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EUA vão apreender exportações de máscaras e luvas em meio à crise do coronavírus

Não está claro se decisão pode afetar importação de máscaras pelo Brasil, como foi anunciado na segunda-feira
Óculos de vigilância chineses são verificados após chegarem de avião a um aeroporto Foto: ALESSANDRO GAROFALO / REUTERS
Óculos de vigilância chineses são verificados após chegarem de avião a um aeroporto Foto: ALESSANDRO GAROFALO / REUTERS

WASHINGTON - Os Estados Unidos vão apreender as exportações de equipamentos médicos de proteção importantes até determinar se o material deve ser mantido no país para combater a propagação do novo coronavírus, anunciaram duas agências federais americanas nesta quarta-feira.

A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) anunciou que vai apreender exportações de respiradores, máscaras cirúrgicas e luvas cirúrgicas, de acordo com um anúncio conjunto feito com a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema). A Fema determinará se o equipamento deve ser devolvido para uso nos Estados Unidos, adquirido pelo governo dos EUA ou exportado.

Não está claro se a decisão pode interferir no acordo combinado na segunda-feira entre a 3M, uma das maiores produtoras de artigos hospitalares do mundo, e o governo americano, que permite à empresa continuar a exportar máscaras para a América Latina e o Canadá, algo que um decreto do presidente Donald Trump buscou suspender.

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Trump emitiu um memorando na sexta-feira que instruiu as agências federais a usarem qualquer autoridade necessária para manter os suprimentos médicos muito procurados nos Estados Unidos.

Governadores, prefeitos e médicos manifestaram apreensão por semanas devido à escassez incapacitante de equipamentos de proteção individual para socorristas e profissionais de saúde da linha de frente, além de respiradores e de outros suprimentos médicos.

O movimento para apreender as exportações incluirá máscaras respiratórias N95, que filtram as partículas transportadas pelo ar e são usadas para proteger contra a Covid-19, a doença respiratória potencialmente letal causada pelo novo coronavírus.

A empresa de fabricação dos EUA 3M Co, a principal produtora de máscaras em todo o mundo, disse na segunda-feira que chegou a um acordo com o governo Trump que permitiria continuar exportando as máscaras para o Canadá e a América Latina, apesar das restrições presidenciais. A empresa havia dito dias antes que interromper as exportações para essas regiões teria "implicações humanitárias".

Um regulamento federal que descreve os procedimentos da Fema para apreender e fiscalizar as exportações entrará em vigor na sexta-feira e permanecerá em vigor até 10 de agosto, de acordo com uma versão preliminar publicada online. A agência terá como objetivo tomar decisões sobre exportações rapidamente e buscará minimizar interrupções na cadeia de suprimentos, disse o projeto de regulamento.

Conforme se tornaram epicentro da Covid-19, os EUA assumiram protagonismo na disputa global por equipamentos médicos. Após uma pausa nas disputas comerciais com a China, os americanos fecharam um acordo para a compra de luvas, máscaras e roupas de proteção que serão transportadas em ao menos 20 voos fretados. Países como Brasil, França e Canadá, no entanto, viram suas encomendas canceladas. No caso do país europeu, os americanos chegaram a oferecer três vezes mais pelos utensílios.

Internamente, alguns funcionários de governos estaduais e municipais acusaram a Fema nos últimos dias de confiscar remessas de máscaras e outros suprimentos vindos do exterior. Uma autoridade do Departamento de Segurança Interna dos EUA, que pediu anonimato para discutir o assunto no início desta semana, disse que metade do equipamento de proteção trazido para os Estados Unidos em voos do governo americano pode ser redirecionado para áreas de alta necessidade em todo o país, mas contestou a ideia de que o equipamento foi apreendido.

A Fema não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.