de dados do New York Times. A média de sete dias das infecções, de 301 mil, também foi um recorde, em comparação com 265 mil no dia anterior .

O aumento foi impulsionado pelo avanço da variante Ômicron, altamente contagiosa , que se tornou dominante nos Estados Unidos na semana passada. Até agora, no entanto, o aumento exponencial de casos não resultou em doenças mais graves: as hospitalizações aumentaram 11% no país e as mortes diminuíram ligeiramente nas últimas duas semanas.

Com a explosão de casos nos EUA e na Europa — onde a capacidade de testagem também é maior — o número global de infecções pelo coronavírus em um dia passou de 1,7 milhão na quarta-feira, um aumento de um terço em relação à véspera e apenas dois dias depois de romper a barreira de 1 milhão. Na média móvel de sete dias, os casos em todo o mundo chegam a 1,05 milhão, de acordo com o site Our World in Data, da Universidade de Oxford.

Nos EUA, avalia-se que o número de casos pode ser ainda maior, já que o registro de novas infecções não incluiu um grande número de trabalhadores, que estão de férias, e a testagem diminuiu sensivelmente por causa das festas de fim de ano.

Além disso, os recordes de casos também estão sendo registrados em cidades onde as taxas de vacinação são relativamente altas, como  Nova York, Washington, Seattle, São Francisco, Boston, Atlanta e Detroit. Para especialistas, há duas razões para os números elevados nas áreas urbanas: densidade populacional e mais testes.

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— As cidades são centros superlotados por causa das viagens e da socialização, o que deixa as pessoas mais suscetíveis à variante altamente contagiosa —  disse Kirsten Bibbins-Domingo, médica e epidemiologista da Universidade da Califórnia. —  E os testes são mais comuns nos grandes centros urbanos precisamente porque estamos preocupados com os grandes surtos que sobrecarregam os hospitais.

O novo avanço da pandemia no país é um dos fatores que levou à queda da popularidade do presidente Joe Biden, com índices inferiores a 40% e uma desaprovação de 52%. As críticas mais recentes foram motivadas pela falta de kits de testes rápidos nas grandes redes farmacêuticas e pelas longas filas nos centros de testagem administrados pelo governo.

Cciclista que trabalhava para uma empresa de entregas viaja em uma estrada vazia no centro de Rotterdam, no primeiro dia do lockdown da Holanda durante o período de Natal para tentar impedir um surto da variante do coronavírus ômicron Foto: MARCO DE SWART / AFP
Companhias marítimas estão fechadas no centro de Amsterdã Foto: RAMON VAN FLYMEN / AFP
Mulher carrega sacolas de compras no centro de Bratislava.A Eslováquia declarou um lockdown de duas semanas após aumento nos casos de COVID-19, devido à nova variante ômicron Foto: VLADIMIR SIMICEK / AFP
Trabalhador remove mesas e cadeiras de sua cervejaria após lockdown em Staudach-Egerndach, Alemanha Foto: MICHAELA REHLE / REUTERS
Trabalhadores em trajes de proteção carregam itens para residentes em um complexo fechado após novos casos da COVID-19, no distrito de Zhenhai de Ningbo, província de Zhejiang, China Foto: CHINA DAILY / VIA REUTERS
Policiais verificam o status de vacinação dos compradores na entrada de uma loja, em Viena. Depois que o governo austríaco impôs um bloqueio sobre cerca de dois milhões de pessoas que não estão totalmente vacinadas acabou estendendo o lockdown para todo país Foto: LISI NIESNER / REUTERS
Na Holanda, lojas não essenciais devem ser fechadas a partir das 17h Foto: ROBIN VAN LONKHUIJSEN / AFP
Placa avisa que uso de máscara é obrigatório, nas ruas de Marburg, Alemanha Foto: FABIAN BIMMER / REUTERS
Um funcionário do Serviço de Saúde Pública da Holanda realiza um teste para Covid-19 em um centro de testes de rua em Haia Foto: RAMON VAN FLYMEN / AFP
Paciente infectado com o coronavírus (Covid-19) entubado em unidade de terapia intensiva (UTI) em um hospital das clínicas do estado de Salzburg, Áustria. A Áustria se tornou o primeiro país da UE impor lockdown aos não vacinados em uma tentativa de interromper as crescentes taxas de infecção por vírus – cerca de 12.000 por dia no país de 8,9 milhões Foto: BARBARA GINDL / AFP
Trabalhadora da saúde administra teste de swab em um centro de testagem da Covid-19, em Nice, França Foto: ERIC GAILLARD / REUTERS
Pessoas fazem fila em um centro de vacinação contra doença coronavírus (COVID-19) em Nice, França Foto: ERIC GAILLARD / REUTERS
Turista recebe vacina contra coronavírus em um posto móvel de vacinação instalado pelo Ministério da Saúde de Valência em Benidorm, Espanha Foto: EVA MANEZ / REUTERS

Restrições em outros países

O crescimento de casos em todo o mundo por causa da nova variante leva cada vez mais países aumentem as restrições às vésperas do Ano Novo. Com recordes consecutivos de casos em países europeus nesta semana, capitais como Paris, Londres, Roma, Varsóvia e Bruxelas cancelaram os espetáculos de queima de fogos.

Nesta quinta-feira, a Arábia Saudita voltou a impor medidas de distanciamento físico na Grande Mesquita de Meca, local de peregrinação de fiéis. A medida havia sido suspensa em outubro, mas o número de infecções se multiplicou desde o início de dezembro, com 744 novos casos registrados na quarta-feira.

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A retomada da epidemia ocorre em outros países do Golfo e levou o Qatar a suspender os dias de folga do pessoal de saúde em hospitais públicos. Os Emirados Árabes Unidos, apesar de apresentarem uma das melhores taxas de vacinação do mundo, registraram um número de infecções diárias 30 vezes maior do que no início do mês.

Na Índia, autoridades anunciaram medidas rigorosas nesta quinta-feira para evitar reuniões em massa em festas e locais públicos antes das celebrações de Ano Novo. Todas as grandes cidades impuseram toques de recolher noturnos e restaurantes devem limitar o número de clientes.

O país registrou 13.154 novos casos de Covid-19 e 268 mortes nas últimas 24 horas, de acordo com o Ministério da Saúde. Foi o maior número de infecções diárias desde outubro.