BRASÍLIA - O governo brasileiro deve conceder, nos próximos dias, o agrément (autorização) para que o diplomata de carreira americano Todd Chapman assuma a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. A indicação de Chapman para o posto pelo governo de Donald Trump havia sido antecipada no último sábado pelo cientista político, professor de relações internacionais e colunista da revista Época Hussein Kalout.
A embaixada dos EUA está sem titular desde novembro de 2018. Responde pelo posto o encarregado de negócios William Popp. O último embaixador foi Michael McKinley, nomeado, em 2016, pelo então presidente americano Barack Obama.
Pelo rito diplomático, após o sinal verde do Brasil, Chapman será sabatinado pelo Senado americano. Ele é fluente em português — foi vice-chefe da missão em Brasília entre 2011 e 2014 — e seu último posto foi de embaixador dos EUA no Equador. O diplomata também serviu no Afeganistão, na Bolívia, em Moçambique e na Nigéria.
Sua escolha pelo presidente Donald Trump surpreendeu alguns integrantes do governo brasileiro, que esperavam uma indicação política — como foi a do presidente Bolsonaro ao anunciar a indicação do filho do meio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil em Washington.
No caminho inverso, o nome de Eduardo Bolsonaro ainda não foi encaminhado à Comissão de Relações Exteriores do Senado pelo Palácio do Planalto. Eduardo recebeu o sinal verde da Casa Branca no início de agosto. Porém, o parlamentar ainda terá que ser sabatinado pelos senadores e ter seu nome aprovado pela maioria da Casa.
Na avaliação de Kalout, que foi também secretário especial de Assuntos Estratégicos do governo Temer, a escolha da Casa Branca indica a intenção de construir laços políticos e econômicos além do governo atual.
"A opção foi manter a tradição, inaugurada com Thomas Shannon, de nomear um profissional do quadro do serviço exterior para o Brasil, blindando as relações bilaterais da influência de doadores de campanha e de instituições ideológicas. Em suma, a relação com o Brasil foi tomada como uma questão de Estado, dando continuidade, nesse aspecto, ao governo Obama", escreveu Kalout.
Shannon, que foi subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental no governo de George W. Bush e como tal estabeleceu boas relações com governos sul-americanos, na época majoritariamente de esquerda, comandou a missão americana em Brasília do final de 2009 a 2013. Embora a intenção na época fosse aprofundar os laços com o Brasil, sua tarefa acabou prejudicada com a revelação, pelo ex-espião Edward Snowden, de que a então presidente Dilma Rousseff havia sido espionada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, a NSA.